Você conhece a Ilha Palmer na Laguna de Araruama?

A Ilha Palmer, também conhecida por pescadores e moradores da Ponta do Ambrósio e da Praia do Siqueira por Ilha do Seu Zibinho e Ilha do Francês, é uma linda ilhota lagunar que se encontra entre os bairros das Palmeiras, em Cabo Frio, e a Ponta do Ambrósio, em São Pedro da Aldeia, bem próximo também à Ilha da Conceição.

A ilhota em questão possui três casas de uma mesma família. O senhor Sérgio Barcelos Cardozo, o Sérgio da Ilha, vive há décadas no local. Ele é tão apaixonado pela Ilha que sempre fala dela em suas redes sociais.

O nome “Ilha Palmer” é uma homenagem ao grande engenheiro francês Leger Palmer, responsável pela abertura de inúmeros canais na Laguna de Araruama, no final do século XIX e no início do século XX, que facilitaram a navegação na lagoa e o escoamento da produção salineira da região. Esses canais foram abertos nos municípios de São Pedro da Aldeia (Canal Mossoró) e Cabo Frio (Canal Palmer I e II).

Já o nome “Ilha do Seu Zibinho” é uma homenagem a um velho pescador que habitou por muitos anos na ilhota. Ele era muito querido e respeitado na região.

Em relação ao terceiro topônimo da ilhota, “Ilha do Francês”, as nossas pesquisas não encontraram a razão deste nome, pois não há nenhum registro que ela tenha sido habitada por franceses, seja num passado próximo ou longínquo. Mas, não podemos esquecer que corsários e piratas franceses sempre estiveram entre a Boca da Barra, no início do Canal Itajuru, e na Laguna de Araruama, nos séculos XVI e XVII, contrabandeando o pau-brasil com os nativos tupinambás através do escambo de mercadorias.

Em 1555, os franceses vão erguer no cume do Morro do Arpoador na Boca da Barra, a "Maison du Pierre" (Casa da Pedra), uma espécie de “feitoria”, um entreposto comercial e militar. Este Forte francês vai ser destruído pelos portugueses comandados por Antônio Salema e por um enorme exército indígena, na famosa “Guerra do Cabo Frio", em 1575. Nesta batalha os nativos da nossa região foram exterminados sem piedade.

Não creio que esses eventos remotos possam ter relação com o terceiro nome da ilhota, “Ilha do Francês”, por conta da grande distância temporal. Todavia, todo nome de um determinado lugar carrega consigo uma história. Portanto, pode ser que este seja seu fundamento histórico.

Chico Pescador, um pesquisador da biodiversidade lagunar e autor de um livro sobre a pesca artesanal na Laguna, alega que existe um quarto nome para esta ilhota. Ele a conhece como "Ilha do Afu", um nome tupy-guarany que significa "estreitamento/ afunilamento".

Ele ainda informa que, parte da "Ilha do Afu" (Ilha Palmer), se encontra em Cabo Frio, e parte em São Pedro da Aldeia, de acordo com o limite lagunar. Explica, também, que isso acontece com outras ilhas da Laguna de Araruama. Já o morador da ilhota, Sérgio Barcelos Cardozo, afirma em diversas postagens e comentários de seus posts no Facebook, que o lugar que ele habita fica nos limites territoriais da cidade de Cabo Frio.

Fato é que a Ilha está numa área fronteiriça bem próxima a ponte que faz a divisão territorial entre os dois municípios.

A Ilha Palmer, por estar localizada num local de passagem entre o final do Canal Itajuru e o início da Laguna de Araruama, é um lugar privilegiado para a pesca, tanto da tainha e outros peixes característicos desse ecossistema lagunar, como o camarão rosa e o siri.

Também pode ser considerada um excelente local de apoio às embarcações e a praticantes de esportes náuticos.

O único problema desta ilhota é o fato dela ser privada, como dito acima, uma única família tem a sua concessão. A Ilha do Anjo, que fica bem próximo à Ilha Palmer, que era a antiga Salina Estacada, também é privada e se tornou um condomínio de alto padrão, com centenas de mansões.

Espero que esta história desperte, no leitor, a curiosidade de se aprofundar cada vez mais no estudo da História Local, quem sabe, aprimorando a nossa pesquisa e trazendo novos dados que a complemente.

Obs.: Este texto será publicado no livro "A Laguna de Araruama: seus encantos, recantos e potencial turístico", do historiador Acioli Junior.

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 29/12/2024
Reeditado em 30/12/2024
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