PENSADORES DA MADRUGADA
Publicado originalmente em http://blogclebervicente.blogspot.com/
Quando o silêncio mais que noturno ultrapassa os limites do ponteiro do relógio na expectativa que o dia seguinte seja mais belo e menos injusto, passamos a descobrr que, assim como nós, centenas de pessoas pensam uma maneira de fazer desse mundo um lugar melhor.
Tenho me incluído nesse grupo. Por vez ou outra debatendo as questões com alguns pares pela internet, outras vezes na solidão de todos os amigos offline, reflito sobre a ordem estabelecida e sobre as muitas tentativas da perpetuação do poder dominante e opressor na qualidade de hegemônico e incontestável.
E diante dos pensamentos da injustiça econômica, social, política, reflito, assim como muitos outros pensadores, noque fazer para minimizar os sofrimentos e buscar um caminho que pudesse dar a todos uma vida digna, com equidade, respeito e cidadania plena. E não consigo achar outro caminho que não seja a educação.
Mas não a educação formalizada e institucionalizada, que aparece para cumprir o seu papel, lacaia das FIESPs, dos FMIs, dos BIRDs e dos ETCs., onde o que importa é o papel que o educando vai desempenhar no mercado de trabalho, ou seja, que peça da engrenagem ele vai substituir e por quanto tempo vai ser aquela peça, até quando será também substituído por outra melhor, mais qualificada, ou simplesmente mais barata.
Penso na educação como um caminho único, mas a educação privilegiada dos que leem Dewey, Freire, Gadotti, Toro, Perrenoud, Certeau, Foucault, Harendt e outros pensadores que, certamente, viravam a madrugada para encontrar uma resposta às indagações que lhes incomodavam, antes de trazerem reconhecimento mundial.
Reconhecimento esse que, muitas vezes tem sido negado à Educação onde ela se faz mais necessária, querendo nos fazer educandos finlandeses em um país tropical, desejosos estão que não nos formemos plenamente, mas que sejamos máquinas de aprender o nosso papel na grande torre de babel que virou a sociedade.
E assim, vamos construindo mais uma madrugada. Com outros intelectuais, separadamente, unidos apenas pelos fusos horários desencontrados, ou por outros com quem se debate mais de perto. Mas temos uma missão. É a de fazer da calada da madrugada um espaço de discussão para os bons resistirem. Porque é na calada da madrugada que os maus arquitetam sua manutenção no poder.