Tragédia no Japão deve servir para ensinar alguma coisa: cidadãos brasileiros, preocupem-se sim com a produção de energia nuclear, pode acreditar, é muito perigoso esse tipo de empreendimento
A rosa com cirrose!
A genial composição de Vinícius de Moraes e Gerson Conrad intitulada “Rosa de Hiroshima” e interpretada por um dos maiores cantores da MPB nunca esteve fora de moda. Hoje, essa música deveria tocas pelo rádio do mundo inteiro. Devia fazer parte do CD mais ouvido e a música da consciîa cósmica miundial:
“Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada”
(Fonte: letras.mus.com.br)
Ney Matogrosso, quando interpreta essa música, o faz com genialidade, é uma das interpretações que mais me atrai, por que traz à tona uma reflexão: Será que a construção de usinas nucleares e a exploração de energia a partir do urano enriquecido é uma boa saída para o mundo contemporâneo? Será que para atender a corrida maluca pelo “progresso”, lucro, riqueza e poder - empreitada que os governos assumiram com suas políticas neoliberais, focalizadas no desenvolvimento tecnológico cujo objetivo principal é o de projetar-se ao topo da escala mundial - não é um motivo para refletirmos sobre essa questão nuclear?
Os “empreendedores de plantão” (nome bonito para os que fazem parte da classe parasitária) donos das multinacionais, que como pesticidas envenenam populações do mundo inteiro não estão nem ai com os acidentes provocados pelo descontrole tecnológico, muito menos, se preocupam com o aumento dos acidentes naturais, decorrente também do avanço tecnológico.
A reação da natureza é cada vez mais assustadora, haja visto o que aconteceu com a usina nuclear de Fukushima. A radioatividade já chegou a Tókio, capital do Japão, o leite e a água já estão contaminados. Informações dão conta de que a central de Fukushima Daiichi (N°1), com estruturas obsoletas, foi gravemente afetada pelo terremoto por ondas de 14 metros geradas pelo abalo sísmico no Oceano Pacífico.
A construção de usinas nucleares pode ser o caminho mais rápido e eficiente para a geração de energia, pode ser mais barato investir em empreendimentos como estes, porém com a mesma eficácia e eficiência que as usinas geram energia elas também podem sucumbir com a vida humana.
UM CALOR MAIS DE MIL SOIS
Radioatividade!
O sonho nutrido por países pobres como o Brasil, que busca uma paridade com as potências capitalistas mundiais, a prepotência dos EUA e querer ser o xerife do mundo, o anseio de acumular cada vez mais riqueza e poder, a loucura pelo petróleo que levou a invasões do Iraque pelos Estados Unidos e tantas outras barbaridades cometidas, assassinados de milhões de vítimas inocentes, jovens, velhos, homens, mulheres e crianças que não têm nada a ver com a ganância dos figurões capitalistas tiveram suas vidas ceifadas por conta do “ouro negro”, e agora, é preciso repensar se vale a pena continuar investindo na construção de mais usinas para enriquecimento de urano para extrair energia. Desde a década de 40 que o Brasil vem mostrando forte interesse pela energia nuclear, houve até acordos entre Brasil e Alemanha nesse sentido, só que o Brasil de Vargas que estava do lado da Alemanha antes da coisa engrossar na guerra, Vargas mudou de lado e foi para o bloco dos aliados, rompendo com o Eixo só em 1942. Mesmo assim, os acordos com a Alemanha continuaram. Em 1975, acordo assinado entre governo brasileiro e Alemanha envolvendo representantes do grupo Siemens fez consolidar os interesses nesse tipo de empreendimento. Assim, as usinas de Angra I e Angra II tornaram ainda mais concreta a intenção de gerar energia a partir do urano, logo logo teremos mais uma poderosa usina, Angra III está em andamento. Veja:
“Atualmente, o Brasil tem duas usinas nucleares em operação: Angra 1 e Angra 2, que juntas têm potencial de geração de 2 mil megawatts. A partir de 2015, a conclusão da Usina Nuclear Angra 3 colocará no sistema mais 1.080 megawatts. Na segunda-feira (14), o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o governo não pretende rever os projetos de construção de novas usinas nucleares no país. A intenção é definir ainda este ano as diretrizes para a construção de pelo menos mais quatro: duas no Nordeste e mais no Sudeste.” (Época)
A Falta de reflexão histórica mostra os governantes mundiais não aprenderam com o passado
Conta a História que Einstein defendeu a construção da bomba pelos Estados Unidos como um meio de precaver e barrar o nazismo, mas o que não se podia prever é a catástrofe que a explosão de uma bomba nuclear provocaria. Eu diria que, se Einstein tivesse vivo hoje ficaria assustado com a tragédia do Japão. O gênio da teoria da relatividade criador da fórmula E=mc2 equação que afirma que a massa de qualquer objeto é diretamente proporcional à sua energia (E = energia, m = massa do objeto, c = velocidade da luz). O enriquecimento de uranio para geração de energia tornou-se uma ameaça mundial.
A partir dessa teoria nasceu também um projeto nuclear. O cara disse tudo numa fórmula, e em poucas palavras ilustrou, o que poderia ser aquilo que poderia causar a explosão de uma bomba nuclear: Isso mesmo, um forno, uma espécie de microondas poderosíssimo!
"Ponha sua mão num forno quente por um minuto e isto lhe parecerá uma hora. Sente-se ao lado de uma bela moça por uma hora e lhe parecerá um minuto. Isto é relatividade". (Eintein)
O que acontece quando se abre uma panela de pressão sem soltar o vapor? Sente-se aquele ar quente vindo no rosto, uma panela de pressão, ilustra bem o que aconteceu em Hiroshima e Nagasaki. Entre as 7 e 8 horas da manhã, o piloto que jogou as bombas teve que fazer uma manobra radical para fugir rapidamente antes da explosão da bomba, qualquer falha na retirada poderia custar-lhe a vida. O efeito radioativo na atmosfera elevou a temperatura do ar e simplesmente cozinhava as pessoas. É preciso repensar a proposta de produção de energia nuclear no Brasil e no mundo!