Esperançar o Ano Novo
Podemos comparar nossas vidas a um livro.
Somos os protagonistas e os escritores da história que nele será contada.
Vamos escrevendo lindos versos, pequenos poemas, longas prosas, dramas e comédias.
Cada dia podemos registrar, nesse livro, grandes conquistas que alcançamos, a partir de nosso esforço e dedicação.
Também as nossas falhas, decorrentes de descuidos e ações muitas vezes impensadas.
Registramos nossos amores, lembranças queridas de nossos pais, momentos alegres com nossos filhos, períodos felizes com nossos amigos...
Escrevemos páginas sobre o que fazemos, a dedicação que temos na profissão, os bons colegas com os quais convivemos.
Em algumas delas, registramos as nossas tristezas, momentos de dor e sofrimento, de despedida e desfazimento de laços.
Capítulos e mais capítulos. Uma infinidade de palavras e de frases grafadas nesse livro pessoal.
A cada novo ano que surge, podemos reflexionar sobre os meses passados, o que estamos grafando nesse período.
É oportunidade de pensar em novos desejos, novos sonhos, realizações que pretendemos alcançar.
Nesses momentos, nos sentiremos bem se relermos algumas páginas. Aquelas que nos fizeram felizes, em que nos sentimos realizados.
E quando verificarmos as anotações dos erros cometidos, eis a oportunidade de pensar em reescrever, sem tantos equívocos.
Podemos começar nos propondo a realizar mudanças em nosso comportamento, em nossas palavras, em nossas ações, em nossas ideias.
Importante é mudar para melhor.
Quem sabe possamos nos servir de um verbo diferente nas páginas do novo ano: esperançar.
Não se trata de nada que signifique simplesmente ficar esperando.
Esperançar no sentido de nos reerguermos. De perseguir um sonho ainda não sonhado.
De construir. De não desistir.
Esperançar no sentido de levar adiante o projeto apenas esboçado. Juntar-se a outros para fazer de outro modo...
Pensemos no novo ano como a oportunidade de escrever muitas vezes esse verbo, no livro da nossa vida.
Trabalhar pelo planejado, concretizar os propósitos ainda não alcançados, conquistar a felicidade almejada tantas e tantas vezes.
Buscar ações que contribuam para um mundo melhor, com mais gentileza, mais gratidão, mais amor.
Não pensar em desistir quando a dor surgir, quando algo não der certo, quando muitas coisas pareçam estar somando contra.
Vamos seguir em frente, sem nos deixarmos ficar presos ao passado com mágoas ou lamentações. O que ficou nas páginas mal escritas deve nos servir como lições, jamais como correntes que nos possam aprisionar em situação desagradável.
Façamos o propósito de escrever lindas páginas.
O Ano Novo nos acena com a possibilidade de trezentas e sessenta e cinco páginas, em branco.
Nelas podemos escrever poemas de amor, contos de alegria e realização.
Belas histórias com as pessoas que compõem a nossa família, o nosso círculo de amizades, o ambiente do nosso trabalho.
Esperançar, desde agora.
Anezio com a colaboração da Redação do Momento Espírita, com base noartigo A resignação como cumplicidade, de
Mário Sérgio Cortella, do Jornal
Folha de São Paulo, de 8.11.2001.
Em 30.12.2020.