O direito de voto dos negros: uma das bandeiras de luta que elegeu Obama.

Através do texto abaixo, extraído de um importante jornal de circulação nacional, pode-se constatar o impacto e a grande importância histórica que foi a vitória de Barack Obama, como presidente dos EUA.

“Obama é eleito o primeiro presidente negro dos EUA”

“Candidato democrata consolida vitória histórica nas urnas após rival republicano John McCain reconhecer derrota".

"Há apenas quatro décadas, os negros lutavam para garantir na prática o direito de voto no Sul dos EUA. No dia 20 de janeiro, o senador democrata Barack Obama, de 47 anos, tomará posse como o primeiro presidente negro da história americana. De acordo com projeções sobre os votos apurados até 2h30 de hoje em Brasília, Obama havia conquistado 333 votos no Colégio Eleitoral, contra 155 para o seu adversário, o senador republicano John McCain. São necessários 270 votos do total de 538 para se eleger presidente. Com um terço dos votos apurados, Obama, um senador em primeiro mandato desconhecido pela maioria dos americanos até recentemente, vencia na contagem nacional por 51% a 49%.” (Patricia Campos Mello e Lourival Sant'Anna, EUA- estadão.com.br)

Como Obama chegou lá?

Quem diria! "A esperança venceu o medo".

Utilizado esse mesmo jargão do nosso atual presidente Luis Inácio Lula da Silva, ex-metalúrgico e, de origem nordestina, Barak Obama ganhou as eleições. Ele também repetiu por várias vezes a famosa frase de Martin Luther King: “I have drin” (“Eu tenho um sonho”).

Outro jargão repetido por Barak Obama foi: “Yés we can” (“Sim, nós podemos”). Dizia ele: "There is no withe america, there is no black america, there is the United States of America" (não há uma américa branca, não há uma america negra, há os Estados Unidos da América). "Yes, we can" (sim, nós podemos), esse foi um de seus lemas de campanha. Com isso ele venceu!

Depois de tantas lutas, tantos abusos sofridos, valeu pela iniciativa dos antepassados que lutaram contra a opressão dos brancos sobre os negros nos EUA. Valeu, porque hoje, um negro acabou de se tornar um símbolo da vitória de um povo sofrido. Barack Obama também simboliza a esperança de um mundo melhor. No entanto, não se pode ser ingênuo ao ponto de pensar que agora todos os preconceitos irão acabar e que tudo estará sendo resolvido. Não! Há um longo caminho a ser percorrido. Contudo, devemos nutrir a esperança de que as coisas podem melhorar e os negros do Brasil um dia hão de enxergar a “chama” incandescente iluminando a trajetória de sua luta, há séculos travada contra o racismo, ranço fétrico de nossa herança colonial iniciada a partir do século XVI. Mesmo com Obana no poder, ainda há muito que ser feito para acabar com os problemas advindos da discriminação. O racismo e o preconceito ainda são fortes elementos que se encontram presentes nos EUA. Idem aqui!

Aos 18 de Fevereiro de 2009, o âncora Carlos Nascimento mostrou no Jornal do SBT, a aproximadamente as 00:52 minutos, uma reportagem a respeito de uma charge divulgada nos Estados Unidos. Nela aparece a figura do macaco que os policiais mataram a tiros depois de ter atacado a amiga de uma mulher. O macaco seria usado para a gravação de uma propaganda, porém, o bicho estranhou a amiga da mulher, atacando-a. Logo depois, o mesmo, projetou-se conta uma viatura da polícia e foi alvejado por projéteis disparados pelos policiais que o abateu.

Na charge, de autoria de Sean Delonas, foi publicada nesta quarta-feira. Ela mostra dois policiais ao lado do corpo do chimpanzé cravado de balas. Um dos policiais diz ao outro: “eles terão de encontrar outra pessoa para escrever o próximo plano econômico”. Esse comentário maldoso está causando polêmica entre os cidadãos estadunidenses, pois faz alusão às medidas de combate à crise assinadas pelo presidente Barack Obama. A charge foi publicada no “New York Post” comparando o presidente ao violento chimpanzé morto a tiros.

