ORIGINALMENTE PUBLICADO NO JORNAL DA FERP - 2002.
Muito embora as escolas, em seu nível mais avançado, venha a constatar, na atualidade, que a maioria de seus alunos apresenta imensa dificuldade para aprender, tal constatação pode representar ou um grande equívoco na aplicação do método de ensino / aprendizagem, ou um outro equívoco, a conceituação desta dificuldade face às questões antropológicas, ou ainda a concretização de uma ruptura empreendida em nossa sociedade atual, por parte da escola, da longa caminhada da espécie humana pelo planeta.
Na primeira opção, levanta-se uma questão pedagógica ampla (cujo objetivo difere da finalidade do presente artigo), onde se espera que a dinâmica ensino / aprendizagem possa ser ressignificada , aplicada ao desenvolvimento e à tecnologia, mas possa atender aos anseios do saber da comunidade onde se insere, desde a mais tenra idade até o mais alto nível de escolaridade. Há de se pensar aqui também o despertar para a vontade de aprender. Muito embora esse anseio seja comum à humanidade. É preciso diagnosticar quem o está minimizando ou montando-o aos poucos.
Explicar esse anseio de aprender necessita de uma conjunção teórica entre a psicologia e a antropologia. Neste ponto, nos distanciamos das questões pedagógicas para explanar o segundo equívoco: o conceito de “dificuldade de aprender”, mirando o homem enquanto espécie e analisando seu percurso, evolução e desenvolvimento na Terra.
Ao observamos as conquistas da humanidade, desde a indústria[1] da pedra lascada até os mais altos descobrimentos da robótica, deparamo-nos com um processo evolutivo que jamais qualquer outra espécie alcançou ou tem perspectivas de alcançar. Um olhar da Antropologia nos levaria a designar o homem como um ser que produz saberes e tecnologia e os transmite às gerações posteriores. Entretanto, tais gerações, uma vez tendo se apropriado dos benefícios recebidos, não permanecem em seus fundamentos apenas, mas avançam nestes conhecimentos, ampliando-os e aperfeiçoando-os.
Assim sendo, a humanidade provou, ao longo dos séculos, que é extremamente capaz de aprender. Aprende por transmissão, é inegável, mas demonstrou aprender muito mais por descobertas. Quando eram só ela e o mundo, aprendeu a modificá-lo, a transformá-lo, de maneira tão ímpar, que seria desafiador para nós, os que hoje nos intitulamos “Mestres” e “Doutores” do conhecimento, inventar algo como a roda ou aprender a dominar o fogo.
É lógico que o homem não teve, durante toda a sua história, principalmente em seus primórdios, escolas e mestres. Mas ele aprendeu. Aprendeu (e também descobriu e inventou) básica e essencialmente pela observação e posterior pesquisa. Foram estes os caminhos que impulsionaram o saber do homem, em remotas e distantes civilizações e tem sido ainda hoje a manifestação diária do avanço no conhecimento.
Hoje, mais do que nunca, é tempo de aprender. Neste ponto, retornamos ao ponto de partida, em seu terceiro item: ruptura na escola. A escola que não encaminha seus alunos para a pesquisa, certamente estabelece uma ruptura na consciência de aprendizado de ser humano. O homem aprendeu (e aprende) pela observação e pela pesquisa. Os avanços, desde o barco à vela até a cirurgia a laser teleguiada só se impuseram pela pesquisa. Se a pesquisa não for levada a sério, não há aprendizagem eficiente.
A pesquisa vem, assim, corroborar a expectativa de aprendizagem. Vem oportunizar o aprofundamento do saber. Vem viabilizar novas e importantes descobertas. Em suma, é imprescindível! Abrir mão da pesquisa como recurso metodológico no caminho da aprendizagem é romper com a natureza humana. É andar na contra-mão do saber.
Se a escola investir mais neste caminho do saber, dedicar tempo à pesquisa, ao incentivo e ao aprendizado de sua sistematização, provavelmente determinará uma sentença diferente da “tem dificuldade de aprender”, pois estará caminhando no mesmo sentido da natureza humana. E os anos têm nos provado que é complexo, difícil e pouco proveitoso lutar contra a natureza.
[1] Entendendo indústria como qualquer transformação de matéria-prima em algo útil para benefício humano ou a natureza.
