De que lado você Está?
"Piedade,
Senhor Piedade,
Dê-lhes grandeza e um pouco de coragem;..." Blues da piedade - Cazuza
Agindo com requintes de emoção, ninguém gosta de ser cobrado. Ainda que reconheça a dívida, o vitimista lamentador, quando não, narcisista esbravejador, não sente prazer em ser cobrado; ao contrário, detesta, odeia, abomina quem toca e expõe sua ferida coberta com curativo.
Com efeito, quem cobra o devido e justo, acima do investido, cobra em nome da razão e verdade; e segundo M. Luther King, "para contrair inimigos, não é preciso guerra, basta dizer a verdade".
Sabendo-se disto, a corrupção e inimigos adornam todos os cantos; e cobertos pela hipocrisia, - do grego, encenação - os moldes são produzidos em todos os ambientes dos lares.
Existe uma trupe do sossêgo, aliada ao do pouco esforço, rondando aqui, alí, acolá, afirmando que todos os problemas sociais são de responsabilidade de governos, quando em verdade, quem representa os governos também vieram de famílias, portanto foram moldados nos ambientes familiares.
Os senhores da cúpula maior são tão adeptos aos ensinamentos e aprendizados maternais, que os sucessores aprendem guardar dinheiro nas cuecas; e as matriarcas e patriarcas aplaudem, dizendo que os ensinamentos domésticos estão sendo, magistralmente, praticados. "Parabéns, meu amores; somos orgulhosos por terem vocês como filhos, assinando o nosso sobrenome!!"
Distante, porém não tão longe dos produtores de crenças ilusórias, está a matilha de cães vitimistas, chorões, uivadores, lamentosos e bufões. Por ser modesta e estar na base da pirâmide social, essa é mais interessada aos pequenos agrados; e desde que não seja cobrada, contenta-se com as ínfimas lembrancinhas. Por exemplo, um pedacinho de osso roído, esfarelando, é um tremendo alimento. Contudo, se quem o recebeu não for cobrado pelo donativo, um baita afago. Associando o ato à teoria estudada na psicologia, o donativo recebido é o reforço em pagamento da humildade e obediência.
A emoção é necessária, afinal, olhar, ouvir e sentir os problemas e dores alheias, - quando realmente doídas - faz parte da relação humana, mas quando a emoção se torna cultura tóxica, em nome da razão e verdade - não tenha-me como inimigo - mata, assassina um povo, corrompe uma sociedade inteira, que é o conjunto, união de todas as famílias.
A saber, sociedade é, em análise racional e longe, bem distante de teses e teorias humanas, grupo de sócios que se une para usufruir de um bem, ou de um mal comum.
Segue uma questão para ser discutida em família no desjejum dominical: visto e definido o conceito de sociedade pelo senso comum, perante seus atos e o meio no qual estás inserido, reflita se o leitor usufrui de um bem ou de um mal?
Mas por favor, seja verdadeiro e racional em sua resposta. Adianto que meu coração petrificado não trinca com emoções carregadas de lamentos baratos. E nem adianta vir com lembrancinhas ou presentes graúdos, pois não vendo minhas verdades. Contrário do visto e praticado: existem insatisfações e mortalidades que não se vendem.
Preciso dizer que sou um cidadão: ratifico, cidadão que pertence a uma sociedade corrompida, vendida; usufruindo de um mal comum?
Os homens, digo os homens - mulheres e crianças, também - de nacionalidade brasileira, deveriam frequentar as adegas, nas quais embriagam-se de dignidade e grandeza moral; e menos, quase nada de pobreza e mendicância.
Com efeito, as fortalezas, casarões e castelos são tombados pela união de homens fortes. Sensíveis, mas viris, justos, sistemáticos no trato com o que é meu, seu, nosso; com o que é coletivo.
Realmente, exceto quando discutida em reuniões de intelectuais assoberbados, utopia não faz o menor sentido. Recorrendo a fala popular: "conversa para ninar bovinos". Bovinos dorminhocos e ingênuos, óbvio.
P.S.: "toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade, não precisa pensar". Nelson Rodrigues