Internacional – Charge publicada em jornal relaciona Obama a chimpanzé morto

Quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009 a charge já circulava pela internete, postada por Barbara (Bábara em Foco às 00:05 e na Fonte: Climatempo).

A matéria extraida da "associated Press", em Nova York dava a seguinte notícia: “Eles terão de encontrar outra pessoa para escrever o próximo pacote de estímulo”, diz policial após a morte de macaco” .

Por que o racismo tem que acaba?

Veja. Foram muitos os personagens envolvido na luta em favor do negro, verdadeiros exemplos, líderes populares que sonharam, mas não puderam asssistir hoje o triunfo de sua luta. Barack Obama é produto dessa luta. Veja alguns dos que lutaram e ajudaram a construir essa história:

Rosa Paker, EUA

“No dia 1º de dezembro de 1955, Rosa Parks se negou a ceder a um branco o seu assento num ônibus. O ato foi um marco no movimento anti-racista nos Estados Unidos.

Em Montgomery, capital do Alabama, as primeiras filas dos ônibus eram, por lei, reservadas para passageiros brancos. Atrás vinham os assentos nos quais os negros podiam sentar-se. No dia 1° de dezembro de 1955, Rosa Parks tomou um desses ônibus a caminho do trabalho para casa e sentou-se num dos lugares situados ao meio do ônibus. Quando o motorista – branco – exigiu que ela e outros três negros se levantassem para dar lugar a brancos que haviam entrado no ônibus, Parks se negou a cumprir a ordem. Ela continuou sentada e, por isso, foi detida e levada para a prisão.

O protesto silencioso de Rosa Parks propagou-se rapidamente. O Conselho Político Feminino organizou, a partir daí, um boicote de ônibus urbanos, como medida de protesto contra a discriminação racial no país. Martin Luther King Jr. foi um dos que apoiaram a ação. O ativista e músico Harry Belafonte lembra-se como sua vida mudou, após o dia em que King o chamou por telefone para pedir apoio à ação da mulher que ficou conhecida como a "mãe dos movimentos pelos direitos civis" nos EUA.

"A atitude de Rosa Parks nos permitiu reagir contra as pressões política e social que caracterizavam nossa sociedade. Quando King me telefonou, me chamando para um encontro, comecei, pela primeira vez, a lutar oficialmente por essa causa. Quando nós nos vimos e falamos sobre seus planos, percebi que a partir dali eu me engajaria no movimento liderado por ele e Rosa Parks. Foi um momento muito importante", lembrou Belafonte.

Música e agressão

Poucos dias depois da atitude espontânea de Parks, milhares de negros se recusaram a tomar ônibus a caminho do trabalho. Enquanto as empresas de transporte coletivo começaram a ter prejuízos cada vez maiores, os negros andavam – caminhando muitas vezes vários quilômetros – acenando e cantando pelas ruas, sendo também freqüentemente xingados e agredidos por brancos.

O boicote contou com o apoio de várias personalidades conhecidas, como a cantora de gospel Mahalia Jackson, que fez uma série de shows beneficentes para ajudar os ativistas do movimento que se encontravam presos. "Não seria honesto omitir que fiquei extremamente feliz por ser a primeira cantora de gospel a se apresentar no Carnegie Hall, em Nova York, e no Albert Hall, na Inglaterra. A verdadeira sorte para mim, no entanto, é poder cantar nas prisões para os que se encontram isolados do mundo", declara Jackson.

Medalha do Congresso

No dia 13 de novembro de 1956, a Corte Suprema norte-americana aboliu a segregação racial nos ônibus de Montgomery. Poucas semanas mais tarde, a nova lei entrou em vigor em Montgomery. Em 21 de dezembro de 1956, Martin Luther King e Glen Smiley, sacerdote branco, entraram juntos num ônibus e ocuparam lugares na primeira fila.

