SÓ PUNIR NÃO EDUCA E NÃO CORRIGE: UM BREVE OLHAR SOBRE A FISCALIZAÇÃO DO TRÂNSITO DE VEÍCULOS, EM BUSCA DA REDUÇÃO DE VÍTIMAS E CRIMES.
SÓ PUNIR NÃO EDUCA E NÃO CORRIGE: UM BREVE OLHAR SOBRE A FISCALIZAÇÃO DO TRÂNSITO DE VEÍCULOS, EM BUSCA DA REDUÇÃO DE VÍTIMAS E CRIMES.
O trânsito brasileiro de veículos em rodovias carece de um novo olhar, com adequação à modernidade tecnológica dos autos, sem falar no aspecto da engenharia de tráfego.
Mas também devemos discutir o perfil de quem fica atrás dos volantes e à frente dos controles de bordo e do horizonte e destino almejados.
O brasileiro se acostumou a se afirmar com dotes inatos para o dirigir, sem buscar o preparo técnico e legal para tal ação. Isso foi incentivado por uma cultura antiga, impregnada pelo machismo, onde a função de motorista quase foi uma exclusividade dos homens, mesmo no atual momento, em que o preconceito ao dirigir feminino ainda é alvo de chacotas e piadas.
Os governantes relegaram uma maior atenção ao trânsito, sem contabilizar ao Custo Brasil os prejuízos agregados aos acidentes, como não só os materiais imediatos, mas o ceifar ou inutilizar de vidas altamente produtivas e de grande capacitação técnica, profissional e científica.
Como fica um lar sem um pai, uma mãe ou um dos filhos? Como fica um hospital sem seus médicos e enfermeiros? E uma obra em fase de construção, que perde seus arquitetos, engenheiros ou mestre de obras? Não é que todas as outras profissões não sejam importantes, mas o que queremos enfatizar é que o País perde bastante, quando alguém morre de causas não naturais ou fica inutilizado em cima de um leito. Há um grande custo no preparar a sociedade brasileira para a sobrevivência e para a disputa mundial por um lugar ao sol. E não podemos nos dar ao luxo de perder investimentos no bem maior que temos, que é o seu próprio povo.
É preciso retroagir os ensinamentos sobre o trânsito à condição de matéria básica e fundamental para o futuro, pois mexe inclusive no direito de ir e vir de todos nós. O aluno deve ser doutrinado para o trânsito desde seu primeiro contato na escola, pois é aí que o trânsito externo ao lar se inicia formalmente.
Se esse doutrinamento não sofrer perda de continuidade, ao chegar o dia em que legalmente seja permitido se habilitar para obter uma CNH (Carteira Nacional de Habilitação) o candidato estará quase que pronto, só restando uma última lapidação para que tenhamos motoristas mais conscientes e capacitados, resultando em melhores resultados sociais.
As montadoras de veículos têm buscado se adequar ao avanço tecnológico e de segurança veicular. Os autos e motos de hoje melhoraram substancialmente o conforto, a estabilidade, a aerodinâmica, o desempenho e consumo de combustíveis fósseis, os sistemas de freios e iluminação, dentre tantos outros recursos.
Da parte dos governos, sejam dos três níveis, é fundamental que busquem adequar a infraestrutura nacional de vias rurais e urbanas, com melhor aproveitamento dos espaços disponíveis, enlarguecendo vias, criando alternativas mais saudáveis para o trânsito, como ciclovias, metrôs, trens urbanos e rurais, percursos menos sinuosos, melhor drenagem das águas pluviais, tanto de zonas urbanas como rurais, nivelamento dos acostamentos e cobertura das sarjetas e bueiros, sinalização adequada das vias e maior presença das polícias de trânsito.
No que tange às fiscalização do trânsito urbano, esse pode muito bem ser quase todo realizado por monitoramento eletrônico, sendo que tem que haver um ordenamento que propicie fluidez e segurança, não se concebendo as vias principais e longas não terem harmonia nos seus semáforos, inclusive à noite, onde a partir dos horários de redução significativa do volume de tráfego, esses mesmos semáforos devem atuar em sinal de alerta, colaborando com a segurança pública, pois vulnerabiliza muito menos os condutores que ainda necessitem estar fora de seus lares ou locais de trabalho.
Quantos assaltos e mortes seriam evitados se os semáforos fossem controlados online por equipes 24 horas por dia? O mesmo vale para as saliências transversais, que só devem ser utilizadas em casos de extrema necessidade, pois estragam os veículos e aumentam os custos sociais, como podemos perceber no apelido de quebra-molas.
E nas vias rurais, todos estão horrorizados pela inadequação eventual das permissões de velocidade, pois temos vias com péssima conservação e traçado, mas com autorização de velocidade permitida que aceita o preceito básico do CTB, de 80, 90 ou 110 km/h para as categorias veiculares. Mas, ao mesmo tempo, convivemos com rodovias duplicadas que ainda insistem num limite geral de 80 km/h, sem que sejam reavaliadas as adequações aceitáveis.
