ATE QUANDO?

A cor da pele,

A pele preta

O preconceito

o pós conceito, nenhum conceito.

O pobre preto

Favela preta

de almas claras

de ventres livres.

Lençóis tingidos cobrindo o corpo que jaz sem vida, só por ser preto.

Balas que voam

Não tão perdidas, encontram corpos,

Agoniza a cor no asfalto preto... é mais um preto,

É só mais um preto.

Será castigo,

se preto eu sou, quantas vidas terei que ter para que me vejam com outros olhos?

Grilhões, senzalas, pelourinhos, chibatadas, onde está Isabel, a minha dita alforria por ti assinada, que não liberta o branco desse tronco de ignorância?

Eles ainda são os capitães do mato que me perseguem e me caçam pelo canto do olho com o seu olhar de ódio, como se eu fosse a abominação de um existir, ou simplesmente seu troféu dessa busca que não encerrou desde 1888.

Onde está Isabel, onde está a minha alforria e ate quando gritarei nos palmares do meu existir, se o quilombo não sai de dentro dele?

Nossos ossos são brancos, nosso sangue é vermelho. Nosso sêmen é igual, nosso corpo é igual apenas o teu olhar pela minha pele é que muda toda essa tua não aceitação humana.

E eu pergunto, sem entender o porque desse maldito olhar:

Ate quando, até quando, até quando?

Carlos Silva

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 19/11/2021
Código do texto: T7389379
Classificação de conteúdo: seguro