Julgado antes de nascer

Como é rancoroso olhar para os lados e ver a situação que nosso Rio de Janeiro está. Meninos nas ruas, fome, miséria e outras tantas mais tragédias sociais que estão ao alcance de nossa vista. Basta um olhar perimétrico para perceber o descaso social que a séculos aflinge essa cidade. Rio de Janeiro cidade que deslancha do belo ao feio em apenas uma esquina. Cidade com tamanho contraste que a própria orla de Copacabana, cai da riqueza a miséria com o entardecer do dia.

Rodeado de favelas de inocentes e emergentes de uma sociedade violenta e abrangente. Cadê a democracia, onde estão os direitos humanos dos meninos de rua, porque tantas mortes na Candelária, porque tanta miséria. Assaltos, mortes, morros, negros, brancos, drogas, MEDO. Palavras que estampam as estátuas vivais do transito carioca. Roubando para viver, Cheirando para esquecer, amando para reviver, matando para não morrer.

Atormentado com a cola e com sua falta, roncando de fome e de vicio, necessitando de uma família e um nome. Assim se vê os "lixos humanos" da sociedade, indigentes movidos pelo medo da lei e pelos que estão"fora dela". O inferno da prisão só os tornam pior do que queriam ser.

A família encontrada na irmandade do comando. O êxtase encontrado em um amor bandido e um caderno feito com pó e liquido branco. Ensinado na escola da miséria e da necessidade do crime, foi tomado pelo instinto de sobrevivência tendo um cano de ferrugem como saída de emergência. Vestindo a capa lhe entregue desde criança nas ruas do Rio, amenizado com o som do erro de um tiro. Liquidado aos poucos, o homem duro do gueto terminou pela falta do ar. Juízo final feito em vida, vida perdida ao nascer, nascimento que, para muitos, não deveria acontecer.

Metamorfose
Enviado por Metamorfose em 17/10/2008
Código do texto: T1232804
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