O desespero e a dor dos afegãos e a nossa empatia
Estamos assistindo uma tragédia humanitária no Afeganistão. Tragédia esta que afetará, em cheio, principalmente mulheres e crianças.
Mulheres que, até ontem, trabalhavam, estudavam e possuíam um mínimo de liberdade de expressão, a partir de hoje, não terão mais esse direito básico: voltarão a andar de burca cobrindo seus olhos, só poderão sair de casa acompanhada por um homem e, se não cumprirem a ordem dos fundamentalistas do Talibã, poderão ser queimadas com ácido ou serem mortas sem nenhuma cerimônia ou compaixão.
A Sharia – lei islâmica extremista – será a base da ordem do sistema político e social trazendo opressão, falta de liberdade e fanatismo religioso.
A população afegã está desesperada, tentando fugir do país e encontrar abrigo em nações vizinhas. Estradas e aeroportos lotados com mulheres, crianças e idosos fugindo da nova realidade e da vingança dos Talibãs que ficaram 20 anos fora do poder, desde a expulsão pelas tropas norte-americanas, em 2001.
O desespero foi tamanho que pessoas se agarraram a partes do avião americano que abandonava o país e caíram a muitos metros de altura. Essas pessoas preferiram a exposição à morte do que viver sobre o jugo de extremistas fanáticos.
O mundo todo assiste, consternado, inerte e imóvel a destruição de um povo e a decadência de uma nação.
Triste é constatar que a Organização das Nações Unidas (ONU), os EUA, inúmeras potências europeias e outros países que poderiam ajudar a diminuir a dor e a aflição do povo afegão, simplesmente assistem, de braços cruzados e sem a menor empatia, a tragédia populacional.
Sempre gosto de ressaltar que “o oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença”. Quando a dor do outro não nos sensibiliza e nos move à prática do bem, somos semelhantes às bestas-feras ou a um ente inanimado como uma pedra, impermeável e impassível ao clamor alheio.
Devemos cultivar a compaixão, que era o sentimento que movia Jesus e que o impulsionava a amparar e remediar a dor daqueles que sofriam.
Compaixão é se colocar no lugar do outro. É se importar. É sentir a dor alheia. É sentir a tragédia pessoal ou coletiva de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la. Também é a participação espiritual na infelicidade alheia que suscita um impulso altruísta de ternura para com o sofredor.
Mesmo quando seres pequenos, como nós, relés mortais, sem poder político e grande influência considerarmos que nada podemos fazer pelo povo sofrido afegão, precisamos lembrar que devemos fazer, pelo menos, uma oração e súplica por eles, espalhar, nas redes sociais, a dor e o desespero daquela população e conclamar outras pessoas a também orarem, se possível doarem para minimizar o sofrimento daqueles nossos irmãos.
Sempre há a possibilidade de fazer algo no tocante ao próximo, por mínimo que seja; o que não podemos é nos mantermos inertes.
Não sentir a dor do outro e não ser tocado pela tragédia de nossos semelhantes é prova cabal de nossa insensibilidade, mediocridade e desumanidade.