Da Revelação

DA REVELAÇÃO

No sentido litúrgico, a revelação implica uma ideia de misticismo e de maravilhoso. O materialismo a repele naturalmente, porque ela supõe a intervenção de poderes e de inteligências extra-humanas. Revelar é dar a conhecer uma coisa desconhecida; é ensinar a alguém aquilo que não sabe. O professor perante os alunos faz uma revelação.

Os pais mandam seus filhos à escola para eles descobrirem através dos livros e dos professores àquilo que eles devem saber a fim de conviverem em igualdade de condições com os que os precederam.

O professor é um revelador de segunda ordem pois só revela aquilo que aprendeu. Já o homem de gênio ensina o que ele próprio encontrou é um revelador primitivo.

Incontestavelmente os homens progridem por si mesmos e pelos esforços da inteligência.

Todos os povos tem tido os seus homens de gênio, que vieram em diversas épocas dar um impulso e os tirar da inercia.

Desde que se admite a solicitude de Deus por suas criaturas por que não se admitiriam Espíritos capazes, por sua energia e por sua autoridade de conhecimentos, fazer avançar a humanidade, incarnando-se pela vontade de Deus, visando a ajudar o progresso num determinado sentido? Que recebam uma missão, como um embaixador a recebe de seu soberano? Tal é o papel dos grandes gênios. Que vem fazer, senão ensinar aos homens verdades que estes ignoram, e que ainda teriam ignorado por longos períodos, a fim de lhe dar um trampolim com a ajuda do qual poderão elevar-se mais rapidamente? Esses gênios que aparecem através dos séculos, como estrelas brilhantes, deixam depois de si uma longa esteira luminosa sobre a humanidade, são missionários ou, se se quiser, messias. Se não ensinassem aos homens senão o que sabem, sua presença seria completamente inútil. As coisas novas que eles ensinam, sejam na ordem física ou ordem moral, são revelações.

Mas quem são os homens de gênio? Por que são homens de gênio? De onde vem? Em que se tornam? Notemos que, em maioria, ao nascer trazem faculdades transcendentes e conhecimentos inatos, que basta um pouco de trabalho para desenvolver. Pertencem realmente à humanidade, desde que nascem, vivem e morrem como nós. Onde, pois, adquiriram esses conhecimento que não puderam aprender em vida? Dir-se-á, com os materialistas que o acaso lhes deu a matéria cerebral em maior quantidade e melhor qualidade? Neste caso, não teriam mais mérito que um legume maior e mais saboroso que outro.

A resposta está na Preexistência da alma e na pluralidade das existências. O homem de gênio é um Espírito que viveu mais tempo, que tem, consequentemente, adquirido mais e progredido mais que os menos adiantados. Incarnando-se, traz o que sabe, e como sabe mais que os outros, sem ter necessidade de aprender, é o que se chama um homem de gênio.

Se Deus suscita reveladores para as verdades cientifica, com mais razão pode suscitá-las para as verdades morais, que são um dos elementos essenciais do progresso. Tais são os filósofos, cujas ideias atravessam os séculos.

As religiões em todos os tempos foram instrumentos de dominação. Prevendo tal coisa vemos no capitulo XXI no Evangelho segundo o Espiritismo “Haverá falsos Cristos e falsos profetas.

O islamismo pode ser considera como um derivado de concepção humana do mosaismo e do cristianismo. Para acreditar a religião que queria fundar, Maomé teve que se apoiar sobre uma suposta revelação divina.

O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade. Toda revelação manchada ou sujeita a mudança não pode emanar de Deus, porque Deus não pode enganar conscientemente nem se enganar. É assim que a lei do decálogo tem todos os caracteres de sua origem, ao passo que as outras leis mosaicas, essencialmente transitórias, por vezes em contradição com a lei do Sinai, são obras pessoais e politicas do legislador hebreu. O Cristo dele fez a base de seu edifício, enquanto aboliu as outras leis. Se elas tivessem sido obra de Deus, ele teria evitado nelas tocar. O Cristo e Moisés são os dois grandes reveladores que mudaram a face do mundo e aí esta a prova de sua missão divina. Uma obra puramente humana não teria tal poder.

Na época atual uma nova revelação se realiza. É a que nos mostra a possibilidade de comunicar com os seres do mundo espiritual. Vide Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, Com o primeiro nos trazendo mais de quatrocentos livros psicografados e o segundo com mais de oitenta. Esses livros, mais as palestras que deles se inspiram, fazem crescer ainda mais nosso respeito por esse Pai que tanto nos ama.

Anezio