As Leis e as Forças
Se um desses seres desconhecidos que consomem a sua efêmera existência no fundo das tenebrosas regiões do oceano ; se um desses poligástricos, uma dessas nereidas – miseráveis animálculos que da Natureza mais não conhecem do que os peixes ictiófagos e as florestas submarinas – recebesse de repente o dom da inteligência, a faculdade de estudar o seu mundo e de basear suas apreciações das coisas, que ideia faria da natureza viva que se desenvolve no meio por ele habitado e do mundo terrestre que escapa ao campo de suas observações?
Se, agora, por maravilhoso efeito do poder de sua nova faculdade, esse mesmo ser chegasse a superfície do mar, não distante das margens opulentas de uma ilha esplendida vegetação, banhada pelo Sol fecundante, dispensador de calor benéfico, que juízo faria ele das suas antecipadas teorias sobre a criação universal? Não as baniria, de pronto, substituindo-as por uma por uma apreciação mais ampla, relativamente tão incompleta quanto a primeira? Tal, ó homens, a imagem da vossa ciência toda especulativa.
Essa opinião está escrita no livro A Gênese de Allan Kardec, quando nos conscientizarmos da nossa pequenez diante do Universo infindo, teremos só de agradecer ao Pai que nos coloca em escolas como a Terra para nos guiarmos pelos tais ensinos e desenvolvermos a humildade e reconhecer que muito ainda temos para aprender.
Anezio