Se temos permissões em zonas urbanas para vias de até 80 km/h, por quê encontramos locais ermos com sinalizações para 40 ou até 30 km/h, quando na verdade caberia sim uma passarela sobre o local ou uma passagem subterrânea, visto que liberaria a fluidez do tráfego e aumentaria a sensação de segurança, por inibir ações criminosas nesses locais.
E, por causa dessas sinalizações nem sempre racionais, é que percebemos as instituições policiais, que são os fiéis guardiões do povo, contra os delitos pretendidos por uns poucos que não querem a harmonia social ou querem se locupletar com a vulnerabilidade do indivíduo, a colocar viaturas nos trechos rodoviários, fiscalizando não só as possíveis infrações penais, mas também às legais, sem obter os resultados pretendidos.
O que queremos discutir apenas são os modos de se buscar a almejada sensação de segurança, tanto pública como física, no âmbito das vias de tráfego, visando também a redução de vítimas fatais ou por lesões nos milhares de acidentes que anualmente ocorrem. Pois percebemos que as instituições foram debilitadas as longo do tempo, talvez sem premeditações maquiavélicas, mas que permitiram que seus efetivos humanos fossem limitados ou até diminuídos, ao passo em que o contingente veicular aumentou exponencialmente, junto com a violência pública, sem falar da malha viária que também cresceu ou passou a ser utilizada e necessária para atender às novas fronteiras habitacionais e econômicas, demandando novas políticas de logística, que nunca vieram a ser implementadas ou priorizadas pelos gestores públicos que tivemos até hoje.
Isso é dito pelo fato de que percebemos, através da mídia, que certas ações públicas têm sido atreladas a interesses escusos ou obras intermináveis e mau feitas, para benefício de corruptos.
Agregados a todos esses questionamentos, é necessário também se discutir o modo como as forças policiais planejam suas ações. Pois o que vemos são gestores querendo apenas apresentar relatórios midiáticos, com expressão em número de multas e veículos apreendidos, quando o mais importante seriam as ações preventivas e não as ações corretivas e simplesmente punitivas, onde se percebe um viés confiscatório e cruel para com um cidadão mau preparado para lidar com leis que nem compreende, muita das vezes, ou até desconhece.
Também é imperativo exaltar a necessária implementação de políticas de inteligência policial, pois somente com muita investigação e dedicação é que poderemos ter uma polícia e uma justiça que ajudem a sociedade a se tornar mais justa e harmônica, pautada em interesses e atitudes altruístas, combatendo tudo que realmente seja contra a saúde e o bem estar de todos nós.
Sabemos que a sociedade tem seus subterrâneos e esgotos, onde algumas pessoas caminham e sujam suas almas, com atitudes mesquinhas, egoístas e vis, disseminando o ódio, a inveja, a usura e as presunções de haver pessoas melhores que as outras, quando todos nós somos apenas a espécie homo sapiens sapiens, que estará nesse planeta até que a evolução natural nos permita ou que saibamos lidar com o mistério da vida, de modo a protelar a nossa existência como graça divina.
Todavia, é preciso entender também que muitas pessoas são tentadas a muitos vícios, nem sempre bons, e acabam vítimas de outras pessoas nefastas, traficantes, agiotas e tantos outros pervertidos. E essas pessoas precisam é de tratamento e apoio familiar e institucional.
As rodovias, que ainda é o modal mais utilizado no Brasil, são as portas de entrada de tudo que precisamos, mas também é o canal por onde escoam quase tudo de ilícito que contamina a nossa sociedade. São desde drogas ilícitas, a armas, contrabando, descaminho, até tráfico de animais e pessoas, assaltantes, assassinos e até vítimas de sequestros. E tudo isso, salvo algumas ações vencedoras de apreensões e prisões, fruto quase sempre de denúncias prévias, demanda um setor de inteligência bastante estruturado e atuante, compromissado com a causa pública e social.
Por isso, em vez de ter viaturas o tempo todo a só praticar o monitoramento de velocidade e ultrapassagens em retas, elas deveriam estar nos locais sinuosos e de alto índice de acidentes, inibindo ações pela simples presença da polícia, que aloca boa parte dos seus efetivos em ações meramente administrativas e burocráticas, que deveriam ser feitas por funcionários especificamente concursados para tais funções, e não desviando policiais para esses setores, o que contribui para os parcos efetivos dedicados à atividade finalística das polícias, comprometendo algo em torno de 1/3 dos quadros.
E são eventos midiáticos a todo tempo, como se isso encobrisse a ineficiência real, que apenas engana o povo desprovido de senso crítico. É preciso agir no âmago da força que sustenta o crime organizado, investigando suas fontes de renda e como elas são mantidas, armazenadas ou desfrutadas. E isso só com muita vontade, força de espírito e caráter, que é o que esperamos dos que se predispõem ao mister policial.
Afinal, quem não sabe ou desconfia quando alguém muda bruscamente de padrão de vida sem demonstrar a origem de tais opulências?
O Brasil está como um texto de rascunho, que precisa ser passado a limpo!
Publicado no Facebook em 15/05/2018