Homens Inoxidáveis.
O tempo, o espaço geográfico e a intempérie cria(ra)m homens com essa estirpe; via de regra, são ou eram homens sábios, cascudos, honestos, aliados, sérios e logicamente, vividos. Os vincos na cara e as mãos calosas são as dádivas da lida sob o sol, sob a chuva e a Lua. Do cabo da enxada e do machado, do engenho e do seio da terra saem os presentes ofertados por Eles.
A tradição é marca indelével desses "diamantes" de grande valor histórico, pois trazem em suas palavras o amor, a simplicidade, a humildade, o carinho por quem merece carinho e muita, muita verdade no semblante. Não cruzam nem um pouco com a mentira; e ainda que puro amargor, o que falam, retiram do fundo do coração.
São simpáticos e bastante desconfiados; e estando frente a frente, olhos nos olhos, leem a alma do interlocutor; portanto, não se deixam levar pelos enganos e mentiras. Além do mais, por serem cristãos fervorosos, são iluminados por um Deus prestimoso.
Não é de se admirar, se esses Seres Inoxidáveis, os quais não falam o idioma da maioria, acreditem em coisas invisíveis que circulam pelas matas, bem como céu. Ademais, como disse Shakespeare, "existem mais coisas entre o céu e a Terra, que a nossa vã consciência imagina". E embora nunca tenha ouvido falar em Shakespeare, os "causos bão" testemunham a verdade.
Tudo que sai de suas bocas, é em nome da simples e honesta verdade. E a viagem do conhecimento entre o imaginário e a realidade, alimenta-os com a sabedoria que enquanto não se chega ao topo do pináculo, não se tem uma ideia de como é, facilidades e dificuldades, o outro lado.
Portanto, o alcance dos binóculos usados e qualquer ideia ou palavra sobre, é mera divagação; afinal, o relevo, a vegetação e a altitude enganam as vistas, traem a mente, por isso, seguem a trilha do destino em silêncio. Homens Inoxidáveis formulam suas teses fundamentadas no experimentalismo existencial.
Comumente, a grande maioria desses Homens lançavam sementes sadias, de boa qualidade no solo, fato que garantia a seleta safra futura; contudo, com o decorrer dos anos, a ação deletéria do dinheiro e a troca do caráter moral ser tão comum nas indumentárias dos manequins atuais, fizeram com que esses fortes e bravios Seres perdessem o brilho; e consequentemente, entrassem em extinção. Entretanto, se vasculhar, como se caça agulha no palheiro, ainda encontra-se um ou outro.
Pela volta dos Homens Inoxidáveis ao grotão, às coisas humanas, à verdade na Terra. A Natureza e os homens de carne, ossos e sensíveis de sentimentos, agradecem imensamente.
Dificilmente serão o que Eles foram, mas alguns homens comuns não deixam de valorizar os legados e exemplos deixados por pelos Homens Inoxidáveis. O que deveras, é um belo e nobre aprendizado cultural e humano; potencializando a tese que o mínimo que deve-se ter por Eles, é respeito.
Pensando a Roça
Àquele que têm os pés na terra e as mãos na enxada, é matuto original, sertanejo do grotão, não nega suas origens; e semelhante as árvores, devido as raízes esparramadas na verdade sustentam sua prosa imaculada.
Nos discursos desses Seres abençoados pela Natureza, a palavra trabalho é lei máxima. Aliás, seguem à risca o aforismo que pontua "que o trabalho enobrece o homem". E como são sensatos, sensíveis, nobres!
As noites e os dias regulam o cotidiano dessa gente: clareou, põe-se de pé. Escureceu, automaticamente o corpo pede cama; e os olhos caem, adormecidos. Também puderas, após de um dia trabalhado, exaustivo, laborioso, dormir bem para repor as energias é preciso.
A rotina cotidiana segue um ritual tácito; pois, desperto para a labuta, ligam o rádio no programa relacionado às coisas do sertão e caminham para beira do fogão. As brasas cobertas com cinza estão apostas para o sopro do renascimento.
Cuidadosamente, passa o café; e o cheiro característico invade os ambientes.