A VIDA É UM FILME TRASH
A VIDA É UM FILME TRASH
“Motorista bêbado arranca braço de ciclista”, “Jovem perde o braço num acidente em São Paulo”, “Motorista foge após decepar braço de um jovem”, essas são algumas manchetes largamente divulgadas pela mídia ao longo das últimas semanas. A primeira ideia que me veio na cabeça após essa noticia foi o roteiro para um filme trash, daqueles cruelmente violentos e sanguinários. O fato é que infelizmente nos dias de hoje a vida real se confunde com a ficção, de forma que fica difícil de acreditar que tais absurdos ocorram tão comumente.
Comecei a pensar nessa relação entre os filmes e a vida, e percebi que podemos fazer analogias com qualquer gênero cinematográfico; por exemplo, os nossos representantes políticos com suas trapalhadas poderiam retratar ótimos filmes de comédia, pois já são uma paródia em si mesmos, as perseguições policiais dos “Datenas da vida” são os filmes de ação e tiroteio, que não deixam de ter o seu lado trash, que sempre traz bastante audiência e da muita bilheteria. Finalmente temos o drama da pobreza, saúde e educação, que parecem já cristalizados na sociedade brasileira, claro que o nosso BBB ( Bundas Bacanas do Brasil) por si só consegue criar filmes pornográficos na imaginação de muita gente.
O mais impressionante é que o ser humano possui um prazer bizarro na miséria alheia, parece que temos uma estranha necessidade de ver os outros levando a pior, uma curiosidade medonha em crimes, acidentes, violências e tragédias. Isso sustenta uma mídia decadente, e faz com que constantemente realimentemos a nossa própria perversidade, de forma que não haja críticas ou soluções, apenas digerimos o que nos apresentam, e transformamos a nossa vida num filme trash, desses que querem expor os acontecimentos, mas com um roteiro pobre que quase nunca faz sentido.