TODO MUNDO E NINGUÉM

Um grande homem das letras e das ações foi Gil Vicente, dramaturgo português da Idade Média. Desde aquele tempo, Todo mundo reclamava das coisas e da vida, mas Ninguém fazia absolutamente nada!

Uma das reclamações de nossos dias diz respeito à maioridade penal. Se for menor! Pensa o guarda, pensa o advogado, pensa o político, pensa o malandro, pensa todo mundo! Ninguém fica de fora.

Menor não vai preso! Menor pode! Todo mundo sabe. Ninguém é besta!

É de assustar a bizarrice de nossas leis. Leis ultrapassadas, textos que oferecem dupla interpretação, punições severas para situações mais leves, punições ridículas para crimes, de fato, hediondos. E, a cada caso envolvendo um menor, a cada tragédia de um João Hélio, Todo mundo se pergunta: e a redução da maioridade penal? Até quando? Até quanto? Ninguém sabe.

Depois o assunto esfria, a novela começa e a discussão toma outra caminho. Mas há vários selvagens nas ruas. A rua está repleta deles. Fumam maconha, usam crack, circulam pelo centro das grandes cidades. Muitos injustiçados pelo "famigerado sistema", mas a menina que queria brincar, o garoto que saía com a mãe, o desavisado que passava na hora do tiroteio... eles não têm culpa! Quase Todo mundo sabe.Quase Ninguém duvida.

Hoje, o que vemos é a permissividade em todas as áreas. Todo mundo pode tudo, mas, no fundo, Ninguém pode nada. Ilusão de tempos cibernéticos. Todos querem direitos, entretanto, ninguém quer cumprir nada.

Em vários países desenvolvidos, o menor, seja qual idade tenha, é punido rigorosamente dependendo do crime que tenha praticado. Não é crueldade, simplesmente, lei. Algo que é claro e objetivo para todos. Ninguém fica de fora!

Aqui, mata-se e rouba-se com a velocidade da luz. Todos os dias o dia inteiro. Menores são levados para a ressocialização, no entanto, a ressocialização não atinge o mínimo satisfatório. A grande maioria volta a praticar os mesmos crimes.

Para piorar, como se isso fosse possível, ninguém recebe punição, mas tem direito, como todo mundo, de participar da eleição.