Em junho de 1999, o então presidente Bill Clinton condecorou Rosa Parks, então com 88 anos, com a medalha de ouro do Congresso norte-americano. Durante a cerimônia da condecoração, Clinton acentuou que Parks foi capaz de lembrar aos EUA que a promessa de liberdade vinha sendo apenas uma ilusão para milhares de cidadãos do país. Em seu discurso de agradecimento, Parks ressaltou que a homenagem deveria servir para encorajar todos os que lutam pela igualdade de direitos em todo o mundo." (Michael Kleff (sv) - http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,340929,00.html)

Luta pelos direitos civis

40 anos do assassinato de Martin Luther King

Durante a Lei de Segregação

“Além de pastor, Martin Luther King Jr., nascido no estado sulista da Geórgia, Atlanta, no dia 15 de janeiro de 1929, se formou também advogado, mas foi como ativista político que se tornou conhecido.

Filho de Martin Luther King e Alberta Williams King, graduou-se no Morehouse College em 1948 em sociologia e em 1951 formou-se no Seminário Teológico Crozer, em Chester, Pensilvânia. Em 1954, já era pastor da Igreja Batista, em Montgomery, Alabama e um ano depois recebeu um PhD em Teologia Sistemática pela Universidade de Boston.

Casou-se em 18 de junho de 1953 com Coretta Scott King (falecida em 30 de janeiro de 2006) e com ela teve quatro filhos - todos vivos e igualmente defensores dos direitos civis dos negros.

A vida política de King teve início com o boicote ao transporte público no estado do Alabama que durou 381 dias e do qual foi um dos organizadores.

No dia 1º de dezembro de 1955, Rosa Parks, conhecida como a mãe dos direitos civis, desafiou a lei de segregação por não ceder seu lugar em um ônibus para um branco.

O ato de Parks foi a culminação de um movimento que iniciou um boicote em massa contra o transporte público por parte de toda a população negra do Alabama, iniciando uma luta que culminaria no fim da segregação no transporte público e, em 1963, na Lei dos Direitos Civis.

Sentada na seção reservada aos negros, o motorista do ônibus exigiu que todas as pessoas negras cedessem seus lugares aos brancos que estavam de pé.

No entanto, Parks não cedeu o seu lugar para um dos brancos e imediatamente foi presa, sendo também obrigada a pagar uma multa de US$ 14 por infringir a lei de segregação, que previa que um negro sempre cedesse o seu assento em transportes públicos para uma pessoa branca. Parks foi solta sob pagamento de fiança.

Logo após ser detida, o Conselho Político Feminino idealizou um boicote ao sistema de ônibus, que foi aceito por unanimidade em uma assembléia realizada e liderada por Martin Luther King Jr.

O dia 5 de dezembro de 1955 foi a data do primeiro dia de boicote, que só viria a terminar em janeiro de 1957.

Em defesa dos negros... e do governo

Depois deste grande movimento, participou da fundação da Conferência de Liderança Cristã do Sul (CLCS, na sigla em inglês), um grupo que unia várias comunidades negras ligadas à Igreja Batista que deveria impulsionar a luta pelos direitos civis. Seguiu como líder deste grupo até a sua morte.

A maior força política do movimento negro norte-americano se deu basicamente a partir de 1954 até a década de 70. Organizações como o Black Power e os Panteras Negras na década de 60, sucessores das idéias socialistas de Malcom X, representavam um novo nível de mobilização contra o racismo. Eram grupos que se distinguiam das idéias não-violentas encabeçadas por Martin Luther King.

A tomada dos negros pelas suas liberdades democráticas adquiria um caráter cada vez mais revolucionário. O governo norte-americano tinha uma grande preocupação em impedir que o movimento chegasse a proporções incontroláveis. Para isso atuou com a ala direita do movimento negro, como o próprio Martin Luther King. Ao mesmo tempo em que a repressão aumentava, o Estado procurava não coibir totalmente o “direito democrático” dos negros de se manifestarem. Em algumas ocasiões, o governo precisou intervir até mesmo militarmente contra as recusas dos governos locais em aderir aos direitos conquistados em Cortes Federais.

