A embalagem plástica, sua importância sanitária e os perigos que traz para a natureza

A embalagem plástica, sua importância sanitária e os perigos que traz para a natureza

por Márcio de Ávila Rodrigues

[07/09/2023]

Meu pai nasceu em Belo Horizonte no ano de 1922. Em julho completou 101 anos bem vividos e ainda ostenta boa saúde geral, mas com o inevitável enfraquecimento.

Ele tinha um tio, chamado Olímpio Rodrigues, que era dono de um açougue na Avenida Brasil, logo no primeiro quarteirão a partir da praça Floriano Peixoto, também conhecida como praça do B.G., bairro Santa Efigênia. Naquela praça foi instalado o primeiro quartel da polícia militar após a construção e fundação de Belo Horizonte, que ainda funciona plenamente com o nome de 1º Batalhão da PMMG. Já foi chamado de batalhão da guarda, daí a sigla BG, em fase de esquecimento.

Não faz muito tempo, meu pai Eugênio me explicou como levava carne do açougue do tio para casa. O açougueiro cortava o pedaço solicitado, atravessava um espeto nele, juntava as pontas do espeto com um barbante e então entregava para o freguês, que levava embora segurando pela corda, como se fosse uma sacola. Sem embalagem.

Assim era a forma de transportar carne nos anos 1930. Talvez não fosse a única forma, provavelmente alguns açougues já a cobriam com algum tipo de papel. Mas é um bom exemplo da despreocupação com o controle sanitário em um passado não tão longínquo.

Uma geração depois, na minha infância, houve avanços e já era grande a preocupação com a contaminação da carne e com as doenças por ela causadas. O estudo destas doenças já fazia parte do currículo escolar de primeiro e segundo graus.

E havia os exemplos práticos. Todos conhecíamos alguém que já tinha passado por algum problema resultante da contaminação da carne e a doença mais temida era a cisticercose cerebral, conhecida causa da epilepsia. Felizmente hoje é uma doença ocasional.

A evolução do controle sanitário foi certamente mais rápida e mais eficiente nas cidades grandes e médias. Nas pequenas, nos rincões, sempre houve alguma tolerância com o açougueiro amigo que comprava gado dos fazendeiros tradicionais, pouco propensos às novas exigências sanitárias. E geralmente o açougueiro amigão fazia todos os procedimentos necessários à preparação da carne para venda, onde e como fosse mais fácil.

Um fator que contribuiu enormemente com a evolução sanitária foi o aumento dos investidores menos influenciados pela criação tradicional. Destaco os investidores tipicamente urbanos, capitalistas à procura de atividades lucrativas. E também os produtores que foram para as universidades e aprenderam métodos modernos.

Paralelamente notou-se a consolidação dos grandes frigoríficos e o endurecimento da legislação de proteção ao consumidor. Com tudo isso, o novo foi tomando o lugar do velho.

Voltando à questão da embalagem, um avanço importante é o uso intenso do plástico, principalmente por sua capacidade impermeabilizante. Por outro lado, ele criou novos e grandes problemas por causa da dificuldade de descarte e reciclagem.

Um dos problemas causados envolve a própria criação animal: é causa de um razoável número de doenças e mortes por asfixiamento e, principalmente, obstruções gastrointestinais.

O plástico tornou-se um preocupante problema mundial.

Sobre o autor:

Márcio de Ávila Rodrigues nasceu em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, Brasil, em 1954. Sua primeira formação universitária foi a medicina-veterinária, tendo se especializado no tratamento e treinamento de cavalos de corrida. Também atuou na área administrativa do turfe, principalmente como diretor de corridas do Jockey Club de Minas Gerais, e posteriormente seu presidente (a partir de 2018).

Começou a atuar no jornalismo aos 17 anos, assinando uma coluna sobre turfe no extinto Jornal de Minas (Belo Horizonte), onde também foi editor de esportes (exceto futebol). Também trabalhou na sucursal mineira do jornal O Globo.

Possui uma segunda formação universitária, em comunicação social, habilitação para jornalismo, também pela Universidade Federal de Minas Gerais, e atuou no setor de assessoria de imprensa.