Dos Patetas da Revolução

( 16.10.2007 )

“Nós, socialistas, somos mais livres porque somos mais perfeitos; somos mais perfeitos porque somos mais livres”

(Ernesto Che Guevara)

Nem sempre captamos o verdadeiro sentido do que nos dizem. Muitas vezes, a incoerência está entre o que se diz, o que se quer dizer e o que se faz. De fato, a História é repleta de hipocrisia.

No século XX a grande polarização do ideal político esteve entre o capitalismo e o comunismo. No século XXI, mudaram-se os nomes da mesma forma em que ‘aeromoça’ passou a ser ‘comissária de bordo’: neoliberalismo e socialismo.

Mantendo-me no reino das palavras, de onde vem o significado de ‘capital’? Vem do latim caput, capïtis: ‘cabeça, parte superior, parte principal’. Daí, ‘a capital’ de um país ser sua cabeça ou parte principal. Assim como, o principal de um investimento ou o que nos permite montar um negócio, ser ‘o capital’. As palavras mudam com o tempo. E os bens, também.

Houve tempos em que os capitalistas acreditavam que o maior bem era o capital. Houve tempos em que os socialistas acreditavam que o maior bem era o poder. Logo perceberam que ambos estavam certos, neste cabo de forças de seus interesses pessoais.

A única diferença que ficou, a meu ver, é que o capitalismo não faz promessas, enquanto que o socialismo promete mudar o homem, fazê-lo perfeito e trazer-lhe liberdade. Certamente, à moda cubana dos deportados, decapitados de seus sonhos.

O capitalismo, por sua vez, pode se confundir com canibalismo, quando a competição sem regras faz-se como um caminhão desgovernado: passa por cima de todos, sem restrições. No entanto, há práticas em países como a Alemanha, Holanda, Bélgica, Suécia e outros, que conseguem capitalizar sem decapitar.

Estes dias, ouvi muito sobre os ideais revolucionários. Sobre os quarenta anos de Che Guevara e toda esta chatice. Remeteu-me ao verdadeiro capital do socialismo: pobres sem conhecimento, sonhadores fáceis de manipular e jovens idealistas. Nada é mais politicamente correto! Faz com que se sintam parte de algo bom, numa ilusão adolescente. Mas, e o bem?

Como torcedores de futebol, pouco lhes importa quem está do outro lado. Enlouquecidos, desce-lhe o sarrafo, em nome desse ‘bem’ que defendem, mas não praticam. Atitude fanática de militantes – só o nome já diz tudo - uniformizados que passam por cima da razão, sem objetivo tácito. Apenas ilusório e partidário. A invasão da USP que o diga, meses atrás.

No caso do Che, o curioso é a prática de sua imagem pop-star, que vive em camisetas, adesivos e bandeiras. Não há nada mais capitalista do que sua divulgação marqueteira como um ícone pop. Idolatria patética e incoerente.

Igualmente, é a idéia de uma Revolução ‘além do bem e do mal’ que, em busca da perfeição, sobrepõe-se ao direito à vida. Parece-me briga de torcida: o outro lado sempre é aquele que ‘escorrega no quiabo’. Fanáticos que se sentem no direito de matar. Isto me lembra nomes famosos: Hitler, Mao Tse Tung, Bush, Bin Laden, Hugo Chávez... A fábrica de idiotas não pára de funcionar.

Enfim, meus amigos socialistas que me perdoem. Porém, não posso me furtar a dizer o que vejo; do que foi feito em termos de justiça social, por meio do socialismo. Não existe revolução, muito menos revolucionário. E o melhor – ou pior – exemplo está na Capital, agora. Mantendo sua barba, no melhor estilo UNE, favorece banqueiros e os oligopólios das esferas capitais brasileiras.

Aliás, o socialismo não tem culpa. Nunca daria certo porque o que teria que mudar seria o ser humano. Mais perfeito e mais livre? Ora, nunca soubemos administrar isto. Basta observar nas rótulas da Avenida Falcão onde, apesar das setas de aviso, os motoristas forçam pela contra mão, desrespeitosamente.

Provavelmente, um ótimo exemplo de perfeccionismo e liberdade.

Educação? Honestidade? Amor?

Che, Que nada!