No dia 28 de agosto de 1963 acontecia na capital norte-americana a maior manifestação política que o movimento negro já realizou, a famosa Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade.

Martin Luther King, líder da marcha - foi neste dia que ele fez seu famoso discurso, “Eu tenho um sonho" – estava totalmente fechado com o governo para dar à mega manifestação um caráter pró-governo, louvando a aprovação do Ato dos Direitos Civis, assinado pelo presidente John F. Kennedy.

Mais de 250 mil pessoas vindas de todo o País ocuparam as ruas de Washington para exigir seus direitos democráticos e acabar com a Lei de Segregação Racial. A manifestação era formada pela esmagadora maioria de negros, no qual muitos partiram de suas casas a pé. A própria burguesia, apesar da oposição dos setores racistas do Sul, teve que liquidar o que restava do regime de segregação para não dar lugar à sua liquidação revolucionária, que levaria a uma crise do regime político de conjunto.

Embora a Lei de Segregação Racial tenha sido extinta, até hoje os negros não só nos EUA, mas em todo o mundo continuam sofrendo discriminação em todos os setores da sociedade.

O movimento negro norte-americano é a parte oculta da história política dos EUA. Sua importância política e revolucionária torna impossível esconder todos os fatos que influenciaram decisivamente a política, a economia e a cultura dos EUA.

O movimento negro deve se organizar em torno de um programa revolucionário e independente da burguesia, pois só assim pode garantir seus direitos elementares e, acima de tudo, o fim da exploração do homem pelo homem, com o socialismo.” (Causa Operária oline)

A luta dos negros dos Estados Unidos; o assassinato do pastor Luther King; a luta de Rosa Paker que, ao recusar ceder seu lugar em um ônibus a um branco arrogante e ter sido presa pela polícia por considerar sua atitude subversiva; as marchas de todos aqueles que foram espancados nas ruas por membros da Ku klux klan hoje redundam numa vitória: Barak Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unido. Em homenagem a essa luta, coloco abaixo a música Pesadelo, de Paulo Césa Pinheiro e Maurício Tapajós. Essa letra ilustra a resistência, a persistência e a perseverança daqueles que lutam. Sigamos todos os exemplos daqueles que lutaram no passado, para construirmos um Brasil e um mundo melhor, mais fraterno e mais umano, um mundo onde as diferenças, todas as culturas e povos sejam respeitados. Um mundo sem racismo e indiferenças, livre dos preconceitos e das barreiras que ainda nos separam.

"Quando o muro separa uma ponte une

Se a vingança encara, o remorso pune

Você vem me agarra, alguém vem me solta

Você vai na marra, ela um dia volta

E se a força é tua ela um dia é nossa

Olha o muro, olha a ponte

Olhe o dia de ontem chegando

Que medo você tem de nós, olha aí

Você corta um verso, eu escrevo outro

Você me prende vivo, eu escapo morto

De repente, olha eu de novo

Perturbando a paz, exigindo troco

Vamos por aí eu e meu cachorro

Olha um verso, olha o outro

Olha o velho, olha o moço chegando

Que medo você tem de nós, olha aí

O muro caiu, olha a ponte

Da liberdade guardiã

O braço do Cristo, horizonte,

Abraça o dia de amanhã"

(Pesadelo, Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós)

“I have drin” eu tenho um sonho! E você?

“Yés, we can” (“Sim, nós podemos”)

Para saber mais pesquise:

- Causa Operária oline: http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=4720)

- Michael Kleff (sv):

http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,340929,00.html

- http://barbalhaemfoco.blogspot.com/

- Ciências Humanas e Suas Tecnologias. Paulino - http://paulinhistory.blogspot.com/

- Oniluap Onabra Muhammed – Textos: http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=34141

- Patricia Campos Mello e Lourival Sant'Anna. Estadão http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081105/not_imp272663,0.php