O inefável som do Silencio

O som do silêncio... Não, isto não é algo surreal, e nem uma expressão metafórica. Às vezes precisamos parar, refletir e sintetizar o quanto isto é necessário e precioso, e como o som do silêncio é real em nossas vidas. Sou tradutor voluntário de LIBRAS, (Língua brasileira de sinais) uma das línguas oficiais do país conforme a lei 10.436 de 2002 sancionada pelo então Senhor presidente, Fernando Henrique Cardoso. Embora não tendo uma formação acadêmica nesta área, e considerando que sou autodidata, participei de alguns cursos teóricos, para aperfeiçoamento de regras da LIBRAS oficial. Diferentemente do mundo conturbado e barulhento em que nos os ouvintes vivemos, existe o mundo dos surdos que é uma realidade, um universo pertinente às pessoas deficientes auditivos, um mundo em que o som do silêncio é uma constante no qual experimentamos as mais agradáveis sensações, quando nos inserimos no mundo do silêncio.

O grande Carlos Drummond de Andrade disse em seu poema O Constante diálogo: “Mesmo no silêncio, e com o silencio dialogamos”. Infelizmente o que temos em nossos dias, é uma barulheira infernal que muitos chamam de música, dizem que isto é cultura, e outros usam o hipotético argumento de que é arte musical contemporânea. Sei que não é possível ser contra isto, porém não podem me obrigar a ser a favor, existem muitos abusos, pessoas que não tem o mínimo de educação e respeito ao direito à privacidade de outros, e estão por ai disseminando poluição sonora. São sons desconexos e sem nenhum sentido, algumas pessoas perderam completamente a noção do ridículo e do bom senso. Em minha rua há um cidadão, que com sua belíssima caminhonete vermelho, a qual ele usa para transportar seu som pessoal, e perturbar o sossego de todos os demais moradores do bairro. Este sujeito, algumas vezes tem o capricho de passar por volta de dez, ou onze horas da noite, difundindo o seu pancadão, fazendo vibrar todo o quarteirão, vidraças e janelas, É um absurdo.

Outro adaptou um alto falante em seu carro, e sem se preocupar com os decibéis que emite, e que os ouvidos alheios possam suportar, usa o mesmo estilo e ritmo barulhento do moço da caminhonete vermelha, e diz que está louvando a Deus, prega e ora aos quatro ventos, dando a entender que é um profundo conhecedor do Verdadeiro Evangelho de Cristo. Segundo o que está escrito, No capítulo 6: VS. 6 de São Matheus, o próprio Jesus Cristo disse: “E tu quando orares entra em teu quarto feche a porta e ores em secreto a Deus, porque ele em secreto te ouve, e em secreto te recompensará.”

Há sempre um argumento errado e tendencioso, insistindo que esta é a cultura de nosso povo, que o povo brasileiro é assim e, fazem acreditar que qualquer tipo de manifestação e repúdio a isto é preconceito, discriminação e cerceamento à liberdade religiosa ou de expressão. Com isto, muitos acreditam que falta de educação é cultura, ou é cultural.

Idalécio Coutinho

IDAL COUTINHO
Enviado por IDAL COUTINHO em 01/07/2020
Reeditado em 04/07/2020
Código do texto: T6992936
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