MATEUS 25:35-46: PRA QUE TIPO DE IGREJA E DE CRISTÃO JESUS FALOU ISSO?
A Igreja hoje se divide em dois modelos: uma que defende os ricos, e se alinha ao discurso político das elites mais abastadas, e que em seus discursos se faz questão de se afirmar "cristãos conservadores de direita", porém, a maioria nem sabe o que está fazendo, porque foi aculturada, e a outra corrente da Igreja, é aquela que mais si identifica com os pobres, os excluídos, os mais necessitados e a todos os oprimidos da sociedade. Mas não é apenas na esfera religiosa que temos essas duas correntes, existe também na História, a corrente daqueles que não se alinham ao discurso político e ideologia das elites abastadas, e esses discursos sempre ficam latentes nas propagandas e meios de comunicação de massa, nos discursos e falas feitas por simples cidadãos, a ideologia em defesa dos mais abastados está presente, e na esfera do poder que essa ideologia perversa ganha mais força, porque quem se elege, se elege financiado pelo poder do capital monetário. É comum que se perceba nas propagandas e falas de pessoas mais comuns, a presença da ideologia dominante, e de tempos em tempos decidimos os nosso voto com base nesses discursos, mesmo que o suposto representante represente uma outra categoria de pessoas, eles acabam sendo a maioria eleita por gente sofredora, e esses "representantes" (que não nos representam) são aqueles que vão decidir que lei a nosso respeito serão ou não reprovadas, e eles, nessa decisão, aprovam projetos que tiram do pobre o pão e os direitos, sem pensar duas vezes. Muitos dos defensores da ideologia burguesa e que se apresentam também como "cristãos conservadores" atuam nas esferas Federai, estadual e municipal. Mas nem sempre são eles que decidem quem vai ocupar poder Executivo, mas se um governo for escolhido pela maioria para ocupar o cargo de maior relevância na República não tiver entre os ocupantes do poder Legislativo a maioria, esse governo vai enfrentar muitos problemas, e terá que negociar com eles, principalmente se esse governo for oriundo da corrente ideológica historicamente conhecida como esquerda. Além de uma parcela do poder Legislativo, ainda esse governo corre o risco de sofrer com a gritaria que os supostos defensores da ideologia ligada a direita empresarial dizem ser os defensores da honra, da boa moral, da família, da pátria, das cores nacionais e da fé cristã. Essa parte que sempre se apresentaram assim, gostam também se acham os defensores das narrativas, cujo foco são os "heróis" que estão presentes na famosa História Tradicional, escrita e narrada pelo viés do vencedor. E o vencedor, quem é? Geralmente quem oprimiu, escravizou, subordinou, torturou e matou.
Mas voltando a pergunta: Pra que tipo de Igreja, e para que tipo de Cristão, Jesus falou isso que está em Mateus 25:35-45?
Na primeira parte de Mateus 25:35-40:
Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram”. ― Então, os justos lhe responderão: “Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?”. ― O Rei responderá: “Em verdade lhes digo que tudo o que vocês fizeram a algum desses meus pequenos irmãos, a mim o fizeram”. (Bíblia Sagrada, versão NVI)
Pra que Igreja e Cristo falou essas palavras?
- Reflita!
A segunda parte encontra-se em Mateus 25:41-46: " Então, ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: “Malditos, apartem‑se de mim para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos. Pois eu tive fome, e vocês não me deram de comer; tive sede, e vocês não me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês não me acolheram; necessitei de roupas, e vocês não me vestiram; estive enfermo e preso, e vocês não me visitaram”.
Eles também responderão: “Senhor, quando te vimos com fome, com sede, estrangeiro, necessitado de roupas, enfermo ou preso e não te servimos?”.
Ele responderá: “Em verdade lhes digo que tudo o que vocês não fizeram a algum desses pequenos, também não fizeram a mim”.
Então, estes irão para o castigo eterno, mas os justos, para a vida eterna." Pra que tipo de Igreja essa segunda parte foi dirigida, e para que tipo de cristão, Cristo dirigiu essas palavras? Lembre-se, Cristo não está dirigindo essas palavras a ninguém que não tinha uma prática e vida religiosa. Ele dirigiu os seus sermões a pessoas que tinham uma religiosidade, e que se diziam estar a serviço do reino de Deus, pois conheciam a promessa de Abraão.
