Pequenas agressões
Importante percebermos que, quase sempre, nossos destemperos, nossas crises de desequilíbrio, esses rompantes que nos acometem no dia a dia, vão se construindo aos poucos.
Muitas vezes não é um fato isolado ou apenas uma situação que pode nos levar à mudança de humor, ou ao abalo emocional.
São pequenas e corriqueiras ocorrências que vão se acumulando e, aos poucos, desequilibram nossas emoções.
Acontece, por exemplo, de manhã, a xícara de café nos escapar da mão sujando-nos a roupa; o filho teimar em não se vestir, ignorando o tempo escasso; o trânsito nos apresentar pessoas apressadas e imprudentes.
No trabalho, encontramos o colega mal humorado e grosseiro, aliando-se ao acúmulo dos compromissos da agenda profissional.
Em família, os imprevistos que sempre acontecem, exigindo-nos uma atitude, uma providência...
Tudo isso vai se somando e fazendo o dia pesar nos nossos ombros. Também os afazeres se acumulam, sem que os consigamos vencer.
Quantas vezes despertamos com os resíduos emocionais de situações do dia anterior, que insistem em permanecer em nosso íntimo?
A isso se adicionam as situações do amanhã... E, logo mais, estamos transbordando transtornos, chegando a ser rudes com as pessoas.
* * *
A vida é efetivamente desafiadora. É feita de mil nadas, como pequenas picadas de alfinetes que machucam, sangram, nos desequilibram.
Contudo, essa é uma análise parcial do nosso cotidiano.
Ao focarmos só nas dificuldades e impedimentos, estamos esquecendo de que a vida também é feita de alegrias e oportunidades, proteções e bênçãos.
Para que o desânimo, a fadiga ou mesmo a exaustão não determinem alterações em nosso comportamento, é necessário ponderar.
Muitos problemas deixariam de nos preocupar, se não lhes déssemos importância exagerada.
Consideremos que o filho de difícil comportamento é também quem nos adoça as horas com seus beijos e afagos. Se o trânsito é estressante, pensemos em quantos nem podem se locomover, atrelados a um leito hospitalar.
Se os colegas do trabalho são inconvenientes, recordemos dos tantos que suplicam por uma ocupação e um salário.
Existem muitos problemas que deixam de nos envolver, graças à proteção de nossos amigos espirituais que, em nome da Providência Divina, nos amparam e assistem.
Dessa forma, quando nos sentirmos a ponto de explodir, façamos uma breve pausa.
Alguns minutos isolados serão suficientes para uma prece, um momento de reflexão, de meditação, buscando o asserenamento.
Orar ao Senhor da Vida, rogando-lhe serenidade e equilíbrio, é terapia de excelência para essas situações.
Um breve momento a sós, uma leitura, uma música que acalme, nos facilitará essa conexão.
A oração, seja no início do dia, pedindo amparo e proteção, seja de agradecimento, ao findar da jornada, será sempre momento de refazimento das energias e do equilíbrio emocional.
Não deixemos de orar, sempre e constantemente.
Redação do Momento Espírita, com base
no cap. IX, item 7, do livro O Evangelho
segundo o Espiritismo, de Allan Kardec,
ed. FEB.
Em 18.5.2020.