“ CONGRESSO MUNDIAL DO MEDO”

Nesses dias em que o Brasil sedia reuniões do G20, organização das 20 maiores economias do planeta, quando as nações parecem não terem aprendido com a própria história, desafios pairam como nuvens escuras e tenebrosas sobre a humanidade. O poema , CONGRESSO MUNDIAL DO MEDO, foi citado pelo presidente Lula em discurso no evento. Essa preciosidade poética composta por Carlos Drumond de Andrade, em 1941, quando já se vivia as atrocidades da segunda guerra mundial, poetiza questões sócio-políticas, dando o ar da poesia, sempre presente, no do caminhar dos tempos. Parece que foi escrita ontem!

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CONGRESSO MUNDIAL DO MEDO

Carlos Drumond de Andrade

Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,

não cantaremos o ódio porque esse não existe,

existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,

o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,

o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,

cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,

cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,

depois morreremos de medo

e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

Carlos Drumond de Andrade

Haromax
Enviado por Haromax em 19/11/2024
Reeditado em 21/11/2024
Código do texto: T8200233
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