O Comércio da fé: uma visita ao templo religioso mais importante do Brasil

Ontem, eu visitei o principal templo religioso do Brasil, motivado por uma visita técnica de final de curso. Foi estarrecedor ver, observar e constatar, empiricamente, aquilo que eu já sabia e denunciava: o comércio inescrupuloso, asqueroso e abjeto da fé.

Na Basílica, tudo tinha fins comerciais. Simplesmente, tudo. Desde a caríssima entrada do estacionamento do magnífico templo até as inúmeras lojas comerciais de artigos religiosos espalhadas sobre a vasta área construída, além de dezenas de pontos de arrecadação de ofertas.

O famoso Santuário nada mais é que uma máquina de fazer dinheiro. Percebe-se, claramente, como a religião é e sempre foi um grande negócio. A arrecadação no local gera milhões e milhões de Reais, diariamente, e de muitos bilhões, anualmente.

Quatro constatações claras: a primeira é que a religião cristã não tem nada a ver com Jesus, absolutamente. É a sua antítese e a sua negação. As contradições com a mensagem e vida do Cristo chegam a ser estarrecedoras. Não perceber a gigantesca incoerência é uma prova inequívoca de analfabetismo bíblico e histórico ou de cegueira religiosa.

Numa segunda constatação, fica claro que a religião se baseia na tradição cultural e familiar de um povo repassada de geração em geração, como também da ignorância e do fanatismo misturado com crendices, misticismo e muita idolatria.

Entre as bugigangas e objetos religiosos comercializados ao redor do templo, se encontravam velas gigantes para queimá-las na “Capela das Velas”, garrafas de "água benta", milhares de estatuetas da padroeira com diferentes tamanhos e valores, parte do corpo humano feito em cera para ser levado à "Sala de Promessas" da Basílica, como cabeça, perna, pé, etc., além de terços, cordões e uma infinidade de produtos do mercado da fé. Parecia um megamercado com infindos produtos sendo comercializados, com as bençãos da classe sacerdotal e da igreja.

Como terceira constatação, o comércio religioso é formidável! Magnífico! Nunca vai acabar! A espoliação de pessoas das mais distintas classes sociais, gênero e idade vai prevalecer por milênios. Como bem disse Ed René Kivitz, "negociar a religião é melhor que vender drogas", até porque não há risco algum de ser preso e é muito fácil enganar em nome de Deus, com roupas sacerdotais e com a ilusão que determinados seres humanos possam ser porta-vozes da divindade, do Cristo ou de quaisquer entidades, ou santos, como Nossa Senhora.

Quarta constatação: como é que alguém estando naquele lugar ou em qualquer outro templo onde há clara e inequívoca exploração comercial da fé pode não perceber ou se atentar para o que ocorre, explicitamente, em seu entorno? A falta de senso crítico, conhecimento básico das escrituras, especialmente dos Evangelhos e Epístolas Paulinas, além de autonomia e sensatez, levam os seres humanos a negarem ou não perceberem o óbvio.

O "de graça recebeste e de graça dai" de Jesus não é praticado por seus supostos representantes na terra, os líderes religiosos e a sua suposta igreja (instituição que se reputa como tendo o monopólio da sua mensagem).

Mas, como bem nos alertou o apóstolo Pedro, em 2 Pedro 2:3: "E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita."

Já o apóstolo Paulo também nos advertia sobre o mesmo assunto em 1 Timóteo 6:10: "Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos."

A exploração nefasta da fé, o comércio inescrupuloso feito em nome de Deus, do Cristo, de Nossa Senhora ou de quaisquer divindades devem ser rechaçados, denunciados e vistos como algo vil e ignominioso. O que eu senti, durante as duas horas em que percorri, atentamente, o grande templo religioso, foi: asco, ojeriza e revolta.

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 17/10/2022
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