O desabrochar do Nacionalismo
O movimento nacionalista nasceu a partir de ideais propagados pela Revolução Francesa, e consistiu em uma série de reações advindas de um sentimento de comunidade e identidade histórica partilhada entre um povo. Do ponto de vista político, o Nacionalismo reverberou na consolidação de Estados-nação pioneiros em solo europeu, que a partir de então, surgiram como resultado de elementos em comum entre os habitantes de um território. No campo econômico, o Nacionalismo contribuiu com uma expressiva diferenciação de classes, cuja análise se acentuará ainda mais com a publicação de pensamentos de teóricos como Karl Marx, Friedrich Engels, Mikhail Bakunin e Piotr Kropotkin. Já ideologicamente, o Nacionalismo significou a união entre grupos sem ignorar os consequentes conflitos territoriais e divergências de pensamento, que também se manifestam no âmbito econômico do estudo sobre o Nacionalismo. Como exemplos historicamente referenciados, estão os movimentos separatistas e guerras como a Austro-Prussiana e a Franco-Prussiana.
As teorias desenvolvidas no período são frequentemente acompanhadas por um olhar racista e estigmatizado por crenças de peso antropológico em relação à superioridade que um determinado povo estabelecia sobre o outro. Permeadas por adjetivações positivas diante dos “grandes feitos dos brancos”, em uma perspectiva eurocêntrica, como se evidencia em frases que exaltam “os extraordinários progressos da civilização europeia”, no notável juízo de valor que considera os negros, um povo fraco e retardatário, submetido a uma administração branca e supostamente inteligente. Ideais preconceituosos imbuídos em sua respectiva visão de mundo se consolidaram grandemente a partir de unificações de antigos reinos que agora se deparavam com o ímpeto da unificação proposta como uma das mais concretas eclosões do sentimento de nação. Soma-se a isso, a visão colonizadora sobressalente, no contexto de um florescer industrial e tecnológicos cuja primavera provisória demandaria mão-de-obra, que seria sobretudo, negra.
De forma análoga à inauguração europeia do sentimento de pertencimento suscitado em revoluções, desabrochares de movimentos de cunho liberal e primaveras de povos, diversos outros grupos humanos que posteriormente seriam conquistados pelos brancos colonizadores, mantinham entre si relações de unificação em torno de práticas comuns, bem como de fragmentação diante de rivalidades inerentes à organização de uma sociedade. Contudo, o atraso histórico, político, intelectual e econômico através do qual a ideologia eurocêntrica encarava todo aquele organismo pensante considerado exterior, desconhecido e selvagem, foi um dos fatores-chave que culminou nas mais diferentes expressões de preconceito do branco frente ao negro ou ao indígena, e que persiste em concepções arraigadas de uma época já quase imemorial, pelo menos para o branco, até o momento contemporâneo. São incontáveis os argumentos aos quais o povo europeu, tão pouco miscigenado em sua heterogeneidade, recorreu no decorrer dos tempos com o intuito de justificar o injustificável: a violência, a opressão, a indução da discórdia e a escravidão e suas vertentes. Ademais, o ponto nevrálgico da ascensão nacionalista, que desestabilizou o mais poderoso dos continentes na determinada conjuntura histórico-social com os respectivos reflexos ao redor do globo, será um fator chave para a eclosão de dois grandes eventos do século XX, no qual os frutos dos movimentos nacionalistas se encontrarão em sua fase mais madura, saturada e exacerbada: Primeira e Segunda Guerras Mundiais.