Barragens assassinas

No dia 05 de novembro de 2015, o município de Mariana – MG., foi vítima de uma tragédia ambiental e humana, causada pelo rompimento da barragem Fundão, da mineradora Samarco, quando uma avalanche de lama estimada em 43 milhões de metros cúbicos contendo resíduos de ferro e sílica inundou o rio Doce e invadiu propriedades rurais e várias casas no distrito de Bento Rodrigues causando 19 mortes e cerca de 500 desabrigados.

Foi a maior tragédia ambiental do país até o momento, que devastou plantações ribeirinhas e contaminou o solo e a água, e causou a morte de muitos animais selvagens e domésticos. Um mês após o acidente foi constatada a morte de cerca de 10 toneladas de peixes que boiaram no curso do rio Doce entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Conforme ambientalistas, o rio pode demorar até 10 anos para se recuperar da lama tóxica. Os moradores de Bento Rodrigues foram removidos para Mariana, onde esperam por um assentamento até os dias de hoje.

Devido a nossa displicência e falta de sorte coisas ruins tendem a se repetir, por isso, temos que nos prevenir. Na última sexta-feira (25), por volta das 13:20, no município de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, o reservatório I da mina Córrego do Feijão contendo cerca de 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de água, ferro e sílica, da mineradora Vale se rompeu causando um mar de lama que desceu o córrego do Feijão e rio Paraopeba a uma velocidade de 70 km por hora alagando-os com uma profundidade de até 15 metros, e destruindo plantações e propriedades rurais e urbanas. Um prédio administrativo, o restaurante da Vale e uma pousada sumiram do mapa, e muitas pessoas, veículos foram arrastados. Até o momento, 65 corpos foram encontrados e cerca de 279 pessoas estão desaparecidas, número que deve aumentar pela falta de informação.

Desde o rompimento da barragem do Fundão em Mariana, este tipo de barragem que utiliza o método de alteamento a montante, em que os resíduos minerais são amontoados em camadas aumentando o reservatório, por ser defasado, é proibido. No Chile, por exemplo, esse método está proibido desde 1974. Conforme o site da Agência Nacional de Mineração (ANM), existem no país 839 barragens de rejeitos de mineração, sendo 130 usando o método de alteamento a montante, e 146 fiscais. Ou seja, é preciso aumentar o número de fiscais e fiscalização, modificar ou destruir essas barragens para evitar novas tragédias. Enfim, é um problema a ser resolvido a longo prazo.

O brasileiro é solidário. Além das polícias militares, civil e técnico-cientifica, bombeiros, defesa civil de Minas Gerais, bombeiros de outros estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Goiás e Alagoas também se juntaram nas buscas. O governo do Estado de Israel também nos enviou 136 militares com equipamentos sofisticados como sondas e radares para ajudarem no encontro de vítimas. Também estão a postos centenas de voluntários, com atendimento médico e psicológico, servindo alimentação, água, remédios. Há muitas doações e apoio espiritual como orações. A Vale está disposta a colaborar com as investigações. Mas o momento não é de apontar culpados, mas de encontrar uma solução.

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 29/01/2019
Reeditado em 01/02/2019
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