A primeira parte fica claro que Jesus fala pra uma Igreja comprometida, e para um público composto de Cristãos comprometidos, e que não se alinhavam ao um discurso de viés elitista. Aliás o único viés presente nas palavras de Jesus era o de socorrer, libertar e salvar aquele que se encontrava perdido. Os sermões de Cristo não eram políticos, mas iam na contramão dos discursos políticos defendido pelos reis e imperadores da época, seja do lado do judaísmo, seja do lado do politeísmo romano que se misturava com o Estado teocrático da época. Embora Roma tenha adotado em um curto período a República, o nome Augusto que passava a fazer parte do nome do Imperador como sobrenome, significa divino. Ou seja, questionar um imperador romano era como questionar um ser divino, logo, e seria passivo de morte, aquele que se rebelasse contra o poder vigente. contra a ordem estabelecida. César Augusto é um exemplo disso, porém, um dos piores imperadores foi Nero Nero (Cláudio César Augusto), que tocou fogo em Roma e depois culpou os cristãos. Esse foi o álibi usado para espalhar a tirania desse imperador sobre os cristãos e persegui-los, até as morte. Na verdade, nem Cristo, e nem os primeiros cristãos da Igreja do Primeiro Século ou Igreja Primitiva, tinham vínculos com o poder secular e muito menos com o Estado, seja o Estado Judaico ou Romano. E os dois perseguiram de morte a Cristo e aos cristãos da época, por conta disso, não justifica a aproximação da Igreja do século XXI com a política do Estado e muito menos a qualquer governo. Os membros da Igreja não podem ser alvos de lavagem cerebral, não podem ser cooptados pelo poder e influência de um lider religioso em favor de qualquer candidato nos pleitos eleitorais dentro de uma democracia, estes, devem ficar livres para poder fazer suas escolhas, sem influência do pastor, por exemplo. O mesmo vale para o padre, mãe de santo, guru, guia espiritual ou o nome que queiram chamar. Na nossa democracia, o Estado é laico, e como temos uma maioria cristã, com outros seguimentos de credos diferentes, nos tornamos uma diversidade religiosa oriunda da formação histórica do nosso país, por conta disso, o Estado Laico deve garantir me o Estado Democrático de Direito é para todos, independente do credo religioso e de sua profissão de fé. Mas, voltando a questão: para quem Cristo dirigiu suas palavras, o que pensar da narrativa de Mateus no capítulo 25, versículos 35 ao 40, está claro:
- As palavras de Jesus na primeira parte de Mateus 25:35 a 40, foram dirigidas aos cristãos autênticos. Foram dirigidas para uma Igreja cujas palavras são "temperadas com sal", que é pra dar mais sabor à vida daqueles que sofrem, e é interessante que o sal como simbologia, também serve para afastar os bichos da carne. Desde cedo, cresci vendo minha mãe salgar carnes e peixes para não federem, para não apodrecerem, para conservar sem que se estragassem, e para que as varejeiras não botassem ali seus ovos e esses alimentos fossem tomados por larvas, tornando a carne imprópria para nos alimentar. Os peixes e linguiças eram pendurados numa espécie de varal sobre a fumaça que saia da fornalha, todos salgados. O sal substituía a geladeira na época para os mais pobres. Geladeira e telefone era luxo! O sal também faz a pessoa ter sede, por isso, é usado também como símbolo capaz de fazer despertar a vontade desses excluídos ouvir ainda mais a mensagem da Boa Nova, e é por isso que Jesus também usou o Sal para dizer como devemos ser para as pessoas que se encontram perdidas e por algum motivo, sofrendo, e sem a presença de Deus nas suas vidas: "Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.", disse Jesus em Mateus 5:13. Como também está escrito em Colossenses 4:6: "A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um."
