O SERTÃO É DO TAMANHO DO MUNDO?
O mundo nunca assistiu a um processo de globalização com tamanha onipresença política no mercado global. A técnica da informação nos faz imaginar a concentração da humanidade, a possibilidade dos interesses e ações coletivas em tempo real. O computador, grande vilão do “mundo como um todo”, não apenas reduz distância, que antes sugeria tempo transcorrido, mas também, e especialmente, nos dá a confirmação de que essa unicidade invade e hegemoniza as técnicas do passado e fortalece hierarquias e privilégios de uso.
E nosso tempo é assim marcado pela demanda de mais e mais avanço mercadológico. A internacionalização das empresas, à altura de seu empreendimento competitivo e expansionista, exige um perfil humano para sua produtividade. O homem, por sua vez, tende a impelir-se a esse ritual para cooperar com a mais – valia universal das instituições. Nesse sentido, o mercado exigirá o perfil do indivíduo além das interpretações coisicista, o indivíduo capaz de acompanhar toda a evolução do motor – único carregado pela mundialização de contínuas novidades técnico – científicas.
A serviço da globalização, o homem passou a conhecer melhor o funcionamento da terra, a criar em vez de meramente reproduzir objetos já existentes. Mas essa cognoscibilidade tanto constrói e prestigia determinados segmentos sociais como é concebida a poucos o poder de exercê-la. O exemplo é a análoga globalização – americanização, já que os maiores símbolos desse processo (Coca – cola, Mcdonald, Hollywood, etc.) são americanos. Logo, o motor – único inaugura e perpetua grupos antagônicos de vencedores//perdedores; atual//arcaico. Nesse caminho, há o que o sociólogo Anthonny Giddens chama de colonização inversa, ou seja, uma onda mundial de adaptação aos costumes de países em desenvolvimento bem como uma maior aceitação de produtos oriundos desses locais.
Desse modo, esse novo momento permite que grupos de resistência efetivem mais facilmente ações de autoafirmação. O fenômeno é, portanto, político, econômico, tecnológico e cultural, enrijecido pelos meios de comunicação, que possibilitam as mesmas informações em todo o globo. No entanto, esses meios, em especial os eletrônicos, promovem o paradoxo da democracia. É só voltarmos às páginas da história e nos depararmos com a demolição do muro de Berlim, a luta contra o apartheid ou, menos remotamente, o episódio de 11 de setembro, fatos que ganharam instantaneamente dimensões mundiais por meio das transmissões televisivas, o que influenciou cidadãos conectados a questionar as relações políticas na atualidade. Por conseguinte, o mundo culminou no prejuízo da qualidade de vida especialmente das minorias sociais.
É fato que o capitalismo se caracteriza pelo sistema de classes lançado no mercado competitivo que se consolida pelo lucro – emblema dos produtores e investidores. Presenciamos a industrialização no mundo através da humanização com as máquinas. O ser humano passou a residir num espaço criado. Esse espaço é o que veio fixar a pós – modernidade que firmou a integração homem – máquina. A máquina como uma extensão do ser humano o qual, sozinho, não realizaria tarefas que alimentam relações internacionais e capitalistas. Nesse processo, a política excludente do capitalismo selvagem põe a tecnologia em contraste com a igualdade de recursos de qualificação do operário. Dessa forma, a tecnologia de ponta substitui e tunga uma grande fatia dos trabalhadores.
O encurtamento de tempo e distância na noção de mundo num só lugar ou um só mundo em todos os lugares, ao passo que perpetua o sistema ideológico da informação instantânea, oprime aqueles que não participam dessa revolução. O ideal da sociedade planetária ainda está longe de condizer com a noção de mistura de povos e suas tradições. O planeta visto profundamente ainda faz referência aos tentáculos dos países mais desenvolvidos que consolidam as desigualdades entre as nações pobres e ricas. Eis o neoliberalismo no tapete da tríade EUA, Europa Ocidental e Japão na defesa de seus mercados internos. Defesa camuflada no discurso protecionista de “Aldeia Global” que tanto compra e lucra com o sonho da unificação do mundo, mas que, em verdade, implica a omissão de uma parte expressiva do planeta.