Jesus nasceu em 25/12 do ano zero?
Jesus nasceu em 25/12 do ano zero?
No dia 25 de dezembro, celebramos o nascimento do menino Deus, contudo teria ocorrido nessa data o nascimento de Jesus? Positivamente, não! Uaaau! Primeiro, temos que dizer que 25 de dezembro não é uma data histórica.
Oxente, mas como assim?
O evangelista Lucas diz que José e Maria desceram para o recenseamento ordenado por Quirino na Judéia e foi nesse tempo que Jesus nasceu. Bem, hoje se sabe que o tal recenseamento ocorreu, provavelmente, no ano 6, ou 7. Então, nem mesmo sabemos com exatidão o ano que Jesus nasceu, imagine se saberemos o dia! De certeza, pode-se afirmar que não foi no ano zero.
O problema é que os números da Bíblia nem sempre são confiáveis e alguns fatos não são históricos e menos ainda científicos.
Sei que afirmando isso, os fundamentalistas que acham que tudo o que está na Bíblia é verdade absoluta e que os números representam valores matemáticos, irão se sentir frustrados e os protestos virão. Ok, não iremos brigar por isso. De qualquer maneira, a Bíblia não nos oferece subsídios seguros, pelo menos, nessa episódio.
Desde muito tempo, que a Igreja procurava uma data para essa celebração, só que esbarrava no mesmo ponto: não existiam dados compatíveis que justificassem o evento.
Como se pode provar que não fora em dezembro?
O evangelista Lucas nos diz que “alguns pastores estavam no campo pastoreando suas ovelhas quando tomados de grande temor, lhes apareceu um anjo para anunciar o nascimento do menino Deus”. Como na Palestina, por esse tempo era inverno, com os maiores índices de precipitações pluviais e até nevava, nenhum pastor se atrevia a se meter nessa aventura. As ovelhas ficavam no aprisco.
Um fato, extremamente, desagradável veio ajudar na escolha dessa data.
Por esse tempo, Ários, um padre católico de Alexandria no Egito, pregava uma heresia que causou incomensuráveis danos ao cristianismo. Ários desconsiderava a consubstancialidade de Jesus em relação a Deus. Assim, negava um Deus Trinitário. Como ele tinha uma pregação com alto valor de convencimento, não lhe foi difícil arrastar multidões de seguidores, como acontece ainda hoje. Ários tinha a mesma concepção dos atuais Espíritas. Dizia que Jesus era um homem comum, mas que fora criado por Deus para ajudar na salvação. Que era uma pessoa extraordinária, fabulosa, cheia de excepcionais qualidades e por ter morrido na cruz teria recebido de Deus algo como, na linguagem de hoje, um título de “Doutor honoris causa” e assim, se fez conhecido como Deus, mas um deus de faz de contas”.
O estrago foi tão grande que, no ano 325, aconteceu o Concílio de Nicéia, uma cidade da Ásia Menor, hoje, na parte asiática da Turquia. Participaram cerca de 300 bispos de todo o mundo conhecido ( menos as Américas, por motivos óbvios) com o propósito de resolver essa treta que tinha tomado proporções absurdas, a tal ponto de São Jerônimo não acreditar mais na existência de Católicos no mundo. A confusão era tanta que ganhou as ruas, com o povo dividido em prós e contras.
Ários não só foi derrotado, como o Concílio, de lambuja, ainda criou uma nova profissão de fé. Até então, só existia o Credo dos Apóstolos, ou Credo Apostólico. Criou-se o Credo niceno, eí-lo:
“Creio em um Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis. E em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não feito, de uma só substância com o Pai; pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito Santo no ventre da Virgem Maria, e foi feito homem; e foi crucificado por nós sob o poder de Pôncio Pilatos. Ele padeceu e foi sepultado; e no terceiro dia ressuscitou conforme as Escrituras; e subiu ao céu e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e seu reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai, que com o Pai e o Filho conjuntamente é adorado e glorificado, que falou através dos profetas. Creio na Igreja una, universal e apostólica, reconheço um só batismo para remissão dos pecados; e aguardo a ressurreição dos mortos e da vida do mundo vindouro. Amém.”
Pois bem, mesmo derrotado, vocês estão pensando que Ários se deu por morto? Marminino, o cara era casca grossa! Aí foi que ele se enfezou de vez!
Diante dessa contumácia, o Papa Júlio I disse:
- ó bixim, ocê tá fraco das ideias? Vou lhe mostrar o caminho da roça, seu fio da gota serena…!
Então, resolveu tirar uma festa pagã antiga e torná-la religiosa. A intenção era propagar a divindade de Jesus, fixando uma data para festejar o Seu nascimento, muito pouco conhecida naquela época.
No hemisfério norte, durante o solstício de inverno, com a aproximação de dezembro, as noites vão ficando mais escuras, o sol menos quente e os dias menores. O povo, com uma mentalidade ainda incipiente, se perguntava se o sol iria morrer. Se tal coisa ocorresse, como ficaria a vida? isso durava até o dia 21 de dezembro, o dia mais curto do ano. Daí em diante, os dias iam, lentamente, a se normalizar, até que no dia 25 de dezembro, o sol reaparecisa com seu esplendor, então, se celebrava o Dia do Sol Invicto.
Ora, no ano 430 a.C. ou seja, 750 anos antes, o profeta Malaquias já havia escrito:
-”Brilhará o Sol da Justiça, cujos raios serão a salvação”. São Lucas também disse:
-“Nos visitará um nascer do Sol para iluminar aqueles que vivem nas trevas e nas sombras da morte”. O Cristo era, na verdade, o Verdadeiro Sol Invencível. Festejar o nascimento do menino Deus, que era Deus desde sempre, ajudaria a recuperar a verdadeira fé do povo.
Foi o mesmo que bater com o olho do machado! Não deu outra.
No ano 535, o imperador Justiniano, por um decreto imperial, decretou a celebração do Natal no dia 25 de dezembro.
Ário morreu no ano 336 quando fazia uma passeata triunfal rumo a igreja. Ao afastar-se de sua trupe para tirar a “água do joelho”, teve um desmaio, esticou as canelas e bateu as botas.
Ários morreu, suas invencionices, não. Verdade que o arianismo não morreu, as Testemunhas de Jeová, os Espíritas, Adventistas Unitário, Islamismo, Judaísmo e outros grupos são bons exemplos.
No ano 381, fora realizado o 1° Concílio Ecumênico de Constantinopla, onde fora feito algumas poucas mudanças na nossa Profissão de Fé, com a criação do Credo niceno-constantinopolitano. De qualquer forma, hoje, temos três Credos, igualmente, válidos. O Credo dos Apóstolos (o mais recitado) , o Credo Niceno e o niceno-constantinopolitano.
Para nós Católicos, a data em si, não é o foco, se está mercantilizada, ou não, o importante é que cremos num Deus uno e Trinitário. “Eu e o Pai somos um, quem vê a mim, vê o Pai” E o Espírito Santo procede do Pai e do filho. O Cristo é o mesmo, hoje e sempre.
Essa é a nossa fé!
Fonte: O que sabemos da Bíblia?
volume 5. Editora Santuário.