A IMPORTÂNCIA DAS MÍDIAS SOCIAIS NAS MANIFESTAÇÕES NO BRASIL

Durante todo o mês de junho de 2013, adentrando julho e seguindo-se alguns meses adiante, milhares de jovens ocuparam as ruas de grandes cidades e capitais brasileiras, provocando uma onda de manifestações no país inteiro. Tirando o fato de que houve certo exagero da parte de alguns, com cenas de vandalismo e violência gratuita, ainda assim, a maioria conseguiu garantir importantes vitórias nas ruas. Suas bandeiras de luta giravam quase sempre em torno da conquista de direitos e de melhores condições de trabalho, deixando transparecer também certa insatisfação com a mídia tradicional e com a sua forma de atuação em meio aos protestos. Dessa forma, a luta passou a ser, do mesmo modo, pela democratização dos meios de comunicação.

A cobertura desses protestos pela mídia de massa não foi muito bem recebida pelos manifestantes. Acusada de manipulação por muita gente, a imprensa foi também alvo de protestos durante as manifestações. Em meio às greves e passeatas, não eram raros ouvir-se gritos de "abaixo a Rede Globo", com repórteres e jornalistas de grandes empresas sendo destratados publicamente. Chegaram, inclusive, a incendiar carros da Rede Globo e da Tv Record em plena luz do dia.

Não é de hoje que a população já percebeu que a mídia tradicional manobra suas posições de acordo com seus interesses, diminuindo e tentando desqualificar qualquer movimento, principalmente sindical, porque ela tem interesses econômicos por trás disso. Afinal, a grande mídia, de um jeito ou de outro, será sempre financiada pelos grandes empresários.

A partir do momento em que a mídia é identificada com uma representação do poder, as grandes empresas de comunicação perdem o fascínio de uma parte dos manifestantes, que ainda buscam nela alguma fonte de confiabilidade. Entretanto, à medida que a mídia presta um bom serviço à população, levando uma informação séria e aparentemente imparcial, registrando somente aquilo que se passa, talvez ela cresça em credibilidade aos olhos dos manifestantes mais desconfiados.

Por outro lado, o uso das mídias sociais se apresenta hoje como uma realidade no mundo, um fenômeno que não para de crescer. Somente aqui no Brasil, já são mais de 74 milhões de pessoas que possuem perfil apenas no Facebook, uma mudança profunda e inevitável na forma como nos comunicamos e até compreendemos o mundo. E o que presenciamos em toda parte com as crescentes manifestações em todo o país, não é apenas uma coincidência com o crescimento dessas mídias sociais. A força dominante das redes sociais aliada aos protestos, trouxe às manifestações populares um poder maior de engajamento e articulação.

O principal papel das mídias sociais nessas manifestações foi o mesmo em todo mundo. Sabemos que são elas quem dão voz, multiplicam a rapidez da informação, conectando as pessoas de forma inédita na história contemporânea da comunicação no mundo. Até porque, nas mídias sociais não existe limite de tempo ou de espaço e, consequentemente, tudo se torna contínuo. Pessoas de diferentes localidades podem se comunicar livremente, tecendo comentários e compartilhamentos sem a preocupação de cerceamento ou censura.

Devido o número elevado de usuários, o compartilhamento de informações e opiniões pelas redes sociais levou às grandes massas uma força de organização bem maior. A possibilidade de contato é algo assim, quase instantâneo, agregando ideais e interesses comuns, e fazendo as pessoas saírem às ruas por eles.

E o que se viu nessas últimas manifestações foi a vontade de todos os brasileiros, de gritar por mudança, um grito que se encontrava abafado por vários anos. A junção das mídias sociais e dos modernos smartphones, espalhados nas mãos de milhões de brasileiros ávidos por mudança, possibilitaram a realização de um dos mais agitados fatos da história contemporânea de nosso país. Os dias decisivos em que o nosso povo, antes adormecido, parece agora ter despertado e tomado ciência de sua força e de seus direitos.

A composição deste Artigo foi baseada em alguns sites e depoimentos de manifestantes.

Paulo Seixas