O período Intertestamentário ou interbíblico
Muita gente não sabe e desconhece o contexto histórico-cultural anterior ao nascimento de Jesus. Como não fazem a mínima ideia do período chamado de intertestamentário, que é o período histórico do fim do Velho Testamento, ou do último livro do cânon das escrituras hebraicas, até o nascimento de Cristo, no período do imperador Augusto, conhecido também como Caesar Augustus (o nome completo era Gaio Júlio César Otaviano).
Na narrativa bíblica passaram-se pouco mais de quatrocentos anos entre a época de Neemias (quando o livro de Malaquias foi escrito) e o nascimento de Cristo (aproximadamente 433 – 5 a.C.).
Esse período interbíblico ou intertestamentário é descrito por muitos de “período do silêncio”, o que pra mim é um grave erro. Primeiro, porque nós seres humanos não temos esse poder de dizer que Deus estava em silêncio ou que tivesse se calado.
Segundo, que inúmeros acontecimentos históricos ocorreram nesse tempo, inclusive dezenas de livros do judaísmo, como os dois livros de Macabeus, que são importantes fontes históricas do período e outros escritos que não foram canonizados por judeus e protestantes por serem escritos em grego. Mas eles fazem parte da Bíblia Católica e são chamados de “Livros Apócrifos”.
Livros apócrifos são obras religiosas destituídas de autoridade canônica. Que normalmente utilizam-se de pseudoepígrafos, nomes de autores falsos, como por exemplo o Livro de Sabedoria de Salomão ou Eclesiástico, são livros que usam o nome de Salomão, filho do rei Davi, ou semelhança com outro livro atribuído a Salomão, o Eclesiastes, para conferir autoridade ao livro. Mas a sua autoria é falsa. Ou seja, Salomão não escreveu esses livros.
Isso também ocorreu com os livros canônicos do Novo Testamento, como o Evangelho de Mateus, erroneamente atribuído ao apóstolo de mesmo nome, esse Evangelho como os demais são anônimos e a autoria é dada no século II e III d. C., enquanto os textos foram escritos no século I, somente o Evangelho de João no início do segundo século.
Algumas epístolas atribuídas ao Apóstolo Paulo, que são cartas anônimas (sem nome do autor) até hoje geram discussões entre os eruditos sobre suas autorias e a Epístola aos Hebreus, que até hoje não tem um autor específico. Só as Testemunhas de Jeová que erradamente atribuem essa carta a Paulo. Mas Paulo não pode ser seu autor, pois as 13 cartas atribuídas ao apóstolo foram escritas no grego koiné, enquanto o autor de Hebreus escreve a sua com grego clássico.
Foi durante esse tempo que surge a figura de Alexandre Magno (o Grande), que conquista parte da Palestina e a conquista não impondo a força e oprimindo seus conquistados, mas tentando ser simpático com os povos conquistados. Casa-se com mulheres, mescla religião e o mais importante cria uma cultura com valores gregos: língua, estética e cultura.
Com isso, toda a Palestina se vê obrigada a falar grego que se tornar o inglês da época. Até o Velho Testamento é traduzindo para o grego, a Septuaginta, que reza a lenda que o rei Ptolomeu II, pediu a 70 anciões do povo hebreu para fazer a tradução, quando os mesmo trouxeram seus escritos todos estavam idênticos.
Mas o importante desse período chamado helenismo, foi que ele deu a base para a divulgação do evangelho e dos escritos cristãos em uma única língua e que todos a compreendiam, o Grego. Isso facilitou e muito a propagação do Evangelho entre os chamados gentios.
E foi por essa razão que todo o Novo Testamento, seus 27 livros e outros escritos não canonizados, serem escritos em grego.
Foi como se Deus preparasse o mundo e a cultura para o advento do cristianismo e o nascimento do messias.
O processo de helenização do mundo iniciado por Alexandre e continuado por seus sucessores, fez com que o mundo antigo na Palestina estivesse propício a Cristo. O período interbíblico ou intertestamentário nunca foi um período de silêncio, mas de preparação da Boa Nova.