Queixas
Tenho aqui sua consulta,
Meu caro Raimundo Seixas;
Você pede opinião
Quanto ao problema das queixas.
Sem rodeios sobre o assunto,
Posso afirmar , meu irmão,
Toda queixa, quase sempre,
É conversa gasta em vão.
A gente chora, reclama.
No entanto, quase sempre,
É conversa gasta em vão.
A gente chora, reclama,
No entanto, o caso é sabido;
Lamentação sem trabalho
E voz de tempo perdido
Cada pessoa recebe
Certo serviço a fazer,
Somos nós servos da vida,
Cada qual em seu dever.
Se o espirito é rebelde,
Perante o mínimo encargo,
Inclina-se para a fuga
Começando em verbo amargo.
Lastima-se contra o tempo
Em tudo, seja onde for,
Censura-se o pó, a pedra.
O vento, o frio, o calor...
Mas, nessa história de queixas,
Você pode registrar;
Quem caminha reclamando
Principia a piorar.
Dever é um fardo do Céu
E a quem o vote a desprezo,
Surge uma lei vigorosa
Impondo ao fardo mais peso.
Parece que Deus nos cede
Uma cruz de dons extremos,
Fugindo a ela, encontramos.
As cruzes que merecemos.
Você recorda o Alexandre,
Clamava contra as chefias...
Depois, ficou sem trabalho.
Por mais de quinhentos dias.
Chorando quarenta reais.
Saiu Antônio Brotas,
Vindo logo a tromba d´água.
Levou=lhe o colchão de notas.
Reclamando anel perdido,
A irada Dona Rosenda,
Transportando vela acesa;
Incendiou a fazenda.
Após a morte do corpo
É que se quanta gente
Lastima o tempo perdido
Ao zangar-se inutilmente.
Anote o caso em você
Em ti e em derredor;
Na vida de quem se queixa.
A vida fica pior.
Se você quer ser feliz
Na Terra e no mais além,
Trabalhe , siga e prossiga
Sem se queixar de ninguém.
Uma salva de palmas brindou o poeta que do livro baú de casos onde esta o original, ele decorou.
Fizeram um pouco de silencio em seguida abriram a sessão para comunicações dos espíritos através dos médiuns ali concentrados..
Boa noite queridos irmão, bela lição contem esses versos ditos pelo irmão, não quero vos tomar muito tempo, mas, aqui estou por caridade pois durante o tempo que vivi na esfera terrestre, cometi vários desatinos, pensando estar livre para usufruir desses benefícios...
- O irmão pode falar!
- Estou muito triste, pois não acreditava na vida após a morte e aqui estou vindo dum local chamado Umbral onde padeci frio, fome e solidão...
Tudo para mim parecia o normal do depois da morte, mas, via com surpresa, caravanas resgatarem irmãos e os levando em macas para lugares onde me encontro agora.
Nossas atividades terrenas nos oferecem oportunidades de roubar, iludir e até gozar com as causas que simples operários, que nos vem procurar em busca de pagamentos de direitos que eles julgam ter, um desses, foi um mecânico de aviões que nos procurou depois de muitos anos a justiça determinou que a ele fosse pago a insalubridade, e vi diante de meus olhos a oportunidade de alegra-lo e me alegrar, dei a ele o cheque de trinta mil reais e era época de natal, ele saiu do tribunal todo feliz com a esposa, e eu e meu sócio nos abraçamos com o cheque de quatrocentos mil reais que embolsamos...
Veio o meu desencarne, e para minha surpresa vi-me no Umbral, e minha mente dizia você não respeitou os dez mandamentos e roubou o que não era seu, não me lembrei de ter feito tal ato, mas o tempo foi passando, e agora já colocado numa ala de recuperação, não tenho outro desejo que reparar o erro cometido..
- Muito bem irmão, tenha certeza que tudo será arranjado de modo que nem você nem a sua vitima serão esquecidos do Pai que nos quer como irmãos.
Anezio