O sal deve trazer uma sensação de sede, de querer ouvir mais aquele que fala, pois suas respostas não são ofensivas e nem desrespeitosas, por isso a pessoa que as recebe deve ficar com aquela salgada sensação de querer ouvir aquela pessoa outra vez. Porém, temos assistido uma debandada daqueles que, decepcionados pela atitude amarga (destemperada) de alguns pastores, que se decepcionaram com a manipulação e exploração da fé religiosa, acabaram ficando desalentados, e se tornaram "desigrejados", muitos nem querem ouvir mais falar de igreja, culto ou coisa parecida, mas eu garanto: Deus nada tem a ver com os desvios de caráter desses líderes inescrupulosos, que usam sua influência para manipular, seja nas suas convicções político-partidária, ou seja nas questões financeiras. A Igreja deve ser uma instituição apartidária, e pastores não podem compartilhar suas preferencias políticas encima de um púlpito. Deve reservar isso para uma conversa particular, respeitando a opinião dos membros, e sua liberdade de escolha. Assim, não fere a Constituição Federal que garante essa liberdade de escolha a todos, a ideologia que defende, suas ideia política, mesmo que sejam divergentes. Mas ultimamente as palavras dos pastores têm excluído as pessoas; são palavras que atacam e ferem, não o pecado, ferem pessoas. Palavras dirigidas, focadas e direcionadas a um tipo de grupo, público específico, pessoas específicas, seja nas questões de gênero, modo de viver e pensar as questões do dia dia, as interpretações são sem respaldo hermenêutico e fogem aos padrões da boa exegese, descontextualizadas e isoladas do que acontecia na época em que foram proferidas. Quando nos deparamos com sermões feitos com base no Antigo Testamento, fica ainda mais grave a questão. Um desses supostos Capelães ligados a uma dessas denominações resolveu em uma daquelas manifestações políticas contra o resultado das eleições passada onde o candidato oponente estava a frente e venceria sem dúvidas, no Segundo Turno, como de fato aconteceu. O tal capelão simplesmente leu o trecho de I Samuel 15:3 que diz: "Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos.", mas qual foi o sermão feito pelo capelão, e qual a intenção dele? Era o golpismo, ele queria incentivar todos aqueles manifestantes na frente dos quarteis a perseguirem quem era oposição ao que defendiam na política. E o capelão, com muito ódio os inflamavam dizendo: "Matem os amalequitas, e estes eram pessoas ligadas Partido dos Trabalhadores e ao PSol (Informações do Link: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/video/homem-fardado-diz-que-vai-pegar-na-arma-e-ameca-matar-militantes-do-pt-e-do-psol-11134042.ghtml), tudo isso ele fez da leitura errada e descontextualizada de 1 Samuel 15:3, trajando farda, para dar um ar de autoridade, o sujeito pegou esse trecho do Antigo Testamento, leu e, conforme sua opinião pessoal e preferência política, utilizou-o para incentivar as pessoas a matarem aqueles que eram contra suas ideia e opiniões. Outros absurdos aconteceram com outros lideres.
Os excluídos saíram de alguns ministérios, porque foram excluídos previamente, sumariamente, sem que soubessem. Uns só perceberam essa exclusão depois, durante o processo eleitoral, outros nem não vão a esses cultos de apedrejamento em público e com plateias aplaudindo, porque sabem que o apedrejamento da "mulher adultera" ainda está em pleno funcionamento em algumas denominações, pra não generalizar. Tem pastores sérios, e alguns poucos ministérios mais sérios por ai.
A segunda parte de Mateus 25:41 ao 456, é claramente para aquele tipo de Cristão e Igreja, que se alinharam ao discurso moralista e elitista, aquele público religioso onde as mensagens ressaltam valores, não de salvação, mas de exclusão, como já foi dito mais acima. Essa segunda parte é uma referência ao Cristão-moralzão, para o pastor-moralzão e o irmão-moralzão. Essa palavra é para aquele típico religioso a moda farisaica fariseu e hipócrita. O cara que se acha justo, o crente e o pastor justão, a irmã justona, tão justona que a saia checa a mostrar as partes intimas enquanto canta. Pra não sabia, é para esse público que Jesus está falando, e é interessante, que quem começa a questionar a Jesus é justamente esse tipo de religioso que se sentia tão justo que ignorava os pobres, os oprimidos da época, exatamente os fariseus e os hipócritas. E Jesus lhes responde que, no dia do Juízo... Quem os verdadeiramente justos responderão:
"... 'Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber?"
Mas aí a resposta pra esse tipo de cristão e pra esse tipo de igreja será dura: 'Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos. Porém, à Igreja que não se deixou confundir pelo discurso político das elites e nem se vendeu por puro interesse no poder, privilégios e riqueza, mas exerceu a piedade de forma alinhada com os mais necessitados, o Justo Juiz responderá de maneira benevolente assim:
"Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;" (Mateus 25:34)
Os pastores que aqui fazem um discurso, que foge da proposta de salvação e reconciliação do homem com seu Criador, e que se alinharam ao discurso político em favor das elites, no cenário político atual, trocaram o Poder de Deus pelo poder secular, o "prato de lentilhas pela bênção de Jacó", aceitaram e aceitam a "oferta de Naamã" (Eliseu recusa os presentes de Naamã 2 Reis 5.15-19), quando o profeta lhe curou, muitos preferiram o "manjar do rei" aos legumes (Daniel 1:8-21), tudo isso porque se alinharam aos interesses políticos, e também, por terem como foco nas sua missão as riquezas. Saibam, que estes, como Jesus disse, já receberam seus galardões aqui na terra como está escrito em Mateus 6:17 a 21. , pois, mesmo sabendo que o nosso reino não é deste mundo e que somos embaixadores de um reino celestial, e que, estamos a serviço de um rei eterno, muitos destes, preferiram se alinhar politicamente aos poderosos que exploram o povo trabalhador e desprezam os pobres. O resultado só podia ser o que o Cristo aludiu ao final de seu sermão, em Mateus 25:46:
"E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna."