Fraternidade
Desde que o Cristianismo espalhou-se pelo mundo, o grande desafio foi demonstrar nossa condição de discípulos de Jesus.
Organizamos diversos concílios para estabelecer dogmas e pontos fundamentais de uma doutrina que desejávamos estruturar, esquecidos de que o Mestre fez da natureza Seu templo e dos amigos a Sua igreja.
Promovemos guerras e conquistas, arrasando e impondo medo naqueles que não se dobravam à nossa fé, embora Ele nos tenha prescrito o amar aos inimigos.
Disputamos Seu sepulcro, como se fora troféu a ser conquistado. No entanto, Ele nos ensinara que Seu reino não é deste mundo.
Criamos hierarquias, distinções, cargos religiosos, cerimônias e celebrações, em nome dEle, muito embora Suas ações tenham se pautado na simplicidade.
Construímos belíssimas e imensas edificações em Seu nome, sem lembrar de que Ele afirmara não ter uma pedra para repousar a cabeça.
Inventamos suplícios, impusemos a tortura, acendemos fogueiras para que uma fé fosse imposta, mesmo que de aparência.
Não obstante, Ele nos alertara para não sermos sepulcros caiados por fora, guardando podridão por dentro.
Exemplificou, em palavras e atos, que viera para servir. E aquele que desejasse ser o maior, no reino que Ele anunciava, deveria ser o servo de todos.
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Prosseguimos, na atualidade, alimentando cismas, divisões, segmentando e segregando aqueles que fogem de nossos padrões, referências ou entendimento, quando falamos de fé, comportamento e religião.
Porém, o ensinamento de Jesus é claro: os Seus discípulos seriam conhecidos por muito se amarem.
Nenhuma outra condição. Simplesmente amor.
Nenhuma religião será capaz de nos conduzir à felicidade se abrirmos mão desse preceito ensinado por Jesus.
Nenhuma doutrina poderá nos plenificar, se esquecermos daquele que está ao nosso lado, de quem caminha conosco.
O Cristianismo é doutrina de ação e de relação, nos ensinando a agir em favor do outro, sem esperar que o mesmo suceda de retorno.
É o desafio de amar o semelhante, mesmo sendo considerado inimigo e mantendo-se nessa postura sem desejar mudar.
É doutrina que nos convida a orar por quem nos persegue, sabendo que esses se darão conta da postura equivocada em que ora estagiam, para algum dia, se proporem também a amar.
Cristianismo é proposta de vida que nos convida a amar e compreender, mesmo aqueles que ainda não possuem condições ou disposição de nos compreenderem.
É necessário nos exercitarmos no amor ao próximo.
Compreensão, empatia, abnegação são exercícios que nos marcarão como cristãos.
Em dias de disputa, de antagonismos ideológicos, políticos ou religiosos, a proposta do Mestre é a mesma.
Se nos entendemos ou pretendemos nos dizer cristãos, o primeiro e indispensável movimento a ser feito é em direção ao próximo, a fim de aprender a amá-lo.
Construir em nós o sentimento de fraternidade pura e simples, no amparo de uns pelos outros, sensibilizando-nos pela dificuldade ou carência do outro, de ordem material, emocional ou afetiva.
Sem isso, nada mais fará sentido.
Redação do Momento Espírita.
Em 14.9.2020.