Por que Protestantes e Evangélicos não são o mesmo grupo ?

Os protestantes históricos, os chamados cristãos reformados ao chegarem no Brasil no século XIX, usaram o termo evangélico para se diferenciarem dos católicos brasileiros e se dizerem baseados unicamente nas escrituras, não na tradição, em concílios e em papas.

No anos 1960 e 1970 toma força no Brasil o movimento pentecostal e suas vertentes, os neopentecostais. E esses novos grupos, assim como, os cristãos evangélicos carismáticos, que surgem a partir da década de 1980, utilizam o mesmo nome dos protestantes históricos para se definirem: o termo “Cristão Evangélico”, também chamados pejorativamente de “crentes”. Todavia, nada possuem de semelhança esses novos grupos com os cristãos reformados oriundos da Reforma Protestante que foram os primeiros a chegarem aqui para fazerem missão.

O educador e teólogo Rubens Alves em seu Livro: Religião e Repressão sinaliza algumas diferenças entre esses dois seguimentos. São elas:

1) Na teologia católica e protestante, a crença no inferno é imprescindível, toda a teologia desses dois grupos, sobretudo, em relação a moral e ética está permeada dessa crença; na teologia pentecostal e neopentecostal, principalmente, a crença no inferno não é imprescindível, por conta da sua teologia ter a terra por base, não o mundo vindouro, por isso a ênfase na teologia da prosperidade e nos milagres, ou seja, para esse segundo grupo, interessa muito mais a vida nessa terra do que um paraíso vindouro ou uma condenação eterna, só lembrando que Paulo já criticava essa postura ao dizer: "Se esperarmos em Deus somente nessa terra, somos os mais miseráveis de todos os homens.

2) Os protestantes históricos, ao chegarem no Brasil no século XIX, usaram a nomenclatura evangélicos para se diferenciarem dos católicos, querendo dizer que eles são baseados unicamente nas escrituras, enquanto os cristãos de Roma, nas escrituras, nas tradições eclesiásticas e bulas papais. Porém, na década 60 do século passado surge no Brasil o movimento evangélico com toda força, e também utilizando a mesma nomenclatura usada pelos protestantes, por isso há essa confusão de chamar evangélicos (pentecostais e neopentecostais) de protestantes (igrejas históricas surgidas no século XVI, oriunda dos reformadores).

Além desses pontos, colocados por Rubens Alves, eu acrescentaria, os seguintes:

3) O culto protestante é extremamente racional. Eles cantam muito pouco pois a ênfase de seus cultos é a pregação. O pregador anuncia antecipadamente (normalmente) o tema da sua homilia e os cânticos são entoados tendo o sermão como ápice. Enquanto os pentecostais e neopentecostais, cantam normalmente mais de uma hora e não dão o mesmo valor a pregação da palavra. Além da nítida ênfase no emocionalismo, jargões, frases de efeitos e mensagens estilo autoajuda.

4) A maior prova que evangélico não é protestante está no fato desse segmento desconhecer a história do protestantismo e seus principais reformadores. Não sabem quem foram Lutero, Zwinglio, Calvino e Henrique VIII. Não conhecem também os pré-reformadores como John Huss, Savonarola e John Wycliffe. Muito menos os grandes avivalistas como Jonathan Edwards , C. H. Spurgeon, John Wesley dentre outros.

Obs: Protestantes: Igrejas Históricas

Evangélicos: Pentecostais, Neopentecostais e Carismáticos

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 27/04/2020
Reeditado em 27/04/2020
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