A secretária caiu: Ufa!
Críticas, inconformismo dos professores, uma proposta mal elaborada, textos fora da linguagem e da realidade dos alunos. São apenas alguns problemas apresentados na nova proposta pedagógica. O ensino de História foi reduzido de 2 para 1 aula por semana na 3ªsérie do Ensino Médio. O que ensinar em 40 minutos de aula e com uma aula única na semana? Parece que "eles" não querem que os alunos da escola pública cheguem ao vestibular. Não haverá conteúdo de História, e por mais que fosse excelente a proposta, não se trabalha temas longos como Renascimento e Reforma Protestante em uma aula semanal, principalmente se tiver que contextualizar o aluno dentro dos tema abordados. Pesquisa? A maioria dos alunos não tem compromisso com entrega de trabalho-pesquisa, e a maioria nem vai atrás dos assuntos. Alguns puxam da internet e acham que é trabalho! As salas super lotadas com 45 a 55 alunos na periferia. É quase impossível conseguir a atenção de todos. Dos 55, apenas meia dúzia presta atenção e quer aprender, os outros ficam bulindo nos celulares e MP-5 ou gritando nas salas e corredores das escolas. Inspetores e funcionários em número insuficiente (2 por escola)não dão conta dos cerca dos mil alunos de uma escola grande com 17 salas de aulas. Tudo isso influencia na aprendizagem e os que jogam a culpa nos professores passaram por eles no passado, então a incompetência começa de cima e não de baixo, começa na cúpula política e pelos secretários da educação. Os professores são frutos dos desmandos e do desleixo político que já ultrapassa os dez anos de uma mesma filosofia política em São Paulo. Como não bastasse, a proposta feita pela sercretária de Educação chegou com erros absurdos nas escolas. No lugar de Neocolonialismo a proposta de História veio como Neoclassissismo, eu pensei que iria dar aula de Literatura para a 8ª série. Lá aparece o tema "Imperialismo e Neoclacissismo no século XIX". No manual de Inglês aparece ensino com "C" várias vezes, e agora o mais grave: no caderno do aluno o Paraguai foi colocado no mapa 3 vezes. Mais de 5 mil manuais foram substituidos e desperdiçados. O bônus foi discriminatório, e os professores do ensino médio não tiveram o mesmo direito que os do ensino fundamental, o EJA, antigo supletivo não é contado, é como se não fizesse parte da educação pública paulista, logo professores que só atuam no EJA não recebem bônus. Eles ainda falam de INCLUSÃO? Aonde e de quem? A política da educação está errada, é preconceituosa e divide o grupo de professores. Alguns se mataram e nem deram as 6 abonadas no ano a que tem direito, uns foram doentes para a sala de aula pensando que o bônus viria gordo. Que pena! Só coordenadores e diretores pegaram bônos gordos, de 3000 reais em diante, já os professores de algumas escolas até zeraram no bônus, não pegaram um centavo. Quem pegou 800 reais pegou muito! O professor trabalha enquanto os parlamentares mal comparecem nas sessões da Câmara nas terças-feiras, de alguns parlamentares só aparecem os palitós sobre as cadeiras. No Congresso é a mesma coisa e na Assembléia Legislativa de São Paulo. Agora, vá nas escolas e lá encontra´~ao os professores trabalhando de segunda a sexta-feira, e até dia de sábado, porque o governo e a secretaria dee educação resolveram agora incluir sem horas extras alguns sábados no calendário escolar. Alguns diretores seguem a risca esses calendários. Por tudo isso a queda da secretária já estava anunciada, desde a entrada dela na Secretaria da Educação. Veja a matéria abaixo:
"Por que a secretária da Educação de Serra caiu
A anunciada exoneração da secretária Maria Helena Guimarães de Castro é o resultado da sucessão de erros cometidos à frente da Secretaria de Estado da Educação, configurando uma gestão marcada pelo autoritarismo, centralização excessiva, desrespeito aos professores e à comunidade escolar, desconhecimento da realidade da rede estadual de ensino e, sobretudo, ausência de um projeto de melhoria efetiva da qualidade da educação no estado de São Paulo.
