A Resistência do Zé

Nos últimos anos, temos assistido a batalha do vice-presidente da República, Sr. José Alencar, contra o câncer. Como se não bastassem os primeiros capítulos protagonizados pelo terrível inimigo, que mata mais que todas as guerras, depara agora, o nosso "herói da resistência", com um infarto, outro aliado da "força adversária", tão aniquilador quanto o primeiro. Mas o Zé continua vivendo sorridente, desprezando, mas não negligenciando, os cruéis inimigos.

Fosse o Zé a Dona Maria dos Anzóis, lá do cafundó de Muriaé, sua terra Natal, estaria ele enterrado há anos, livre do infarto e do que mais viesse ou vier, se vier. (E veio. No transcorrer entre o fechamento e a publicação deste artigo, o sorridente paciente foi internado para mais uma cirurgia de desobstrução do intestino e, posteriormente, seção de hemodiálise, segundo informado pela imprensa).

O que faz a diferença para ele e para D. Maria? Certamente o dinheiro!

A imprensa romanceia os fatos, criando mitos em torno da vitalidade do Zé, que realmente não entrega os pontos, estampando no rosto permanente simpatia. Mas, como ele, tem uma legião de brasileiros que resistem até sucumbirem, não pela falta de garra e vontade de viver, mas pela falta de acesso aos recursos disponíveis e da exclusiva dedicação médica. É que ainda há no nosso país o abismo entre a qualidade da assistência à saúde privada e pública. Zé já esteve nos Estados Unidos e nos melhores hospitais do Brasil, ou em um dos melhores, e conta com um acompanhamento intensivo e amplo. Este acesso à farta disponibilidade de recursos somente foi e tem sido possível graças ao seu dinheiro e poder. Qualquer outro brasileiro comum, repito, já estaria enterrado há muito tempo, haja vista o desastre da assistência médica prestada pelo SUS, que, embora seja um avançado projeto de assistência à saúde, não consegue implementar-se satisfatoriamente, sobretudo pela debilidade de financiamento, que vem preferindo outros setores sociais de igual ou menor importância. Agora, com a nova Presidente, recém eleita, surge a pressão para que se ressuscite a CPMF, com outra sigla, é claro. Mas pergunto: houve alguma melhoria na saúde quando a CPMF era arrecadada?

Que respondam os usuários do SUS.

Desculpe Zé, eu tenho a certeza de que você já fez esta reflexão e talvez Deus venha protelando na expectativa da sua contribuição. É uma oportunidade única. Aproveite-a.

Di Amaral
Enviado por Di Amaral em 02/12/2010
Reeditado em 02/07/2014
Código do texto: T2649651
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.