Um Sonho Nunca Morre, Ás Vezes Adormece
Uma visita que fiz recentemente a UFPB em João Pessoa me reanimou a por em prática um projeto antigo. Na verdade um sonho que ainda criança idealizei, mas deixei adormecer com o tempo. Talvez por receio de seguir adiante, pela falta de apoio ou pelo simples, mas significativo, fato de não termos a cultura e seus artistas valorizados ou reconhecidos em nossa cidade que, infelizmente, aprendi a chamar de terra de ninguém.
É lamentável que artistas como eu que escrevo, desenho, componho e faço poesias permaneçam quase anônimos num lugar com menos de vinte mil habitantes. E isso se refere a vários outros artistas. Já quando saímos para outras cidades somos reconhecidos nas ruas, elogiados. E isso faz uma diferença enorme.
É incrível e muito triste observar que o ser humano é julgado pelo que é ou pelo que tem. E não pelo que sabe ou o que pensa. Nem mesmo pela história de vida que possa deixar para os que virão.
Lá na UFPB, vendo toda aquela miscelânea de pessoas com seus costumes, histórias únicas, idéias, excentricidades, crenças, sonhos, projetos de vida, estilos e modo de pensar e agir distintos, fiquei encantado... Maravilhado. Confesso que me surpreendi com tanta miscigenação explícita e exuberante que parecia infinita. Vi uma fome de cultura numa troca de experiências fantástica. Um amadurecimento em busca de aprendizados que ao mesmo tempo faz o ser humano sentir-se humano de verdade e mostrar seus verdadeiros valores como pessoas. Como cidadãos livres. E isso é muito importante.
O mundo mais parece antropófago, eu sei. Mas ao invés de devorarmos uns aos outros, devemos nos alimentar de experiências, aprendizados... E olhar as pessoas com os olhos da alma, do coração. Não devemos julgar para não sermos julgados. Está escrito. Portanto devemos amar para sermos amados, não acha? Que tal fecharmos os olhos que só enxergam a aparência e ambição? Vamos trocar idéias com aquele que está descalço! Aquele mendigo que você não da importância! Ou aquele senhor com o rosto todo enrugado e o corpo fragilizado pelo tempo e que você o ignora, despreza ou desrespeita. Já parou pra pensar que cada ruga que ele traz no rosto e no corpo é uma década, um ano, um mês ou um dia de história e de labuta vividos?
O mundo é uma salada de gente. A vida é um suco de experiência sem fim. E a sorte é você quem constrói a cada dia. O seu destino é você quem constrói. E se tiver humildade e respeito o futuro será sempre próspero e abençoado. Pense nisso e olhe ao seu redor calmamente.
Foi assim que eu, vendo toda aquela suculência de cores, aromas, rumores e sabores na UFPB, voltei decidido a realizar meu sonho de criança e difundir minha arte e a cultura desta cidade que, quero aprender a amar e me alegrar quando, um dia, eu enxergar uma evolução cultural e sentir a necessidade de chamar Alhandra de “meu canto, meu lugar”. Pois é uma cidade que tem muito a crescer. E tem espaços a conquistar com a arte e seus artistas naturais ou residentes. Apenas falta incentivo a arte e a cultura. Pois Alhandra é como um mar cheio de ondas e balanço. Cada onda é uma arte, uma cultura. Cada balanço é um artista que se perde no tempo por falta de apoio. Por isso somos obrigados a sermos artistas independentes na luta pela estrada de nossos horizontes. Na busca de um lugar ao sol. No desejo de termos a nossa arte difundida para que mais pessoas saibam que arte e cultura pode sim, substituir as drogas e a marginalidade.
Vamos fazer de nossas vidas um canibalismo cultural. Devorar livros, artes e aprender sem limites uns com os outros. Fazer a nossa historia. Seguir nosso caminho e deixar um pouco de nós para os que virão. Fincar nossas raízes. Intensificar nossas esperanças.
Podemos ser antropófagos sim, mas com miscelânea e miscigenação. Vamos dar um não a misantropia e dizer sim a liberdade de expressão cultural.
Podemos mudar nossa história. Podemos mudar o rumo de nossas vidas. Podemos mudar nosso país. Podemos construir nossa evolução... Podemos ser nós mesmos. E quem sabe até mudar o mundo? Afinal, nada acaba quando não há mais razão de viver, pois lá no fundo todos nós, mesmo angustiados ou decepcionados temos uma razão de viver. De ser feliz. Por menor que seja, mas temos. Dizem que a esperança é a última que morre. Mas assim como um sonho de criança, na verdade ela nunca morre. Apenas adormece. E tudo só acaba quando a vida acaba...
Esse artigo foi publicado no site www.alhandraemfoco.com, onde frabhen Arievyh assina uma coluna pessoal no dia 28 de julho de 2012
Farbhen Arievyh é compositor, poeta, cantor, escritor e artesão. E ainda trabalha como agente comunitário de saúde. Recentemente a cantora internacional Daniela Mercury elogiou bastante a voz e a música desse multiartista.
Lançou recentemente seu cordel, intitulado "DESABAFO DE UM POETA", que está fazendo muito sucesso e pode ser comprado pelos correios através do celular 83 81262647
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