Quando o Improvável dá Certo: Uma Análise das ideias de Jesus
Depois de dois milênios de Cristianismo e de suas ideias dominarem o Ocidente, para nós parece naturalizado o pensamento cristão. Tantos os dogmas e tradições muitas vezes inventadas e transformadas ao longo dos séculos, como as ideias originárias dos Evangelhos.
Eu porém, ouso dizer, que não há nada mais absurdo e louco do que as palavras dos Evangelhos atribuídas a Jesus. Tanto hoje quanto na antiguidade, creio que no mundo antigo, eram bem mais impactantes e vistas como loucura.
Todo estudioso do Jesus Histórico e do Cristo da fé, deve admitir que Jesus foi a pessoa mais extraordinária da história, muitos filósofos e pensadores ateus admitem esse fato com imensa tranquilidade, mesmo não o considerando Filho de Deus e Deus encarnado. Isso não se deve apenas pela mudança ocorrida no calendário Gregoriano (cristão), que temos no Ocidente, que a história é dividida em antes e depois de Cristo, mas sobretudo, pela transformação e impacto de suas ideias.
O que torna Jesus tão peculiar e diferente de todos os líderes religiosos e profetas que o precederam, foi o impacto avassalador da mensagem que ele trazia, mensagem como disse, absurda, mas revolucionária.
A lógica que sempre perdurou no mundo era a da xenofobia (aversão e ojeriza aos estrangeiros), a lei em vigor em todo o Oriente Antigo e ao redor do mundo era a conhecida lei de Talião: “Olho por olho, dente por dente”, a lei da vingança. Essa lei está expressa no próprio Antigo Testamento e no famoso Código de Hamurabi, como o conhecido apedrejamento daqueles que eram pegos em fragrante adultério. Do cortar as mãos do ladrão e de assassinar os assassinos.
Jesus inverte essa lógica que satisfaz o ego humano, pois quando nos fazem mal, a primeira coisa que pensamos é em se vingar. Jesus propõe o absurdo de dar a outra face, para aqueles que nos feriram. Ele propõe amarmos os nossos inimigos e ainda orar por eles. Ele propõe devolvermos amor, oração e perdão para aqueles que nos fizeram o mal.
Pode existir uma proposta mais louca que essa, de amarmos os que nos ferem? Creio que não. De perdoarmos aqueles que maldosamente e conscientemente nos feriram? Creio que não! De orarmos por aqueles que nos perseguem e querem inescrupulosamente nosso mal? Também creio que não!
Jesus inverteu a lógica humana, legal, cultural e absolutamente natural nas relações sociais. E ele mesmo deu o exemplo maior que poderíamos inverter a lógica perversa e “natural” da vingança, que era o que vigorava em sua própria época e em toda história da humanidade. Na cruz ele olhou para seus algozes e carrascos e disse uma frase que deveria ser emoldurada: “Pai, perdoa-os porque não sabem o que fazem”.
O impacto das palavras e ações de Jesus foram tão imensas e marcantes que a maioria absoluta dos historiadores que pesquisam a história da poderosa Roma Antiga, o maior império já existente, afirmam categoricamente, que um dos principais motivos da Queda do Império foi o crescimento do cristianismo entre seus soldados e o impacto das palavras de Jesus, que pediam para amarmos nossos inimigos e orar por aqueles que nos perseguem. O império belicista e poderoso viu que seus soldados não queriam mais guerrear, pois a mensagem impactante de Jesus, mudara seu ser e transformara suas mais profundas convicções!
Hoje mesmo com toda a dificuldade de seguirmos e pormos em prática o que o mestre dos mestres falou e viveu. Vemos claramente no ocidente as mudanças trazidas por essa mensagem. Por exemplo, a compaixão que damos aos malfeitores, quando dizemos e defendemos que o assassino, o ladrão e o violador, mesmo preso deve ser tratado com dignidade. As leis foram se flexibilizando e tornando-se mais amenas. Saímos da lei da vingança e estamos passando para a lei da justiça com dignidade ao transgressor.
É notório que mesmo em nossos dias as palavras de Jesus sejam quase que impraticáveis para a maioria absoluta dos seres humanos, inclusive por cristãos. Mas cada vez que não cumprimos tais ordenanças deixadas por ele, pois deixamos prevalecer a lei da vingança em nossos atos, mas só no fato de pararmos e pensarmos que deveríamos agir diferente, conforme o Mestre, já comprova que Jesus foi o Cara. O maior ser humano que já existiu!
Obs.: Esse artigo estará no meu 4º livro "Reflexões de um observador III Ensaios sobre Deus, Religiões e Espiritualidade", com previsão de lançamento em setembro!