AS MUSAS
(Prefácio para o livro AS MUSAS, do poeta Osvaldo Luiz, publicado em 2001)
Falar sobre a poesia de Osvaldo Luiz Ferreira é falar sobre a vitória da emoção - falar sobre o sentimento de um poeta, que chega ao século XXI fazendo versos no melhor estilo, sem se incomodar com as correntes e “ismos” que vez por outra aparecem. Osvaldo Luiz é um poeta atemporal, tanto que seus versos fazem sucesso entre crianças, adolescentes, adultos de todas as idades. Chego a arriscar dizer que até o coração mais endurecido pela vida é capaz de se emocionar com o misto de simplicidade e eloqüência que seus poemas contêm.
“AS MUSAS” é, sem dúvida, um livro especial. Primeiro, por conter poemas acrósticos, forma que foi cultuada por grandes mestres ao longo
da história da Literatura, mas que foi injustamente deixada de lado pelos poetas de hoje. Como explica Geir Campos, em seu Dicionário de Arte Poética, acróstico é “composição poética na qual certas letras, pela sua posição intencional nos versos, formam por sua vez uma palavra ou frase, geralmente um nome próprio.” Ligado à poesia de circunstância, foi utilizado por autores como Luis de Camões, e só por isso já dispensaria qualquer tipo de justificativa. É arte, e isto basta.
Mas o segundo ponto de referência nesta obra de Osvaldo Luiz Ferreira está em seu título, e dá ainda mais leveza e sensibilidade aos poemas: as musas. Na mitologia grega, as musas eram nove - filhas de Zeus e da Memória - e regiam as artes. Calíope era a musa da poesia, e, voltando a citar Camões, está lá, em “Os Lusíadas”, um pedido do poeta à musa, por proteção e inspiração. As demais eram Clio, Euterpe, Talia, Melpómene, Terpsícore, Erato, Polímnia e Urânia - todas eternamente jovens e belas. Tão importantes eram que, segundo Hesíodo, quando as musas passeavam juntas, Apolo, o deus da Beleza, com a lira na mão, abria a marcha e conduzia o cortejo.
Com o tempo, a sensibilidade dos poetas fez de todas as mulheres musas - fazendo justiça à inspiração que leva o mais simples dos homens a fazer versos quando está apaixonado. Um olhar, um gesto, uma palavra, uma situação podem dar ao poeta uma nova musa, renovar sua poesia, dar ao seu coração novos horizontes, abrir as portas para novas viagens... Porém, que nunca se acuse o poeta de ser infiel às musas, pois estas, na condição de deusas, são eternas. É a elas que Osvaldo Luiz presta reverência neste livro, como Apolo, abrindo o cortejo para tanta beleza reunida.