Ação da Polícia no Jacarezinho: alguns apontamentos
A ação policial hoje na Comunidade do Jacarezinho bateu recorde de número de mortes, foram 25, sendo 24 suspeitos e 1 policial civil, superando e muito a chacina de Vigário Geral, que teve 21 mortes, em 29 de agosto de 1993.
O Brasil e o Rio de Janeiro mais uma vez se tornam manchete mundial por conta de uma ação policial contra o tráfico de drogas.
As perguntas que se sobrepõem num momento como esse são as seguintes: “Alguém já viu a polícia agir como agiu hoje em territórios dominados pelas Milícias? Ou será que o intuito foi retirar o tráfico e colocar os Hermanos dominando a comunidade?
Tanto as organizações criminosas como Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando (TC ou TCP), Amigos dos Amigos (ADA) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), esse último que atua principalmente em São Paulo, são instituições criminosas como são as Milícias, que têm como membros em sua maioria ex-militares, tais como membros das Forças Armadas, das Polícias e de membros do Corpo do Bombeiro Militar, grande parte de agentes aposentados ou reformados.
As milícias oprimem centenas de comunidades no Brasil, no Rio de Janeiro seu domínio se estende a inúmeros bairros e favelas, cerca de 12 milhões de pessoas vivem oprimidas pelas suas ações.
Mas a Polícia quase nunca entra em áreas de milícias, muito menos comete chacinas em seu reduto. Assistem elas crescendo, especialmente na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, inclusive construindo condomínios e furtando terras do Estado e do Governo Federal.
As Milicias cobram tarifas de comerciantes, do transporte coletivo, especialmente de Vans, dominam o serviço de internet, a chamada “gatonet”, assim como serviços de gás de cozinha, além de hoje se aliarem com o tráfico de drogas e também traficarem. Além de elegerem políticos, serem apoiados por ex-prefeitos, ex-governadores, por deputados estaduais e federais e até pelo atual presidente da República, no período que ele era deputado.
Além disso tudo, milicianos foram condecorados na ALERJ por deputado, mesmo alguns deles estando preso, como Adriano da Nóbrega, assim como receberam de Flávio Bolsonaro a maior honraria do Estado, a Medalha Tiradentes, e serem fantasmas junto com seus familiares no gabinete citado deputado.
As Milícias que são tão criminosas como as facções do tráfico de drogas não recebem o mesmo tratamento do poder público, pelo contrário, estão em conluio com o mesmo, ajudam elegê-los e financiam suas campanhas.
Além de todo esse estado escabroso de coisas, assistimos o total desrespeito da Polícia contra os mais pobres, invadindo suas casas sem mandado judicial, assassinando pessoas dentro da casa de moradores da comunidade, atirando a esmo e com total falta de respeito. Nunca ocorreria o mesmo num bairro de classe média e muito menos num condomínio de luxo.
Devemos sim combater o crime organizado. Mas para tanto não se pode passar por cima da Constituição Federal e muito menos deixar de respeitar os moradores e suas garantias individuais e coletivas.