Purgatório
Purgatório
Emmanuel
Francisco C. Xavier livro (Justiça Divina pag. 14. ed. 4)
Aprendeste a venerar os heróis do passado e suspiras igualmente pelo ensejo de exaltar a virtude.
Na senda cristã, rememoras o tempo glorioso dos mártires, invejando lhes o destino.
De outras vezes, sonhas chegar ao plano espiritual por sublime aparição de brandura, asserenando as almas impenitentes.
Em muitas ocasiões, no limiar do repouso físico, pedes admissão ao serviço dos benfeitores desencarnados, diligenciando o próprio adestramento em obras de instrução e consolo.
Entretanto, quase nunca te lembras de que te encontras no mundo, assim como quem vive temporariamente no purgatório. Não precisas entregar a própria carne ao dente das feras para demonstrares fé em Deus; nem desvencilhar-te do corpo denso a fim de exerceres os misteres da caridade.
O amor infinito se expressa em toda parte, e a Terra em que respiras movimenta-se a pleno céu. Embora na parcela de luta que o passado te atribui ao presente, reflete no ideal de servir e surpreenderás o divino momento de auxiliar, seja onde for.
Tens na própria casa, os pais sofredores, os filhos inquietos, os irmãos menos felizes e os parentes agoniados. Identificas no trabalho, chefes irritadiços, subalternos amargos, clientela exigente e colegas enigmas. No campo social, relacionas amigos problemas, adversários gratuitos, companheiros frágeis e observadores intransigentes.
E, tanto nos becos mais simples quanto nas mais largas avenidas, segues ao lado de corações que a sombra enredou na teia das grandes provas. Todos, sem exceção. Esperam de ti a migalha de amor e a esmola da paciência.
Purgatório! Purgatório!...Todos nós, consciências endividadas estamos nele. O remédio, porém, é o caminho da cura. Ajuda aos semelhantes para que os semelhantes te ajudem. Aqueles que nos rodeiam são hoje os grandes necessitados. Amanhã, contudo, é possível que os grandes necessitados sejamos nós.