Movidos por interesse
Sem exceção, todos os seres humanos são movidos por interesse. Assim é a vida, tanto no plano pessoal quanto nos planos social e profissional. De algum modo, seja com sinceridade, diplomacia ou até frieza, todos manifestam seus interesses por algo, por alguém ou pela ponte que o algo será para o alguém e vice-versa.
Neste campo um bom motivo para reflexão é o que realmente pode significar a palavra “interesse”, tão diversa em nosso dicionário. Assim, quando alguém diz que não tem interesse por algo, isto pode ter vários significados. Pode, por exemplo, querer dizer que este algo não lhe trará “vantagem pessoal, proveito, benefício, ganho, lucro material”. Pode ainda traduzir que este algo não desperta em nada o seu “sentimento de cobiça, de avidez”. Em suma, trata-se do posicionamento do já bastante conhecido interesseiro.
Por outro lado, a palavra interesse também significa “parte ou participação que alguém tem em algo” ou “sentimento de zelo, simpatia, preocupação ou curiosidade por alguém ou alguma coisa”. Neste sentido, alguém interessado é alguém disponível, solícito, bem intencionado e disposto a ajudar. Quem se insere neste aspecto pode ser classificado como genuinamente interessante.
De um lado ou de outro, o interessante e o interesseiro sempre terminam sendo descobertos, por mais que demore. Numa época em que a velocidade no transporte e na comunicação é sempre a bola da vez, mais cedo ou mais tarde as verdades e as mentiras vêm à tona. Nenhum lobo consegue mais se manter tanto tempo sob a pele de cordeiro. Os interesseiros (na política, na sociedade, no campo afetivo) sempre mostram sua verdadeira face, por mais que se esforcem no papel de interessantes. O motivo é simples: belos discursos nunca conseguirão ser mais fortes do que atos...
Não é preciso que se invente um detector de mentiras portátil e infalível para que os interesseiros se revelem diante de nossos olhos. Pensar, refletir, ter senso crítico é o bastante para desmascarar quem quer que carregue este tipo nefasto de interesse. Não por acaso este tipo de gente costuma farejar as pessoas mais ingênuas e ignorantes para dominar. Do contrário, enfrentam resistência, enfrentam oponentes prontos para qualquer “queda-de-braço”.
Pelo bem do nosso planeta, do nosso país, de nossas comunidades, vale a pena fazermos a escolha certa do melhor tipo de interesse. Por mais que esta possa ser uma tarefa árdua, de difícil execução, é a única que manterá a humanidade no caminho da sua própria redenção. Que possamos, por exemplo, banir da vida pública e de nossas relações privadas os interesseiros de plantão. Mais do que isto, que saibamos colocar em seu lugar os interessados no bem coletivo, os de idéias e ideais interessantes.