Uma das melhores iniciativas foi terem posto penalidades a quem expusesse seu semelhante a ridículos: o bullying.
Fui vítima desta crueldade na minha infância, pré-adolescência e adolescência e posso garantir que me deixou marcas profundas.
Cresci demais para a minha idade, mas meu peso não acompanhou o crescimento. Então, fiquei magra demais e, ainda por cima, com 3,5 graus de miopia e um óculos fundo de garrafa cuja armação era escolhida pelo meu pai. Isso bastou para que eu recebesse apelidos como "pau-de-vira-tripa", "magrela", "caixa d'óculos", "cegueta"... e por aí vai.
Durante anos de minha vida convivi com a insegurança. Houve até quem afirmasse que ninguém gostava de mim porque EU ERA FEIA!!!
Imaginem isso na cabecinha de uma menina que está sentindo todas as mudanças físicas e mentais, na fase de pré-adolescência. Imaginem uma espécie de corredor polonês, com meninas de um lado e meninos do outro (sadicamente ensaiados) esperando que eu passasse pelo portão do colégio e, todos, a uma só voz, num coro macabro, batendo palmas, gritando: "MISS FEIÚRA! MISS FEIÚRA!" quando eu estava entrando no colégio! Já nem queria mais ir à escola, apesar de ser uma das melhores alunas da classe e apesar do carinho de meus pais, tentando me demover da idéia de me sentir um lixo! Teve vezes de eu querer morrer! E cheguei mesmo a tentar cortar os pulsos, de tão infeliz que eu me sentia por não ser uma privilegiada em beleza!
Pois isso aconteceu de fato e marcou minha juventude, me deixando extremamente insegura e com um enorme complexo de inferioridade. Andava de cabeça baixa, chorava à tôa, principalmente quando algum rapazinho me olhava (às vezes até interessado em mim), pois achava que todos não me aceitavam porque eu era um monstro de feiúra!
Cresci (não mais por fora, pois já tinha atingido minha altura atual) e fiz um curso de Psicologia Profunda para poder me entender, me superar. Minha aparência também foi começando a mudar, foi definindo o que hoje sou, mas a insegurança custou a acabar. Quando algo não ia bem, se o rapaz que eu estava namorando resolvia romper com o namoro, o complexo voltava e eu tornava a me sentir um lixo: feia, esquisita, um horror! Por mais que minha mãe colocasse alguns fatores que poderiam contribuir para esta animosidade que não minha aparência física, por mais que ela tentasse levantar meu astral, o coro infame dos meus colegas gritando "MISS FEIÚRA" ecoavam aos meus ouvidos a cada "derrota" na vida! Minha sensibilidade de poeta intensificava mais ainda o meu sofrimento, a minha dor. E eu extravasava escrevendo poemas, tocando meu piano e vivendo amores platônicos por medo de encarar amores reais e me decepcionar...
Com a maturidade e com a sabedoria que ela nos traz, esse complexo foi se diluindo. Mas houve tanto sofrimento antes, que poderia ter sido evitado se esta iniciativa- a de punir quem pratica o bullying - tivesse sido tomada na época.
Hoje já consigo falar sobre isso sem que me cause transtornos internos. Mas foi preciso muita força de vontade para superar. Dizer que esqueci, estarei mentindo. São episódios fortes, dificeis de esquecer. Simplesmente não me afetam mais como me afetavam antes.
Acredito que, depois desta iniciativa, serão bem poucos os jovens a sofrer como eu sofri na minha infância e adolescência. E tomara que sim, porque é muito cruel a rejeição nesta fase da vida!
Fui vítima desta crueldade na minha infância, pré-adolescência e adolescência e posso garantir que me deixou marcas profundas.
Cresci demais para a minha idade, mas meu peso não acompanhou o crescimento. Então, fiquei magra demais e, ainda por cima, com 3,5 graus de miopia e um óculos fundo de garrafa cuja armação era escolhida pelo meu pai. Isso bastou para que eu recebesse apelidos como "pau-de-vira-tripa", "magrela", "caixa d'óculos", "cegueta"... e por aí vai.
Durante anos de minha vida convivi com a insegurança. Houve até quem afirmasse que ninguém gostava de mim porque EU ERA FEIA!!!
Imaginem isso na cabecinha de uma menina que está sentindo todas as mudanças físicas e mentais, na fase de pré-adolescência. Imaginem uma espécie de corredor polonês, com meninas de um lado e meninos do outro (sadicamente ensaiados) esperando que eu passasse pelo portão do colégio e, todos, a uma só voz, num coro macabro, batendo palmas, gritando: "MISS FEIÚRA! MISS FEIÚRA!" quando eu estava entrando no colégio! Já nem queria mais ir à escola, apesar de ser uma das melhores alunas da classe e apesar do carinho de meus pais, tentando me demover da idéia de me sentir um lixo! Teve vezes de eu querer morrer! E cheguei mesmo a tentar cortar os pulsos, de tão infeliz que eu me sentia por não ser uma privilegiada em beleza!
Pois isso aconteceu de fato e marcou minha juventude, me deixando extremamente insegura e com um enorme complexo de inferioridade. Andava de cabeça baixa, chorava à tôa, principalmente quando algum rapazinho me olhava (às vezes até interessado em mim), pois achava que todos não me aceitavam porque eu era um monstro de feiúra!
Cresci (não mais por fora, pois já tinha atingido minha altura atual) e fiz um curso de Psicologia Profunda para poder me entender, me superar. Minha aparência também foi começando a mudar, foi definindo o que hoje sou, mas a insegurança custou a acabar. Quando algo não ia bem, se o rapaz que eu estava namorando resolvia romper com o namoro, o complexo voltava e eu tornava a me sentir um lixo: feia, esquisita, um horror! Por mais que minha mãe colocasse alguns fatores que poderiam contribuir para esta animosidade que não minha aparência física, por mais que ela tentasse levantar meu astral, o coro infame dos meus colegas gritando "MISS FEIÚRA" ecoavam aos meus ouvidos a cada "derrota" na vida! Minha sensibilidade de poeta intensificava mais ainda o meu sofrimento, a minha dor. E eu extravasava escrevendo poemas, tocando meu piano e vivendo amores platônicos por medo de encarar amores reais e me decepcionar...
Com a maturidade e com a sabedoria que ela nos traz, esse complexo foi se diluindo. Mas houve tanto sofrimento antes, que poderia ter sido evitado se esta iniciativa- a de punir quem pratica o bullying - tivesse sido tomada na época.
Hoje já consigo falar sobre isso sem que me cause transtornos internos. Mas foi preciso muita força de vontade para superar. Dizer que esqueci, estarei mentindo. São episódios fortes, dificeis de esquecer. Simplesmente não me afetam mais como me afetavam antes.
Acredito que, depois desta iniciativa, serão bem poucos os jovens a sofrer como eu sofri na minha infância e adolescência. E tomara que sim, porque é muito cruel a rejeição nesta fase da vida!