ALHEIOS À VIDA
Por entre todos os dejectos, da impunidade
humana; chão pejado, de todo o tipo
de lixo, numa perfeita afronta, para os olhos;
paredes sujas, no que um dia, belos
azulejos, ao prédio, graça emprestaram;
uma menina, meio despida, aguarda,
pacientemente, a meio da escuridão,
que, algum cliente, a ela se dirija, evitando
ao máximo, qualquer
princípio, de conversa ou intimidade.
E seu rosto carregado, de há muito, lhe roubou,
todo o tipo e graça, que existe numa mulher.
Seus olhos são profundos, num olhar directo
e frontal, por de forma a intimidar,
a quem ousar possa, tentar roubar-lhe,
seu miserável território. Porque a provável
consequência, de um dia, tal poder vir a acontecer,
é ser espancada, pelo chulo, que, ao longe,
vai registando, todos os movimentos, da menina,
onde faz muito, perdeu, tudo o que era seu.
Nisto pessoas passam, censurando ou pela revolta,
se indignando, ao verem, uma menina, tão
jovem, ser assim desencaminhada, por um indivíduo,
sem escrúpulos, a quem a vida, de um ser humano,
é pouco mais do que nada.
Porque a este monstro, só lhe interessa o dinheiro,
para alimentar sua adicção, e, assim, usar e abusar,
pela nossa indiferença, de quem,
sem que nos pese a palavra, nos habituamos,
a chamar, de simples prostituta.
Jorge Humberto
17/06/09