Por Maria Izabel Azevedo Noronha e Roberto Felício*,
no Portal do Mundo do Trabalho
Como é de conhecimento público, mantivemos com a secretária divergências profundas não apenas em relação às medidas tomadas contra os professores e contra a escola pública, mas sobretudo, divergências conceituais. Para nós a função primordial da escola pública, em todos os seus níveis e modalidades, é a de formar cidadãos, através não apenas da transmissão do saber historicamente acumulado, mas, também, da produção coletiva de novos conhecimentos. Não podermos aceitar o rebaixamento da qualidade do ensino nas escolas estaduais, como ocorreu sob a gestão de Maria Helena Guimarães de Castro, dando continuidade ao que vem sendo feito nos últimos 13 anos no nosso estado.
A atual secretária perdeu as condições de continuar gerindo a educação paulista por não saber ouvir, não se dispor ao diálogo e por não ter a capacidade de aprender com seus próprios erros. Em sua gestão a Apeoesp e demais entidades da educação não encontraram nenhum espaço de negociação. Ao contrário, em vários momentos a secretária pretendeu ser, ela própria, a representante dos professores, dos funcionários e até mesmo dos estudantes, declarando ser a única defensora dos interesses destes segmentos, aos mesmo tempo em que questionou reiteradas vezes a representatividade das entidades, mais particularmente, da Apeoesp.
Por acreditar em nossa concepção de escola e por não admitir que o governo estadual jogue a responsabilidade dos problemas da escola pública sobre as costas dos professores, a categoria foi à greve em junho/julho de 2008, tendo como motivo imediato a edição do Decreto 53.037, que reduzia e retirava direitos importantes do magistério. A greve foi suspensa em função da intermediação da Justiça do Trabalho e dos compromissos assumidos pela secretaria perante o TRT; entretanto, Maria Helena não manteve sua palavra e descumpriu os acordos firmados.
Chegamos a dizer recentemente que, se prevalecesse o bom senso, o governador do Estado não manteria esta secretária. Do episódio da mal realizada "provinha dos ACTs", passando pelos erros grosseiros nos materiais pedagógicos, pelos pífios resultados do Idesp e chegando às idas e vindas na definição dos critérios para pagamento do bônus aos profissionais da Educação ela produziu uma sucessão de problemas e nenhuma solução efetiva para a educação pública.
Quanto ao futuro secretário, o ex-ministro e atual deputado federal Paulo Renato Souza, esperamos que seja capaz de estabelecer com a Apeoesp e demais entidades uma relação respeitosa, que possibilite dialogar sobre os reais problemas da educação pública do estado de São Paulo e aos professores, apresentar suas necessidades e reivindicações. Esperamos também que possamos resgatar para os professores prerrogativas fundamentais do exercício da profissão docente, rompendo com o engessamento do processo pedagógico estabelecido pela atual secretária, através das apostilas decididas e formuladas de cima para baixo e impostas a todos os professores, professoras e alunos.
Não se pode, simplesmente, aceitar mais do mesmo. Reafirmando nossos compromissos e concepções, continuaremos a lutar pela autonomia didático-pedagógica das escolas e pela gestão democrática (através dos conselhos escolares); pelo resgate da autoridade e pelo reconhecimento social dos professores; por mais investimentos na rede estadual de ensino; por melhores salários; por um novo plano de cargos e salários; por um Plano Estadual de Educação que configure uma política de Estado, estabelecendo objetivos e metas para a construção de uma educação de qualidade para nossas crianças e jovens".
* Maria Izabel Azevedo Noronha é presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e Roberto Felício é deputado estadual (PT-SP)
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=53513