Escândalos nas igrejas

O Ministério Público de São Paulo abriu uma ação criminal contra o fundador da Igreja Universal do Reino Deus, Edir Macedo e mais 09 diretores, em que são acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O motivo da ação foi a quebra dos sigilos bancários e fiscais da Igreja entre os anos de 1999 e 2009, que constatou o patrimônio acumulado dos envolvidos supostamente oriundo de doações de fiéis da referida Igreja.

Conforme a ação os acusados há muito vêm usando o dinheiro dos dízimos e das ofertas dos fiéis da igreja Universal para a aquisição de empresas registradas em seus nomes, e outros bens como casas, terrenos, aviões, etc. A Rede Record que pertence a Edir Macedo foi adquirida com recursos da Igreja; outras 19 empresas do grupo foram adquiridas de forma ilegal.

Sobre a lavagem de dinheiro, há o esquema de empresas fantasmas, laranjas, que só existem no papel, onde o dinheiro dos fiéis são depositados e enviados para paraísos fiscais, isto é, países onde não se exigem a origem do dinheiro, e voltam na forma de empréstimos. Também existe o superfaturamento dos programas pagos pela igreja exibidos pela televisão Record. E outras operações irregulares estão sendo investigadas.

Ainda conforme o MP/SP a Igreja Universal está presente em mais de 170 países, e só no Brasil há cerca de 8 milhões de seguidores. Uma arrecadação imensa, e que isenta de impostos deveria ser investida na construção e manutenção de templos e obras sociais.

No Brasil não existe uma religião oficial, e há liberdade de culto prevista na Constituição Federal; razão pela qual existem muitas denominações religiosas e seitas. As igrejas evangélicas, mais precisamente as neo-pentecostais têm crescido muito ultimamente, pois pregam curas milagrosas e prosperidade, isto é, riqueza para os seus fiéis, mas em troca exigem muitas ofertas. Muitos fiéis são iludidos a doarem altas quantias, e depois entram na Justiça para reaverem o prejuízo quando sentem que foram enganados.

Os fiéis são iludidos pela própria fé a fazerem as doações, e não são coagidos. As igrejas agem na forma da lei, mas exploram a religiosidade das pessoas. Sobre o dízimo só há citação no Velho Testamento. No Novo Testamento, o dízimo não é obrigado, ou seja, cada pessoa deve contribuir segundo o seu coração (2 Coríntios 9:7). O dízimo é uma forma de angariar dinheiro, e certas igrejas exigem de seus membros sob a ameaça de expulsão e maldição. Muitas igrejas usam o dinheiro dos dízimos e ofertas em templos luxuosos e para pagar altos salários aos seus dirigentes, e nada de obras sociais. E para Deus o mais importante que os dízimos e ofertas são as boas ações; amar o próximo como a si mesmo como ensinou Jesus Cristo, o nosso Salvador, Filho do Altíssimo.

O MP/SP vem intentando contra os dirigentes da Igreja Universal desde 1993 sem êxito, onde todos os processos foram arquivados no STF por falta de provas. Agora o MF vem com uma nova ação de acusação. E mesmo se houver êxito no processo e haver condenação para os acusados, as penas de lavagem de dinheiro e formação de quadrilhas são leves e quase inexistentes. Ou seja, ninguém vai ser preso ou pagar multa ou devolver dinheiro. Enfim, não adianta haver ação, se não houver mudança na lei. É preciso mudar a lei, com penas mais severas, inclusive para os crimes considerados de colarinho branco. É preciso haver uma lei para criação e funcionamento das igrejas.

(publicado no blog: http://alonso.pimentel.zip.net, em (22-08-2009)

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 10/05/2011
Código do texto: T2960737
Classificação de conteúdo: seguro