A sociedade, uma reflexão...
Texto escrito a partir da reflexão sobre o texto da amiga poetisa Letranda, "Conceitos contundentes."
Vivemos em uma sociedade individualista, onde os direitos e os deveres se confundem em meio a conceitos, muitas vezes equivocados. A sociedade tem avançado e muito, mas este avanço nem sempre significa progresso social, principalmente quando os conceitos utilizados fazem um desserviço à uma convivência coletiva saudável.
A família, a escola e a sociedade são pilares que sustentam um conjunto, através do qual a educação se concretiza e se estabelece. Cada um tem o seu papel específico e cada um deve cumprir com os seus objetivos, sob pena de se verem refletidos na sociedade os seus vícios e as suas deficiências. Um ser social é, antes de tudo, um ser individual, com toda a sua carga familiar e educacional, adquirida através dos anos. A escola tem a sua importância, mas a célula familiar tem ai o seu papel preponderante, pois ela deve, necessariamente, acompanhar o ingresso desse ser individual na sociedade, orientando-o e dando os limites necessários para que, da célula familiar, o ser possa se sociabilizar e se adequar às regras já estabelecidas pela sociedade em todos os setores.
Não se fala aqui de adequação como aceitação total e irrestrita, mas apenas e tão somente em adaptação para a necessária convivência, com respeito aos direitos e deveres fundamentais para todos. Os equívocos ocorrem quando a sociabilização se dá através dos vícios trazidos do núcleo familiar e das deficiências do sistema educacional e não encontram na sociedade os meios necessários para a devida adequação. E, neste caso, apenas as leis coercitivas não serão eficazes, se fazendo necessário também um envolvimento maior da sociedade, não só com políticas públicas sociais adequadas, principalmente na área de saúde, voltadas para a reestruturação desse ser ainda em formação, como também da participação de todos, enquanto seres sociais.
Mas a sociedade constantemente prefere fechar os olhos para estas questões fundamentais e propostas, a meu ver, equivocadas surgem como pretensas soluções para um problema que é visto como individual, mas que afeta a sociedade como um todo.
Um ser social deve ser tratado como tal, principalmente quando está no processo de inclusão e não deve ser simplesmente apartado da sociedade, em guetos ou nas prisões, verdadeiras fábricas de marginais. A questão da violência manifestada por alguns jovens, em episódios recentes, tem sido utilizada para uma maior radicalização, com respeito a leis mais duras e, supostamente, mais eficazes.
Acredito que a sociedade realmente está em um momento especial, no sentido de avançar em discussões mais profundas e esse momento deve ser utilizado, não para endurecer, mas para que se possa encontrar os meios mais apropriados para uma total e real inserção desses jovens na sociedade, favorecendo não somente ao ser individual e ao grupo familiar, como também à sociedade que o deve acolher.
Quero crer que a razão se sobreporá à emoção e que o momento será utilizado para transformar e não somente para radicalizar.