Eu Também vou Reclamar

Depois de 50 anos, graças a internet, o movimento hippie chegou ao Brasil. País atrasado em tudo, Raul estava anos luz à frente de seu tempo: "Eu também vou reclamar"; bater panelas; apoiar greves; fazer o sinal da cruz em respeito ao cortejo da santa; apoiar o saqueamento do caminhão tombado com alimentos; berrar contra a saidinha de banco; soltar palavrões ao ar; qualificar os fora da lei de fascista; pedir a liberdade do presidente preso inocentemente; provar que o Temer tomou o poder através de golpe político; auxiliar outros amigos de como correr aceleradamente da bala perdida; pedir clemência para os órgãos de crédito; comunicar o Datena sobre o latrocínio ocorrido em tempo real; mas sentado confortavelmente em minha cadeira, tateando as teclas do computador e papeando descontraidamente com o íntimo do navegador Google. Santo Google.

Aliás, aprovando o movimento, Google seu vagabundo, aja rápido, urgente e pare, dê fim à Greve. "Ocês que se virem, quem manda "proiá" a bunda na cadeira e não lavrar a terra? Eu venho de países de primeiro mundo; IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) 10; povo civilizado; onde não há monopólio de combustíveis; gari tem seu valor social e humano; lixo é na lixeira; investimento zero em sistema prisional; muitos e variados meios de transporte; idoso é respeitado; países que o futebol não é meio de alienação. De onde venho, as edificações são construídas para abrigar geração e mais geração e não desabrigar. Ôô, já falei, enalteci meus bons feitores demais! Ao brasileiro, torço e muito, para que em breve aconteça greve dos eletricitários, seguido de apagão, assim não me dói a cabeça, não enche os picuá. O povinho pidão, do caralho, sô! E vagabundo sou eu. Chupim toma o ovo, bota no ninho e quem cria, leva a fama é o coitado, o traído pardal. Câmbio, desligo".

"Antes de finalizar, retomo: e se antes de conhecer-me, o dicionário não lido era o pai dos asnos, agora sou eu, o pai dos Hippies modernos brasileiros. O que tem de intelectual brasileiro escrevendo com minha inteligência artificial, é assustador!"

Ass.: Google

O Brasileiro tem síndrome de cão vira lata, ao primeiro sinal, dá alarme, rosna, fareja, late, cacareja. Ao segundo, corre de volta e recua para se esconder; e o esconderijo, um bunker talvez, quanto mais alto, gradeado e seguro, melhor. Bateu o pé, o brasileiro cria asas e voa; todavia, brasileiragem hoje, fuleiragem amanhã, brasileiragem que segue e em breve teremos: "fura o meu, fura o meu, fura o meu Neymar".

E dá-lhe FUTEBOL, ócio alienante, droga alucinógena do povo! Estava calado, quieto em meu canto sofrendo as mais severas cobranças psicológicas, mas agora resolvi registrar uma queixazinha e rosnar meu descontentamento; e enquanto o país aplaudiu de pé, chamando-os de heróis, não aprovei a greve dos caminhoneiros. Deveria parar na copa, um mês na boa, sem interrupção. Assistiria todos os jogos ao lado do braseiro, com a taça na mão. Estou preocupado, pois ficarei sem ver o sensacional embate futebolístico mundial entre Panamá e Egito; tudo por culpa da falta de escrúpulo, empatia, planejamento, logística e covardia desses irresponsáveis sociais.

Saibam todos, que apressado, quem desce a ladeira sem engrenar o motor do Ford velho, além do risco de não tangenciar a curva, come a refeição crua. Greve Já, seus traidores do movimento!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 30/05/2018
Reeditado em 01/06/2018
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