E vamos falar da visita do ex-presidente Lula ao Papa Francisco
Obs.: Esse artigo foi escrito no dia 15/02/2020, dois dias após a visita do ex-presidente Lula ao Papa Francisco, pretende elucidar aos propagandistas do ódio, discriminação e difamação em Redes Sociais, que é extremamente comum o pontífice receber autoridades políticas do mundo todo, independentemente de seu viés ideológico ou partido político. Todos os pontífices fizeram o mesmo.
Os bolsonaristas, tanto católicos como evangélicos, estão questionando: "Ah, o Papa Francisco recebeu o Lula em audiência, o que vamos fazer? É o fim?"
Vejo textos e postagens ofendendo tanto o ex-presidente quanto o Papa. É a primeira vez, na História, que vejo católicos terem uma postura crítica e até blasfema contra o sumo pontífice, não por que este tivesse cometido heresia, contradição teológica ou algum deslize moral, como muitos de seus antecessores fizeram no decorrer da História, e foram, por isso, acusados, sobretudo, entre os séculos XIV e XVI, pelos movimentos pré-reformistas e reformista, com Lutero, Calvino e outros líderes protestantes. Agora, a crítica ao Papa tem como pano de fundo o amor e a idolatria exacerbada e insana a um político, que os apoiadores o chamam de "Mito".
Tudo aquilo que contradiz, sejam críticas às suas falas discriminatórias, a seu projeto de governo, à sua política ambiental predatória ou ao seu desdém às nações indígenas são vistas, por seus seguidores apaixonados, como algo vil e ignominioso, mesmo que seja o Papa Francisco ou qualquer outro ser humano, o autor das censuras e das críticas.
Foi isso que ocorreu com o anúncio e, depois, com a visita do Lula a Francisco. Os aliados de Bolsonaro, mesmo católicos e as pessoas que não gostam do Lula -o que é normal; ninguém é obrigado ter apreço por todo mundo -, fizeram um verdadeiro alarde e mostraram indignação com a visita. Charges depreciativas e degradantes com textos humilhantes e inadmissíveis foram espalhados nas redes sociais. Demonstração de ódio e furor foram as marcas de tais manifestações e protestos.
O problema é que tais manifestações são provas de total ignorância do cargo do Papa nos dois sentidos: como chefe de Estado, do Vaticano e como líder supremo da Igreja Católica Apostólica Romana, que é a mais importante e influente religião cristã do mundo.
Vamos aos fatos!
Os papas sempre receberam muitas pessoas durante todos os dias de seus pontificados. Para isso, a pessoa não precisa de um atestado de pureza e idoneidade moral, não precisa sequer ser católica. E, mesmo que seja uma pessoa "pecadora pública", ou avessa à igreja não quer dizer que ela não deva ser recebida ou visitada pelo pontífice. Até líderes de outras religiões os papas visitaram.
Os ditos cristãos se esqueceram de que o Papa, como chefe de Estado, recebe, normalmente, estadistas e ex-estadistas no Vaticano, quando não os visita, em seus países. Isso é típico da sua função pública. Todos os papas fizeram isso! Visitaram e receberam visitas de reis, imperadores, presidentes, grandes personalidades, etc.
Como líder máximo da Igreja Romana, os papas têm a obrigação, ou deveriam ter, de agirem como Cristo agiu, de serem o espelho de Jesus na Terra; de serem a representação do amor, do carinho, da compaixão e do respeito aos seres humanos, como fora o mestre de Nazaré. Por conseguinte, se Francisco recebeu a visita de um "criminoso", "corrupto" e "malfeitor", ele só fez o que Jesus teria feito, pois, para ele, uma ovelha perdida e desgarrada vale muito; valia tanto que ele saía em meio à noite sombria e escura para achá-la e acolhê-la.
Essas pessoas que atacam o Papa Francisco são os fariseus, escribas e saduceus do período bíblico. São os religiosos de fachada denunciados por Jesus, por serem sepulcros caiados e hipócritas. Julgam-se melhores que os demais seres humanos e ainda dizem quem pode e quem não pode receber as boas novas do Evangelho e uma palavra de amor e conciliação do papa.
Não conhecem a Bíblia, nunca leram os evangelhos, ou pior, são seres humanos impenetráveis pela Boa Nova, são impermeáveis, sem consciência cristã e sem o espírito do evangelho! Além de esquecerem o mais importante: Jesus denunciava a postura hipócrita e supostamente santa dos religiosos e preferia viver entre prostitutas, criminosos e cobradores de impostos.
Tem católico que pensa estar defendendo a fé, no entanto, na verdade, está atacando, com sua ignorância, a própria fé, a Igreja e o Papa. Além de passar vergonha, é claro.
Hipócritas, compreendam o que Cristo quis ensinar quando disse: "Misericórdia quero e não sacrifício".
À medida que não compreenderem, Jesus continuará sendo este ser extraordinário, mas com um péssimo fã clube!
E Francisco não fez mais que seu papel de chefe de Estado e pastor de almas!