Muito embora as escolas, em seu nível mais avançado, venha a constatar, na atualidade, que a maioria de seus alunos apresenta imensa dificuldade para aprender, tal constatação pode representar ou um grande equívoco na aplicação do método de ensino / aprendizagem, ou um outro equívoco, a conceituação desta dificuldade face às questões antropológicas, ou ainda a concretização de uma ruptura empreendida em nossa sociedade atual, por parte da escola, da longa caminhada da espécie humana pelo planeta.
Na primeira opção, levanta-se uma questão pedagógica ampla (cujo objetivo difere da finalidade do presente artigo), onde se espera que a dinâmica ensino / aprendizagem possa ser ressignificada , aplicada ao desenvolvimento e à tecnologia, mas possa atender aos anseios do saber da comunidade onde se insere, desde a mais tenra idade até o mais alto nível de escolaridade. Há de se pensar aqui também o despertar para a vontade de aprender. Muito embora esse anseio seja comum à humanidade. É preciso diagnosticar quem o está minimizando ou montando-o aos poucos.
Explicar esse anseio de aprender necessita de uma conjunção teórica entre a psicologia e a antropologia. Neste ponto, nos distanciamos das questões pedagógicas para explanar o segundo equívoco: o conceito de “dificuldade de aprender”, mirando o homem enquanto espécie e analisando seu percurso, evolução e desenvolvimento na Terra.
Ao observamos as conquistas da humanidade, desde a indústria[1] da pedra lascada até os mais altos descobrimentos da robótica, deparamo-nos com um processo evolutivo que jamais qualquer outra espécie alcançou ou tem perspectivas de alcançar. Um olhar da Antropologia nos levaria a designar o homem como um ser que produz saberes e tecnologia e os transmite às gerações posteriores. Entretanto, tais gerações, uma vez tendo se apropriado dos benefícios recebidos, não permanecem em seus fundamentos apenas, mas avançam nestes conhecimentos, ampliando-os e aperfeiçoando-os.
Assim sendo, a humanidade provou, ao longo dos séculos, que é extremamente capaz de aprender. Aprende por transmissão, é inegável, mas demonstrou aprender muito mais por descobertas. Quando eram só ela e o mundo, aprendeu a modificá-lo, a transformá-lo, de maneira tão ímpar, que seria desafiador para nós, os que hoje nos intitulamos “Mestres” e “Doutores” do conhecimento, inventar algo como a roda ou aprender a dominar o fogo.
É lógico que o homem não teve, durante toda a sua história, principalmente em seus primórdios, escolas e mestres. Mas ele aprendeu. Aprendeu (e também descobriu e inventou) básica e essencialmente pela observação e posterior pesquisa. Foram estes os caminhos que impulsionaram o saber do homem, em remotas e distantes civilizações e tem sido ainda hoje a manifestação diária do avanço no conhecimento.
Hoje, mais do que nunca, é tempo de aprender. Neste ponto, retornamos ao ponto de partida, em seu terceiro item: ruptura na escola. A escola que não encaminha seus alunos para a pesquisa, certamente estabelece uma ruptura na consciência de aprendizado de ser humano. O homem aprendeu (e aprende) pela observação e pela pesquisa. Os avanços, desde o barco à vela até a cirurgia a laser teleguiada só se impuseram pela pesquisa. Se a pesquisa não for levada a sério, não há aprendizagem eficiente.
A pesquisa vem, assim, corroborar a expectativa de aprendizagem. Vem oportunizar o aprofundamento do saber. Vem viabilizar novas e importantes descobertas. Em suma, é imprescindível! Abrir mão da pesquisa como recurso metodológico no caminho da aprendizagem é romper com a natureza humana. É andar na contra-mão do saber.
Se a escola investir mais neste caminho do saber, dedicar tempo à pesquisa, ao incentivo e ao aprendizado de sua sistematização, provavelmente determinará uma sentença diferente da “tem dificuldade de aprender”, pois estará caminhando no mesmo sentido da natureza humana. E os anos têm nos provado que é complexo, difícil e pouco proveitoso lutar contra a natureza.
[1] Entendendo indústria como qualquer transformação de matéria-prima em algo útil para benefício humano ou a natureza.