Entre a Reciprocidade e a Unilateralidade nos relacionamentos
Semana passada o nosso presidente da República fez um decreto unilateral que foi digno de numerosas críticas, inclusive minha, com um texto acalorado. Ele permitiu a entrada de alguns estrangeiros no Brasil sem visto. Agora, norte-americanos, canadenses, australianos e japoneses não pagam o visto e nem passam por toda a burocracia e vagarosidade processual para visitarem nosso país.
O problema é que esse decreto foi unilateral (numa única direção) o Brasil fez sem pedir ou exigir que se fizesse o mesmo a nós brasileiros.
Só dei o exemplo acima para falar de relações unilaterais e recíprocas. Que devemos buscar relacionamentos de via dupla, não de via única.
O erro do nosso presidente cometemos muitas vezes durante a nossa caminhada. Nos damos a quem não se doa. Ou não damos o valor merecido a quem se doa e nos trata com prioridade.
Eu costumo dizer que relacionamento é igual a Economia. Só devemos investir onde há retorno. Se um dos lados não retornam, não age com reciprocidade, o relacionamento está fadado ao término, ou a continuar moribundo.
Relacionamentos sejam eles de amizade, familiar, afetivos ou até entre nações estrangeiras deve ter a Reciprocidade como base, nunca a unilateralidade.
Mas o que é reciprocidade e unilateralidade?
Reciprocidade significa que uma pessoa, nação, cônjuge, amigo etc. Só faz pelo outro o que o outro faz por ele. O exemplo que dei acima do Decreto Presidencial, fere o princípio constitucional e legal da reciprocidade entre as nações .
Unilateral é algo que está situado de um só lado, que se inclina para uma só parte ou que atende a um só lado. A palavra unilateral é formada pelo prefixo "uni", que significa "um", "único", mais a palavra "lateral" que significa lado.
Medida unilateral é a que só atende às razões e aos interesses de apenas uma das partes em questão.
Em psicologia social, reciprocidade refere-se a responder uma ação positiva com outra ação positiva, e responder uma ação negativa com outra negativa.
Eu já terminei relacionamento que havia sentimento por não haver reciprocidade e compatibilidade. Pode não parecer, mas casais que se respeitam e fazem um pelo outro e que aprenderam a ceder, ou seja, fazem pelo outro, por mais que não gostem do que estão fazendo, como no meu caso ir no show de sertanejo ou numa boate com música eletrônica, simplesmente por fazer a vontade da minha parceira. Essas atitudes tendem a prolongar a relação ou ir "até que a morte vos separe", do que está cheio de "amor" sem ser recíproco, sem ceder e sendo incompatível.
Não dá para sermos unilaterais como o decreto de Jair Bolsonaro, quando o que têm são duas pessoas, duas ou mais nações, dois os mais amigos. Nunca vai dá certo fazer pelo outro sem que o outro faça por ti.
Insistir na unilateralidade é emburrecer e se entorpecer. Além de claramente sermos insanos, como bem definiu Albert Einstein: "Insanidade é fazer a mesma coisa esperando resultados diferentes". Todos nós pessoas maduras já vivemos relacionamentos unilaterais. E sabemos onde isso vai dá. Então, não insista no erro. Pois você conhece o resultado.
Meu conselho: se não houver reciprocidade do outro não seja amigo, namorado ou cônjuge. Só entre num relacionamento se perceber que será uma via de mão dupla, nunca de mão única.
Obs.:
Reflexão acerca de Relacionamentos unilaterais e recíprocos, mostrando a diferenças de ambos. Escrito em 03/04/2019.
Vejam a matéria sobre o Decreto: https://veja.abril.com.br/mundo/decreto-do-governo-bolsonaro-extingue-visto-para-turistas-de-quatro-paises/
Texto do decreto presidencial: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/67423098/do1e-2019-03-18-decreto-n-9-731-de-16-de-marco-de-2019-67423092. Acessado em 23/10/2019.
Site jurídico expõe o princípio da reciprocidade entre nações estrangeiras: https://www.conjur.com.br/2012-jul-05/cooperacao-internacional-reciprocidade-interacao-entre-estados