Precisa-se de outra Terra
Daqui a algumas décadas, antes mesmo de naves tripuladas alcançarem outros planetas da vizinhança, certamente teremos tecnologia suficiente para enviar aos recantos da nossa galáxia uma espécie de mini-classificado com o anúncio “precisa-se de outra Terra”. Embora algo assim só se veja no cinema, em alguma comédia de ficção científica, a previsão é absolutamente real.
A Organização Não-Governamental WWF – Worlwide Fund for Nature (Fundo Mundial para a Natureza) publicou recentemente um estudo com uma conclusão assustadora: “ao ritmo de consumo atual, a humanidade, para satisfazer suas necessidades no início da década de 2030, vai precisar de dois planetas”.
Em seu relatório “Planeta Vivo 2008”, a WWF alerta que a marca ecológica da humanidade, que avalia o consumo de recursos naturais, já superou em 30% as capacidades do planeta de se regenerar. Seus pesquisadores ressaltam que a pressão do ser humano sobre a Terra dobrou nos últimos 45 anos por dois motivos: crescimento demográfico e aumento do consumo individual.
Um dos trechos desse relatório não deixa dúvidas: “a superexploração está esgotando os ecossistemas e os desperdícios se acumulam no ar, na terra e na água. Como resultado, o desmatamento, a escassez de água, a redução da biodiversidade e a desordem climática, causadas pela emissão de gases que provocam o efeito estufa, colocam cada vez mais em risco o bem-estar e o desenvolvimento de todas as nações".
Dia após dia recebemos “pedidos de socorro” ou mesmo “recados malcriados” do nosso planeta, que, em todas as suas dimensões micro e macro, pulsa e vive. Se o predador-humano acha que pode provocar tantos danos à Terra e sair impune, já se pode ver que isto é impossível. Ele pagará o preço mais alto que pode ser cobrado de uma espécie: sua extinção.
Bom seria se o Criador se apiedasse de parte de suas criaturas, colocando-a em “Arcas-de-Noé” para, depois do “dilúvio”, recomeçar aqui mesmo. Afinal, muitas pessoas entenderam a essência de sua evolução nesta vida e têm vontade de acertar. Estas não merecem sucumbir ao lado dos malfeitores da humanidade.
Ingênuo ou não, todo o meu otimismo com a nossa raça advém da certeza de que há aqueles que perseguem o Bem (de si próprio, do outro, do planeta...). Do contrário, sequer valeria a pena sobreviver para apenas assistir às tragédias anunciadas para o futuro, e já iniciadas há décadas.
Como o tempo de uma pessoa é ínfimo se comparado com o do planeta, como um todo, talvez as gerações que nos substituirão saibam valorizar cada palmo de terra onde pisa, cada fruto colhido, cada fonte de água, cada ser vivo ao seu redor. Quem sabe no futuro nossos descendentes sejam mais inteligentes para não povoar tanto a Terra; para dividir melhor o chão, que nunca foi nem nunca será seu; para compartilhar com seus semelhantes suas dificuldades e conquistas; para administrar suas vidas sem exercer qualquer tipo de poder sobre o próximo. O mapa deste caminho está aí para quem quiser ver.