Escolhas e Consequências
Era o ano de 1989. Na época eu tinha 17 anos de idade. Lembro de um colega de escola chamado Rômulo da mesma idade que também era meu vizinho, morava a pouco tempo na mesma rua. Ele era de uma família cristã, pai militar, mãe costureira e irmãos muito prestativos, estudiosos e trabalhadores. O rapaz por ser o caçula tinha todo o apoio e carinho da família.
Mas, o tempo passou, e infelizmente, não demorou muito para que começasse a se misturar com uma turma conhecida na região pela má reputação. Com o tempo ele abandonou a escola e se tornou um "rebelde sem causa" usuário da maconha, alcoólatra e agressivo. A família sofria com as novas escolhas dele. Muitas vezes, vi o pai dele passando pela a rua de cabeça baixa disfarçando as lágrimas que caiam de seus olhos.
Uma noite, ao sair da escola, o encontrei na esquina da nossa rua e comentei que todos sentiam falta dele nas aulas, sempre me fazendo de desentendido da real situação em que ele se encontrava. Ele me respondeu animado que estava frequentando outro ambiente, fazendo amizades diferentes e se aventurando em atividades que lhe proporcionavam muita adrenalina. Ficou claro o que ele queria dizer. Após uma breve conversa nos despedimos, sem que eu imaginasse que aquela seria a última vez que o veria com vida.
Na semana seguinte, os tais amigos dele o levaram para mais uma aventura, assaltar um Motel na Via Dutra (liga Rio de Janeiro a São Paulo). Durante o assalto, alguém alertou a polícia, que chegou rapidamente ao local para tentar deter e prender os criminosos. Lamentavelmente, os meliantes iniciaram uma troca de tiros mandando bala na polícia que logo reagiu. Os outros assaltantes conseguiram fugir no táxi de um dos cúmplices que os aguardava, deixando "Rominho" para trás trocando tiros sozinho com a polícia para lhes facilitar a fuga. Ele foi o "bucha", o único que perdeu a vida no enfrentando com os policiais.
Esse foi o resultado trágico de suas más escolhas e das más companhias. Não faltaram avisos, mas ele preferiu ignorá-los. Os pais dele ficaram devastados pela perda do filho mais novo, que devido a tristeza e a depressão, faleceram com o tempo. Curiosamente, os irmãos dele seguiram caminhos diferentes: casaram-se, constituíram famílias e jamais se envolveram em atividades ilícitas, embora tivessem tido a mesma criação que o jovem rebelde.
O problema, nesse caso, está nas más escolhas, estas são individuais e independem da criação, pois a criança cresce e quando jovem acaba seduzido pelas as várias oportunidades (novidades) que são oferecidas pelo mundo. E é assim, que muitos jovens acabam se misturando com estes "falsos amigos" e acabam pagando um alto preço, muitas vezes, perdendo a liberdade, ou até mesmo a vida.
Essa história real serve como um lembrete de como nossas escolhas podem moldar nosso destino e como a influência das pessoas ao nosso redor pode ser determinante. É importante escolhermos com sabedoria e estarmos cientes das consequências de nossas ações. É essencial conhecermos bem quem são àqueles que queremos convidar ou trazer para dentro de nossas vidas, antes de qualquer escolha.