O Brasil nos rankings
Para quem achou desprezível o 23o lugar do Brasil no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Pequim, vale a pena conferir a situação do país em alguns rankings mundiais. Em se tratando de desempenho coletivo de uma nação no esporte ou em qualquer outra área, é preciso que sejam levadas em consideração uma série de fatores.
Em novembro do ano passado a ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou a mais recente atualização do ranking mundial do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Na oportunidade, o Brasil foi alçado ao grupo de países de alto desenvolvimento humano, ultrapassando a barreira do 0,8 (nota que varia de 0 a 1). Ironicamente, o país caiu uma posição no ranking mundial: da 69a, em 2006, para 70a em 2007, considerando-se um total de 177 países avaliados. Explica-se: países como Albânia e Arábia Saudita ultrapassaram o Brasil, subindo 5 e 15 posições, respectivamente. O IDH leva em conta o PIB per capita (corrigido pelo poder de compra da moeda de cada país), a longevidade e indicadores de educação.
Num outro ranking, o da corrupção, o Brasil ocupa a 72a colocação. O estudo, realizado em 2007 pela ONG Transparência Internacional, deu ao nosso país a nota de 3,5, em uma classificação que vai de 10 (para países menos corruptos) até zero (países mais corruptos). Também de 2007 é o Ranking das Igualdades entre os Sexos, no qual o Brasil ficou em 74o lugar, num total de 128 países avaliados pelo Fórum Econômico Mundial.
Quando o assunto é sociedade pacífica, a nossa posição não é nada boa. No Ranking da Paz Mundial, medido pela Economist Intelligence Unit (EIU), o Brasil está no 83o lugar das 121 nações analisadas. Este ranking foi feito, levando-se em consideração 24 indicadores, a exemplo dos níveis de violência, crime organizado e gastos militares. Também foram analisados fatores sociais como democracia, transparência, educação e entendimento dos determinantes que criam ou sustentam a paz.
Se o assunto é avanço tecnológico, também não é das melhores a nossa classificação. O Fórum Econômico Mundial avaliou este ano que, apesar do avanço tecnológico significativo nas esferas empresarial e de governo, o Brasil perdeu seis posições e ocupa a 59a colocação (entre 127 países avaliados) no ranking dos países mais desenvolvidos tecnologicamente. Também caímos quinze posições em um ranking anual de globalização, compilado pela empresa de consultoria A.T. Kearney e pela revista Foreign Policy. O Índice de Globalização, que avaliou como 72 países estão se "conectando globalmente", mostrou que o Brasil passou da 52a para 67a colocação.
É bem provável que o leitor que chegou até este ponto do texto tenha ficado entediado com tantos dados e números. De fato, análises nestes moldes são sempre cansativas, e mais parecem destinadas a especialistas da área econômica. No entanto, elas refletem o cotidiano bastante real que povos das mais diversas nações vivenciam.
Talvez também pelas suas colocações nos rankings sociais, o Brasil ainda esteja longe de ser uma potência esportiva. O nosso 23o lugar nas Olimpíadas de Pequim é o que se pode chamar de possível. No plano do ideal ficam apenas a euforia e a expectativa dos milhões de torcedores brasileiros. É bom lembrar que dos dez países que mais se destacaram nos Jogos Olímpicos de Pequim, oito estão entre os lugares de maior desenvolvimento humano no planeta. Com certeza, a relação não é casual.
Duro mesmo é constatar que a nossa milionária Seleção de Futebol masculina tenha voltado apenas com uma medalha de bronze. Aliás, duro é ver que no mais recente Ranking da FIFA, datado de 6 de agosto deste ano (portanto, antes do início dos Jogos Olímpicos), o Brasil aparece na sexta colocação, atrás da Croácia, Holanda, Itália, Alemanha e Espanha.